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Humor-->ENTREVISTAS (original e clonada) -- 13/11/2003 - 19:16 (Walter Del Picchia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
ENTREVISTAS (original e clonada)

A) ÍNTEGRA DA ENTREVISTA DO SR. CAMARÃO AO JORNAL “VALOR ECONÔMICO”, NO DIA 28/02/2002. Original em: (http://www.valor.com.br/valoreconomico/materia.asp?id=1093526) e

B) ÍNTEGRA DA ENTREVISTA CLONADA DO “O CLONE” PARA O JORNAL “O TROCO”
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A) Eleições terão teste para o voto impresso (por Françoise Terzian, para o Valor - São Paulo).

O modelo brasileiro de votação eletrônica já serviu de exemplo para países de primeiro mundo. Mas isso não faz o secretário de Informática do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Paulo César Behring Camarão, baixar a guarda. Principalmente em ano de eleição para presidente, governadores, senadores, deputados federais e estaduais.

Considerado um dos principais mentores do voto informatizado, Camarão está envolvido no projeto das urnas eletrônicas desde a época em que o papel reinava nas seções eleitorais. Trabalhando com tecnologia para o governo há mais de três décadas, esse profissional de 59 anos já atuou em diferentes órgãos como o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) e o Ministério da Fazenda, onde foi coordenador-geral de modernização em informática.

Com formação em Física e Análise de Sistemas, Camarão foi o escolhido para garantir o bom funcionamento e a segurança das urnas eletrônicas no dia da votação. Para isso, ele chefia uma equipe de 180 funcionários que cuidam não só do voto eletrônico, mas também de toda a parte de informática da Justiça Eleitoral brasileira.

Para falar sobre as eleições de 2002, as mudanças no sistema de votação, a compra de novas urnas eletrônicas e a questão da segurança, Camarão concedeu a seguinte entrevista:

Valor: O que vai mudar na votação das eleições de 2002?
Paulo César Behring Camarão: Nós vamos adquirir 51 mil novas urnas, totalizando agora 405 mil urnas. O objetivo da compra desses novos equipamentos foi aumentar e melhorar a nossa reserva técnica, no caso da quebra de alguma urna em municípios pequenos e de difícil acesso e também para servir como terminais secundários em seções com mais de 500 eleitores, cuja função é agilizar o voto e evitar filas.

Valor: A compra de impressoras para trabalhar com as urnas eletrônicas está confirmada?
Camarão: Sim. No final de dezembro, o Congresso aprovou um projeto de lei do senador Roberto Requião (PMDB-PR). Segundo a lei, em 2004, as urnas eletrônicas deverão ter uma impressora externa, cujo objetivo é imprimir o voto. Apesar de a lei não obrigar, a partir deste ano, nós já estaremos testando 23 mil impressoras em 21 mil seções eleitorais (elas serão usadas em Sergipe, no Distrito Federal e em três municípios de cada Estado).

Valor: Como as impressoras vão funcionar exatamente?
Camarão: Depois que o eleitor votar nos candidatos de cada categoria, ele verá, antes da confirmação final e por meio de uma lente acoplada à urna eletrônica, como ficarão seus votos. Assim que ele apertar a tecla de confirmação, o papel da votação cairá dentro de uma segunda urna.

Valor: Qual a necessidade de se imprimir o voto?
Camarão: Quem votou no projeto acredita que o papel vai servir como segurança, no caso de ocorrer algum problema com a urna ou se for necessária a recontagem de alguns votos.

Valor: O que o senhor acha do uso das impressoras?
Camarão: Uma redundância desnecessária, uma vez que hoje existem métodos de auditoria muito mais sofisticados.

Valor: A implantação das urnas não vai trazer mais trabalho para o senhor e sua equipe?
Camarão: Certamente nós teremos muito mais trabalho. Porém, quem decide é o Congresso.

Valor: Quais serão os custos com a compra dessas impressoras?
Camarão: Uma urna eletrônica custa cerca de US$ 400. Só a impressora custa em média aproximadamente US$ 100.

Valor: Quem foram as empresas participantes da licitação para o fornecimento das 51 mil urnas e das 23 mil impressoras?
Camarão: As duas concorrentes foram a Unisys (para fornecer os equipamentos, o serviço e o suporte técnico, ela apresentou proposta de R$ 97 milhões) e a Procomp (proposta de R$ 107 milhões). Desta vez, a vencedora foi a Unisys.

