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Contos-->O TROFÉU SAPO DE OURO -- 27/03/2006 - 09:26 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O TROFÉU SAPO DE OURO

Fernando Zocca

"Sou do tempo em que o Ary Barroso apresentava na Rádio Tupy, aos domingos pela manhã, o programa Calouros Toddy. Mas nem por isso me considero antiga." Camila P. Tanga, presidente da Associação Protetora das Alimálias de Tupinambica das Linhas (A.P.A.T.L.)

A Secretaria da Cultura, por intermédio do Secretário Municipal da Cultura de Tupinambicas das Linhas, em março de 2005, lançou um concurso inédito na cidade. Tratava-se da primeira maratona de coaxação do interior do Estado de S. Tupinambos.
Na verdade era um torneio de coaxada e receberia um troféu mais menção honrosa da Câmara Municipal da cidade, o sapo e seu proprietário, que vencessem a competição.
O objetivo das provas era demonstrar a capacidade de coaxo das sapas e sapos, irados ou não, que trabalhassem por mais tempo. Ou seja: venceria aquele que coaxasse durante mais horas seguidas, sem intervalos ou descanso.
Ao anúncio do evento, publicado nas rádios e jornais da cidade, acorreram inúmeros competidores; vieram também os cidadãos solícitos, de todos os bairros, preocupados com a imagem do município; eles tentariam mostrar ao mundo que os coaxos das sapas tupinambiquences não eram inferiores às vibrações de qualquer outro sapal do território brasileiro.
O certame era tão organizado que havia uma premiação especial destacada aos sapos epiléticos. Sapas adúlteras também receberiam láureas supimpas desde que a ocorrência do deslize não interviesse no desempenho da fonação.
Camila P. Tanga baranga antiga, presidente da Associação Protetora das Alimárias da cidade (A.P.A.T.L.) escorada na seita maligna do pavão-louco presidiria a comissão julgadora e teria o voto de Minerva.
Por ter parentesco inconteste com o prefeito nefasto da cidade nebulosa, ela vinha exercendo impune sua influência negativa sobre os adversários da seita e do prefeito descuidista.
A presidente da Associação Protetora das Alimálias de Tupinambica das Linhas (A.P.A.T.L.), fazia parte da nata social comandante dos destinos da urbe. Ninguém sabia porque aquele trecho do universo, por séculos marcava passo, negando-se a incorporar as noções sensatas sobre a evolução dos seres na terra. Mas ninguém jamais pôde perguntar se era do interesse dos malignos dirigentes sociais, a ampla divulgação dos conhecimentos científicos acumulados pela raça humana durante séculos.
Muitos tinham o conhecimento de que, em certa ocasião, essa senhora preclara, dona Camila P.Tanga, queria entender os princípios formadores dos tornados.
Ora, sabendo de antemão que os tais fenômenos se davam em decorrência do encontro das massas aéreas com temperaturas diferentes, pensou ela que se ligasse o forno enorme do seu fogão moderno e abrindo-o depois, de repente, diante do ar gélido vindo da geladeira, teria os mesmos elementos componentes daqueles transtornos naturais.
Quando a presidente Camila P.Tanga, durante o ensaio, foi flagrada por um dos seus netos naquela situação inusitada e vexatória, encabulou-se, perdendo o rebolado. Não sabendo com que cara explicaria aqueles disparates, escondeu logo o rosto entre as mãos.
A mocréia sentiu o sangue fluir à face quando o netinho assustado e afoito atravessou a cozinha rumo à sala gritando: "A vovó está dodói da cachola. Socorro!"
Quando convidaram a senhora brilhante para presidir a comissão julgadora, do primeiro concurso Sapo de Ouro, ela imediatamente imaginou uma questão a ser elucida, após o termino do certame dos sapos.
Ela queria saber se vacas, quando iam pro brejo também se comportariam iguais aos sapos, viventes na mesma situação.
Era uma tese de alta indagação e ela só teria resposta com um desafio semelhante a realizar-se após a premiação das sapas ou sapos vencedores.
A tribufu barangosa sabia que um dos seus jurados, o ilustríssimo senhor professor doutor Armando C.O.N. Fussion, nascido em Madrid por volta de 1899, presidente da seita Bramânusmaris, sócio emérito dum consultório especializado em proctologia, andava meio caquético e por isso teria que substituí-lo.
Muitos da cidade, especialmente os cidadãos das famílias tradicionais, gostariam de saber como e porque Camila P. Tanga, a barangosa presidente da Associação Protetora das Alimálias (A.P.A.T.L.), começou a se interessar tanto por animais.
É que quando criança, ela presenciara muitas vezes, seus irmãos e namorado dissecando pequenos ratos, pássaros e gatos ao estudarem anatomia. Ela ficara com tanta pena dos bichinhos que prometeu: "Quando crescer quero proteger os coitadinhos". Ela cresceu e até exagerou na proteção aos bichos.
Era por isso que os animais em Tupinambica das Linhas tinham mais valor do que os próprios seres humanos. De fato, podiam morrer pobres infectados com a febre maculosa transmitida pelos carrapatos hóspedes das capivaras, mas com as tais bichas peludas ninguém mexia.
Essa fulana era infernal, mas possuía dons literários; ela pretendia escrever um livro de crônicas e contos. Já tinha até o título. Era: A fenda úmida, profunda, escura e quente das rochas. 37 textos elucidativos. Com essa obra ela pretendia provar que ratazanas rabudas não seriam assim tão prejudiciais aos cidadãos da urbe velha.
Ela odiava quando lhe diziam estar sempre em cima do muro. Os bêbados do boteco da tia Cris, especialmente o Van Grogue, aquele escroto, afirmava aos demais pingueiros: "Essa fulana não é bichana, mas está sempre em cima da parede." É claro que ele não tinha razão.
Se alguém perguntasse a ela: "A senhora se acha muito velha?" Ela responderia:"Sou do tempo em que o Ary Barroso apresentava na Rádio Tupy aos domingos pela manhã, o programa Calouros Toddy. Mas nem por isso me considero antiga."
Com seu tailleur azul-pavão ela sempre tentava explicar, aos cabeças-duras, nas praças, que goleiro não é aquele sujeito que vive nos bares, ingerindo a borbulhante aos goles.
Camila P. Tanga durante suas arengas públicas, quando percebia o cansaço e já não discernia causa própria de calça própria, aviso prévio de aviso breve, pensava logo em parar. Por isso antes mesmo do início do primeiro concurso Troféu Sapo de Ouro, versão 2005, ela achou necessário mitigar sua canseira e pediu então ao prefeito outra licença de 30 dias.
Como todos souberam, e como todos sabiam, Jarbas o mais fenomenal dos prefeitos, concordou sem hesitação.
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