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Contos-->AS SAPAS IRADAS -- 01/03/2006 - 12:08 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
AS SAPAS IRADAS

Fernando Zocca

(Catimba de invejoso é coaxo de sapa)

Em Tupinambicas das Linhas, naquele tempo que reinava a ignomínia do Jarbas, o testudo caquético, quase todos sabiam que a agência dos correios estava sujeita a certas influências políticas danosas. A instituição não conseguia cumprir a mais elementar função que era a de entregar míseras cartas.
A danação funcional era tão notória que até virou tema dum debate na emissora de rádio local.
No famoso bar Eflúvios da tia Cris, naquela manhã ensolarada de segunda-feira, a rádio transmitia a contenda ao vivo. O programa tentava mostrar à coletividade aquele tipo de degenerescência que principiava a corroer as entranhas da entidade.
Narcíseo M. Artelo chegou cedo ao boteco.Tinha tomado seu banho matinal, barbeado-se mas o rubor da face e o tremor das mãos denotavam certa cefaléia e fraqueza.
Havia no ambiente bastante desânimo. Tia Cris dizia-se cansada de tanto trabalhar e no final amealhar mais promessas de pagamento do que verdadeiros lucros palpáveis.
Enquanto M. Artelo ingeria seu gole matinal ingressou, com alguma lerdeza, no ambiente escuro o não menos famoso Edgar D. Nal, vizinho mais antigo do botequim. As moscas que voejavam pelo chão e balcão trataram logo de assentar no cocuruto do biriteiro. Sem tardança ele foi servido com sua pinguinha costumeira.
De repente, M. Artelo sacou de um recipiente plástico uma garrafa de 600 ml e um copo americano; entornou nele a gasolina e sob os olhares de espanto da tia Cris e do D. Nal, passou a bater com ele entre os olhos, acima do nariz.
Quando Edgar D. Nal perguntou-lhe o que fazia, Narcíseo respondeu: "Mandaram testar esse combustível." E antes que o enxotassem do bar, arrematou: "Preciso garantir a caninha do dia. Eu ainda num tô lôco."
Tia Cris abestalhada lembrou-se da sua avó que ao confundir Jovem Guarda com jovem gorda, interação com internação, pedia-lhe, todo dia, que a levassem à TV Record para assistir ao show da Emilinha Borba.
Enquanto todos permaneciam estáticos, embasbacados, Biringeli boca-de-porco e Zé Lagarto entraram suados no botequim. Boca-de-porco aproximou-se do Edgar D. Nal e, olhando-o fixamente nos olhos disse-lhe: "Eu sou doente mental". Logo em seguida sacou um telefone celular e simulando conversação, acendeu um cigarro, pedindo então sua pinga.
Zé Lagarto caminhou até o balcão e tirando da cintura uma placa retangular de Duratex mostrou-a à tia Cris. Na madeira, com o fundo branco e letras azuis havia a inscrição: dePUTAdo.
Confusa e ruborizada, não sabendo se estava sendo agredida ou o quê, tia Cris quase teve um chilique.
Lá de cima na prateleira, no rádio, depois do final da questão da corrupção nos correios, o locutor anunciava a apresentação do grupo João Sapo e suas pererecas amestradas.
Tia Cris, desconsolada passou um guardanapo na testa enxugando o suor e, considerando que naquele bairro afastado da cidade, as pessoas não liam jornais, quase não ouviam rádio, ou assistiam a TV, ficando na rua, atentas às ocorrências na vizinhança, o coaxar das sapas até que podia ser uma atividade distrativa.


Em construção o site
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