Valor: Qual a chance de se fraudar uma urna?
Camarão: É impossível. As urnas eletrônicas ficam guardadas em tribunais, lugares alugados e cartórios eleitorais. Não tem como gravar votos na memória de uma urna. O arquivo gerado é protegido, tendo sempre dois meios de armazenamento.

Valor: O que aconteceu com as urnas utilizadas nas ultimas eleições? Ocorreram deteriorações ou perdas?
Camarão: Sofremos perda de menos de 1% das urnas. Elas são usadas permanentemente em eleições não oficiais, como, por exemplo, a votação para o reitor da Universidade de Brasília ou para a direção das escolas publicas no Ceará e Mato Grosso. No total, as urnas brasileiras já foram usadas em mais de 150 eleições não oficiais. Emprestamos também os equipamentos para sete municípios paraguaios durante suas eleições municipais.

Valor: O TSE cobra algum aluguel pelo uso das urnas?
Camarão: Na verdade, não gastamos nem lucramos com isso, apenas cooperamos. No caso das eleições paraguaias, por exemplo, eles pagaram o transporte das urnas, o seguro e a viagem dos técnicos para ensinar a mexer com os equipamentos.

Valor: Mas quem desenvolveu o software e a interface da urna para os eleitores paraguaios votarem?
Camarão: Fomos nós. A OEA e a ONU querem fazer um convênio para que seus países membros utilizem as urnas brasileiras.

Valor: Se o serviço não é cobrado, qual a vantagem de se emprestar as urnas brasileiras para o exterior?
Camarão: Politicamente, isto é muito importante tanto para firmar o nome do país lá fora quanto para mostrar que o Brasil é um país evoluído em tecnologia.

Valor: Qual o investimento feito até hoje pelo governo brasileiro com as urnas eletrônicas?
Camarão: Entre hardware e software, o país investiu cerca de R$ 400 milhões de 1996 até hoje. Com as urnas, se evitou a apuração do voto que durava dias e contava com a ajuda de cerca de 250 mil pessoas. Acabamos também com aquele problema da recontagem. Hoje, em poucas horas mais de 90% dos votos já são apurados. O que mais demora é chegar aos lugares mais distantes para retirar o disquete da urna e fazer a leitura dos votos.

Valor: Tecnologicamente, quais foram as dificuldades que surgiram durante a evolução da votação do papel para a forma eletrônica?
Camarão: Fizemos uma busca de tudo o que existia no mundo, para ver se algum modelo utilizado no exterior poderia ser aproveitado aqui no Brasil. Como não achamos nada que se adequasse à nossa geografia e diversidade social, desenvolvemos nossa própria urna com o intuito de torná-la de fácil manuseio.

Valor: Como profissional responsável pelo bom funcionamento das urnas no dia da votação, qual é seu grande desafio?
Camarão: Fazer com que, no dia da eleição, tudo aconteça de forma correta e em tempo.

Valor: Qual foi sua grande conquista de 2001?
Camarão: Ter planejado as eleições com toda a antecedência.

Valor: Quais são as vantagens e desvantagens de trabalhar para o governo?
Camarão: É muito bom trabalhar para o governo no Brasil. Aqui, os investimentos em tecnologia têm evoluído desde a década de 90, como é o caso da Receita Federal, do Serpro, das universidades e das informações repassadas ao cidadão via internet. A modernização está atingindo os poderes Executivo e Legislativo.

Valor: Quais são as outras responsabilidades da área de informática do TSE?
Camarão: Cuidamos de toda a estrutura da Justiça Eleitoral do país, o que inclui 2.860 cartórios eleitorais, além dos tribunais regionais e do TSE. Temos uma rede proprietária, 100 máquinas RISC (da HP e Compaq) distribuídas pelo TSE e 27 TREs, além de 18 mil micros instalados pelos TREs e pelas zonas eleitorais. A verba anual de manutenção de tudo isso é de R$ 40 milhões.

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B) Íntegra da entrevista do “O Clone” ao jornal “O Troco” (por Walter Del Picchia - São Paulo)


O clone do Sr. Camarão, o Sr. Decápode, concedeu-nos um clone da entrevista que o original concedeu ao jornal Valor Econômico em 28/02/2002 (Fórum do voto-e, www.votoseguro.org - Arquivo - 01/03/2002). As perguntas são as mesmas. As diferenças entre as respostas devem-se ao fato de que, por uma degeneração genética no processo de clonagem, o gene da sinceridade foi ativado e, em contrapartida, desativou-se o gene da demagogia. Eis a entrevista de O Clone:

O Troco: O que vai mudar na votação das eleições de 2002?
O Clone: Nós vamos adquirir 51 mil novas urnas. A urna é 100% segura.

