Há meses ensaio pegar a caneta para escrever esse texto, creio que o sucesso, embora modesto, do texto anterior tenha me deixado temerosa em não corresponder as minhas próprias expectativas ao escrever o segundo. Contudo, quando se ama escrever, um dia não se consegue mais dar desculpas a si mesma, e derrepente, em meio a uma série de tarefas a serem realizadas, num daqueles dias que a última coisa que você pensaria em fazer é aquilo que gosta, tamanha as dimensões das coisas que precisam ser feitas, você simplesmente joga tudo pro alto e pega a caneta, (cá entre nós, de um modo não tão romântico, senta-se em frente ao computador), e começa soltar todos os seus sentimentos em forma de letrinhas, que vão eternizando aquele momento.
Hoje estive pensando sobre "my life". Tantas foram as coisas que já aconteceram em minha pequenina vida. Dizem que nos momentos que antecedem a nossa morte, passa diante dos nossos olhos, um filme retratando os fatos que mais nos marcaram.
Se hoje, a indesejada das gentes a mim se apresentasse, o que seria retratado no meu pequeno filme? Com certeza muitos achariam que estariam lá os meus grandes momentos; que não são muitos, nem tão grandes assim, como a aprovação no vestibular, a formatura, a morte do meu pai ... entretanto, em sendo jovem, os grandes acontecimentos de minha vida, ainda não ensejariam um filme de porte, então continua a procura por outros momentos dignos de serem relembrados nos meus últimos cinco minutos.
Retornei à minha infância, as cócegas do meu pai até eu quase desmaiar de tanto rir, lembrei das botas de bombeiro dos meus irmãos que eu nunca consegui convencê-los a trocar por minha melissinha, das aulas de educação física que eu odiava, de Poliana, Meu pé de laranja Lima, entre tantos outros que me fizeram a gostar de ler, da sessão da tarde...
E fui lembrando, e lembrando, e passei assim, quase o dia todo sem que chegasse sequer perto do dia de hoje. Passei pela adolescência, os primeiros conflitos amorosos, a juventude, os verdadeiros amigos, aquela chuva de verão que me pegava com certo prazer ao voltar das aulas, a difícil época do vestibular, a simplicidade do meu pai abrindo mão dos seus sonhos para que eu pudesse viver os meus... acabei concluído que nunca saberia o que realmente passaria em meu "já não tão pequeno" filme; mas, acho pouco provável que aqueles momentos, que visto por quem olha de fora, seriam os mais importantes, estivessem lá como os principais momentos, poderiam até estar presentes, mas como momentos coadjuvantes, pois eles, foram apenas resultados de outros tantos momentos que me trouxeram esperança, me impulsionaram a lutar, e me fizeram assim, feliz.