Nem mesmo sei se ainda posso chamá-lo assim, posto que as coisas mudaram muito, muito mesmo.
Não estou aqui para cobrar de você nenhum tipo de coisa e para lhe ser franco não tenho a certeza que este e-mail chegará direto a você. O fato de não atender seu telefone quando das minhas ligações me faz crer que possivelmente esteja “monitorado” durante as 24 horas do dia.
A única coisa a que se presta esse e-mail é para dizer-lhe que gosto muito de você e espero (não tenho notícias suas, só me resta torcer!) que você esteja muito feliz. Espero que sua vida pessoal e profissional estejam cada vez melhores.
Sabe Felipe, outro dia perguntei-me se, caso estivéssemos na mesma calçada, indo um em direção ao outro, estando em companhia de sua esposa, qual atitude tomaria? Não cheguei a conclusão se me cumprimentaria ou atravessaria a rua.
Sabe, são muitas as pessoas que perguntam sobre você e, quando respondo que não tenho falado contigo estranham... Estranham também a cara que faço, posto que sempre me entristeço ao lembrar-me de um amigo querido que não tenho mais acesso.
Acho que esse é um bom termo: acesso.
Ou então, me diz logo se lhe fiz algo. Não há motivos para você não freqüentar mais a minha casa ou nos falarmos ao telefone ou tomarmos um chopp ou rirmos de qualquer coisa ou falarmos de nossas vidas: alegrias, tristeza, família, relacionamentos, trabalho...
Sinto a sua falta. Mas ao mesmo tempo imagino que estás feliz; isso é o que me conforta.
Hoje mesmo Isabel me perguntou sobre você; há uns dois dias atrás Margareth perguntou por onde andava aquele “meu amigo que vivia contando piadas”; meu pai de dez em dez dias pergunta por você e, para ele, passei a mentir, por ausência de notícias. Digo que está tudo bem, saúde, família, trabalho... Não sei porque fiquei com vergonha de dizer que não te via depois de umas 5 vezes feita a pergunta...
Tomara que tenha encontrado o grande amor da vida. Isso explicaria sua ausência, pois o amor exige dedicação – embora não exclusiva, no meu humilde entendimento – e você sempre foi um cara dedicado.
Escrevo tanto... Estou terminando algumas coisas para aplicar na Pós-Graduação da XXXXXX e adaptando algumas apostilas ao Novo Código Civil; tenho escrito vários contos e fiz até uma Oficina Literária com Sérgio Santana (o autor do livro que inspirou o filme BOSSA NOVA, aquele da professora de inglês que dava aula para um grupo que se mistura todo no final – Antônio Fagundes, Pedro Cardoso, etc. - do advogado, da estagiária, do jogador de futebol...); muitas das estórias que escrevo queria te mostrar, te contar, sei lá...
Vai ver ta achando até que é “papo de viado”, não sei. Não ligo. Saudade é coisa que não podemos conter.
Resolvi parar o que estava fazendo (mudando as fotos de meu muralzinho de fotos aqui do quarto) para escrever estas palavras ao amigo que ainda acho que tenho. Afinal, sempre repeti que “amigo não precisamos ver todo dia”, não é mesmo?
Você sempre me perguntava de Rogério, por exemplo. Hoje em dia nos falamos quase que diariamente, saímos juntos, trocamos CD’s, essas coisas... ficamos quase 2 anos sem sair juntos!
Não sei se é um bom exemplo; afinal de contas, quando ligava para ele, atendia.
Tomara, tomara mesmo, que você esteja feliz, amando. Paulo Coelho estava certo quando afirmou que Quando se ama, não é preciso entender o que acontece lá fora, porque tudo passa a acontecer dentro de nós, não é mesmo? Não sei...