O Troco: A compra de impressoras para trabalhar com as urnas eletrônicas está confirmada?
O Clone: Sim. No final de dezembro, o Congresso deformou, por nossa orientação, o Projeto de lei dos Senadores Requião/Tuma, resultando na Lei Jobim. Segundo essa lei, em 2004, as urnas eletrônicas deverão ter uma impressora externa, cujo objetivo é imprimir o voto e calar a boca de um pessoal chato que não para de pegar no meu pé. Apesar de a lei não obrigar, por mera liberalidade nossa, a partir deste ano já estaremos testando 23 mil impressoras. Espero provar que esta bobagem de impressão só serve para aumentar a confiabilidade da eleição, isto é, não serve para nada! A urna é 100% segura.

O Troco: Como as impressoras vão funcionar exatamente?
O Clone: Imprimindo, ora.. (Pergunta cretina, resposta cretina!). Para ser franco, espero que não funcionem, para calar a boca desse pessoal chato que não tem mais o que fazer, pois a urna é 100% segura.

O Troco: Qual a necessidade de se imprimir o voto?
O Clone: Nenhuma! As bestas que votaram no projeto acreditam que o papel vai servir como segurança, no caso de outras bestas pedirem recontagem de votos. Por que e para que? A urna é 100% segura.

O Troco: O que o senhor acha do uso das impressoras?
O Clone: Uma redundância desnecessária (aliás, toda redundância devia ser desnecessária, fora os casos em que ela é necessária... ô meu, essa pergunta não estava na lista de perguntas que eu lhe dei), uma vez que hoje existem métodos de auditoria muito mais sofisticados. Não vou perder tempo falando quais, principalmente porque eu também desconheço, acho desnecessário e inventei essa resposta agora mesmo. Só sei que a urna é 100% segura.

O Troco: A implantação das urnas não vai trazer mais trabalho para o senhor e sua equipe?
O Clone: Certamente nós teremos muito mais trabalho (esse pessoalzinho chato me paga). Porém, quem legisla, executa, julga, infringe, recebe as reclamações e se absolve é o TSE, que pressiona (com sucesso) o Congresso quando esse tem alguma veleidade idiota e tenta legislar com seriedade em nossa área. A urna é 100% segura.

O Troco: Quais serão os custos com a compra dessas impressoras?
O Clone: Um baita custo desnecessário, pois a urna é 100% segura.

O Troco: Qual a chance de se fraudar uma urna?
O Clone: Para os de fora é impossível, embora se afirme que já o fizeram. Quanto a ataque interno, como o do Painel do Senado, eu garanto que eu e meus 180 funcionários somos à toda prova. Conheço todos, tem família, RG, pagam CPMF, boa cara, são limpinhos. E quanto aos ocupantes futuros de nossos cargos, é pura maldade tantos cuidados: o simples fato de sentarem em nossas cadeiras, por um efeito osmótico, os torna 100% honestos, como a urna, que é 100% segura.

O Troco: O que aconteceu com as urnas utilizadas nas ultimas eleições? Ocorreram deteriorações ou perdas?
O Clone: Sofremos perda de menos de 1% das urnas. Em alguns lugares pensaram que fosse caixa bancária e não devolveram. Elas são usadas em eleições oficiais e não oficiais. Embora a urna permita regular-se a fidelidade do resultado e identificar o voto, dou-lhe minha palavra (se você crê em Deus, por que não acreditaria em mim?) que até agora todas as eleições foram honestíssimas e que a urna é 100% segura.

O Troco: O TSE cobra algum aluguel pelo uso das urnas?
O Clone: Na verdade, não gastamos nem lucramos com isso, só temos benefícios indiretos, mas mostramos que, diferentemente desses chatos, há pessoas bondosas e puras que confiam na gente... (choro discreto). E podem confiar, pois a urna é 100% segura.

O Troco: Mas quem desenvolveu o software e a interface da urna para os eleitores paraguaios votarem?
O Clone: Fomos nós. A OEA e a ONU querem fazer um convênio para que seus países membros utilizem as urnas brasileiras. Em futuro próximo estenderemos o convênio para o Sistema Solar, e, em futuro mais distante, para a Galáxia. Para o Universo todo vai demorar um pouquinho mais. Ainda ganho o Prêmio Nobel! Eles perceberam que a urna é 100% segura.

