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Contos-->A MANGUEIRA E O MONJOLO -- 09/03/2006 - 09:27 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A MANGUEIRA E O MONJOLO

Fernando Zocca

"Só se é feliz na recordação" (Peter Kramer)


Van Grogue antes mesmo de saber do falecimento da inesquecível tia Cris caminhava cabisbaixo, naquela manhã, rumo ao adorado bar Eflúvios. A luz do alvorecer não produzia sombras e a aragem causava-lhe um bem estar maneiro.
Ele tirou do maço de cigarros o derradeiro e, amassando a embalagem lançou-a longe. Do bolso da calça velha-desbotada sacou o isqueiro e, parando para não pisar nalgum montículo de excremento de cachorro rueiro, acendeu o pito.
A tragada profunda causou-lhe a tosse. Ele lembrou-se da figura cancerosa impressa no maço. Será mesmo que era verdade? Ele conhecia médicos que por uma vintena de anos mantiveram sob tratamento, com anticonvulsivantes, pessoas que nunca sofreram um ataque sequer de epilepsia. Nem mesmo do pequeno mal se podia afirmar ter o infeliz sofrido. Como poderia crer em doutores e ministros da saúde?
Van notou que a porta do boteco estava fechada; colada nela havia uma folha de papel onde se lia: "Fechado por luto". Como não tinha para onde ir, sentou-se à entrada. Ele não poderia jamais imaginar que tia Cris tivesse morrido.
De repente, igual a televisor de pobre, com mau contato na antena, sujeito aos ventos lá de cima, algumas lembranças surgiam-lhe e se apagavam rapidamente na consciência.
Grogue viu-se ainda menino quando freqüentava a casa de uma tia materna, residente na periferia. O filho dela, primo do Grogue, queria fazer um monjolo que vira num livro de crianças. Com taquaras e paus toscos improvisou o engenho rústico.
Bravo por não saber como conduzir a água para acionar o mecanismo, o primo do Grogue tascou nele alguns croques fortes. O burro miúdo intimidado pelo tamanho do iroso afastou-se indo queixar-se à tia. Esta, deu plena razão ao filho; ela não era boba.
Ressentido Van ao invés de declarar guerra ao malvado (Van estava numa casa que não era sua, e aquela mãe zelosa que lavava pratos na cozinha, resmungando sons inaudíveis, não era a dele), resolveu aderir ao projeto do forçudo sugerindo-lhe que usasse uma mangueira de borracha, enrolada ali no canto da parede, para levar a água até a engenhoca.
O atleta desdenhou a idéia, mas disfarçando, depois de algum tempo usou a informação.
Não é preciso dizer que o fracasso do projeto por falta de articulação e mobilidade das partes que deveriam ser móveis, derreou ainda mais o moço brabo.
Alguém bateu nas costas do Van. Ele ergueu a cabeça e viu Edgar D. Nal que chegava acompanhado por Narcíseo M. Artelo. A dupla afirmou em uníssono que vinha do enterro da finada tia Cris.
Van Grogue ante a perspectiva de perder as oportunidades de ingesta das suas mamãe-de-luana, viu-se triste. Depois de alguns minutos ele já confundia crash com creche e Mônica com cônica.
Edgar D. Nal disse ter ouvido um irmão da tia Cris afirmar que dos bens deixados por ela, "não queria nada". Narcíseo mostrando sua inteligência rara respondeu: "Quando ele diz que não quer nada, na verdade afirma querer tudo. Ele nega a negação."
Grogue confuso não tinha palavras para comentar as ocorrências. Lembrou-se, muito vagamente, dum acidente em que os dois presentes ali na sua frente protagonizaram: num Fiat 147 amarelo Edgar D. Nal, vendo tudo do jeito que vêem os bêbados, numa estrada, à noite, puxou o volante das mãos do M. Artelo. O carro capotou causando muito susto, prejuízo e confusão à família atrapalhada.
Sem dizer qualquer palavra Van Grogue pediu, com gestos, ao D. Nal um cigarro. Reclamando também o fogo, saiu ranzinza, maldizendo a abstinência.
Narcíseo olhou-o pelas costas e comentando sobre aquelas impressões perguntou ao D. Nal: "Não parece um dragão verde boca-de-porco banguela e fumante?" Edgar respondeu: "Dizem que a capacidade prejudicial que tem o hálito dele é suficiente para, numa baforada, exterminar um formigueiro."
Narcíseo M. Artelo então achou a causa do tremendo banzé-de-cuia vivido por Van Grogue e Giovina Antomela, no clube na terça-feira gorda de carnaval.
Todos viram o quanto ela esbravejou com ele. Todos ouviram as palavras ríspidas ditas por ela ao pobre que, combalido e vexado, tentava enfiar a cabeça debaixo da mesa.

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