O Troco: Se o serviço não é cobrado, qual a vantagem de se emprestar as urnas brasileiras para o exterior?
O Clone: Politicamente, isto é muito importante, tanto para enrolar os incautos lá de fora quanto para mostrar que o Brasil é um país evoluído em tecnologia (embora esses chatos vivam provando que somos atrasados em segurança de eleições). Conversa, pois a urna é 100% segura.

O Troco: Qual o investimento feito até hoje pelo governo brasileiro com as urnas eletrônicas?
O Clone: O país investiu cerca de R$ 400 milhões. Ignoro se alguém ganhou comissões, mas tenho certeza que não. Com as urnas, evitou-se a apuração do voto que durava dias e contava com a ajuda de cerca de 250 mil pessoas. Acabamos com aquele problema da recontagem. Utilizamos o Princípio da Complicação Mínima: "Se algo te incomoda, suprima-o". Estamos em boa companhia, pois esse é o princípio que Hitler usou contra o povo judeu, e Israel está utilizando contra os palestinos. Hoje, em poucas horas mais de 90% dos votos já são apurados e é impossível conferi-los; esses chatos falam que o resultado não é confiável, mas é só a palavra de uma centena de especialistas contra a minha. Pois eu falo que a urna é 100% segura.

O Troco: Tecnologicamente, quais foram as dificuldades que surgiram durante a evolução da votação do papel para a forma eletrônica?
O Clone: Fizemos uma busca de tudo o que existia no mundo, para ver se algum modelo utilizado no exterior poderia ser fajutado aqui no Brasil. Como não achamos nada que se adequasse aos nossos interesses, chupamos nossa própria urna com o intuito de torná-la de fácil manuseio (para nós, tal critério é mais que suficiente; fidelidade ao voto é coisa de viado). É claro que tivemos que sacrificar algumas coisinhas, mas esses chatos não entendem que a urna é 100% segura.

O Troco: Como profissional responsável pelo bom funcionamento das urnas no dia da votação, qual é seu grande desafio?
O Clone: Calar a boca desses chatos que não entendem que a urna é 100% segura.

O Troco: Qual foi sua grande conquista de 2001?
O Clone: Aquela vizin... Que indiscrição, meu! Pulo (mas a urna é 100% segura).

O Troco: Quais são as vantagens e desvantagens de trabalhar para o governo?
O Clone: Primeiro a desvantagem: a mãe da gente fica de orelha quente. Mas é muito bom trabalhar para o governo no Brasil, especialmente no Judiciário (melhor ainda em eleições, só não sei para que tantas) e no Legislativo. Não é como no Executivo, que exige muito mais e paga muito menos. Depois, anda-se diariamente com pessoas importantes que acreditam na gente, e isso massageia nosso ego. Não fossem esses chatos que vivem pegando no meu pé... (lágrimas discretas), poderia até dizer que sou feliz... (sorriso final).

AVISO: Esta entrevista clonada é fictícia. Qualquer semelhança com pessoas (ainda de pé ou já enterradas), entidades e dispositivos (eletrônicos ou não) é mera coincidência. Quanto à entrevista original, gostaríamos que também fosse fictícia, pois é difícil acreditar que estes fatos estejam ocorrendo, e bem aqui!
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Comentário sobre a entrevista de O Clone:

Walter, 02/03/2002

Acabo de receber um telefonema da Gloria Perez te convidando para trabalhar com ela no time de redatores da novela das oito. Ela ficou estupefata com a sua criatividade!
Você corre o risco de acabar trabalhando no Jornal Nacional, dada a sua habilidade em criar novas versões para fatos ocorridos.
Às vezes a realidade consegue ser mais absurda que a ficção. A gente precisava de uma destas pra descontrair o fígado...

Um abraço,

Paulo Gustavo Sampaio Andrade
Teresina

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Paulo 02/03/2002

Obrigado pelo incentivo.
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Ironia também é cultura. Demole e diverte. Às vezes é mais eficiente que um exército. Depois que li o Lagostinha, não resisti; sentei e saiu na hora. Foi só rever e mandar.
Uma informação: Glória Perez é meu pseudônimo. A que aparece na TV entra só com o corpo, para disfarçar. Tenho escondido isto até da família, mas se quiser, pode espalhar.
Um abraço

Walter
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