Talvez prefira citar Platão, que diz ser unicamente pelo amor que o homem se realiza completamente. No meu caso o amor é manifestado de várias formas... Amo minha família, meu trabalho, minha casa, meus amigos... Por via de conseqüência, o meu amor também diz respeito a você, que sempre considerei dentre meus amigos, uns dos melhores.
É Pepeta... acho que além da foto que acabei de guardar na gaveta (era aquela de nos dois, em pé, no dia do Revellion... Eu com uma camisa ridícula, você tinha perdido o celular demos um jeito... Afinal, dizem por aí, tem jeito pra tudo, exceto a morte.) fiquei meio impressionado com algumas coisas de filosofia que li hoje... Falava muito de amizade e meu pensamento acabava por lembrar dessa situação muito doida... O velho e bom Plata (me considero ímtimo de Platão, chegando a abusar por vezes...) orientava os seus no sentido de que não deixassem crescer a intriga no caminho da amizade, pois amizades reatadas requerem maiores cuidados que aquelas que nunca foram rompidas.
Bom, se não queres mais minha amizade, não vou pedir-lhe que me avise, pois isso é ridículo. Mas se, por acaso, eu tenha feito algo que lhe desagradasse a ponto de me evitar dessa maneira, peço que me diga, para que lhe peça desculpas, tão somente. Afinal, “é mais difícil ganhar de novo a amizade de um amigo ofendido do que conquistar uma fortaleza”. (Pv 18:19 Rei Salomão)
Sempre gostei de frases, essas coisas... Uma vez como trabalho de um curso tive de recolher duzentas que me agradassem num tempo pequeno. Não foi difícil, pois tenho o hábito de guardar provérbios, dizeres, essas coisas. Até uma que você gostava eu citei: “Peide antes de servir um queijo a um francês”... Arrumando meus papéis mais cedo encontrei uma pastinha amassada e nela vários provérbios. Dois deles também me fizeram lembrar dessa situação. Um, árabe, dizia :
Se tens um amigo, visita-o com freqüência, pois as ervas daninhas e os espinheiros invadem o caminho por onde ninguém passa.
O outro, africano, afirmava que A amizade é um caminho que desaparece na areia, se não se pisa constantemente nele.
Não tenho como pisar nesse caminho, parece fechado para mim. Tentei trilha-lo, sim; disso tenho certeza, com inúmeras ligações; só consigo falar com você de outro Estado, sinto. Dessa forma, não identificará quem está ligando e, displicentemente, atenderá o aparelho. Mas não farei mais isso, tenho sempre a impressão que falar comigo é algo proibido para você, mas não sei porque.
Não sou muito religioso, mas vou a missa de vez em quando e no domingo passado pedi por você, pela sua felicidade e de sua família. Normalmente o faço para os amigos em geral, mas lembrei-me de você e roguei a Deus que estivesse tudo em paz no seu lar. Na minha concepção, como escreveu Chico Xavier, “se os amigos se afastaram lembra-te que reprovação não trará nenhum de volta e, se realmente estão eles em tua estima, é justo reconhecer que necessitam muito mais de bênção, que de reprovação.”
Você deve estar achando um saco isso, creio; desculpe-me mas para mim, parece que estou falando com você, coisa que não faço a muito tempo. Como lhe disse anteriormente, queria saber, ao menos, se está feliz. A sua felicidade, como a de todos que me cercam e tenho algum tipo de afeto, também me faz feliz. Mas quando meu amigo está infeliz, vou ao seu encontro; quando está feliz, eu o espero. Tenho esperado, Pepeta, mas uma das coisas mais belas da amizade, é saber quando o amigo precisa de alguém, antes que ele mesmo saiba. Não basta imaginar o que o outro pensa, mas é preciso um esforço sincero e constante para compreendê-lo realmente. Só poderei compreender de verdade quando você me disser que lhe fiz algo desagradável ou que não deve estar comigo pois isso geraria conflitos em seu lar. Tenho tido muitas alegrias ultimamente, tanto na vida pessoal como na profissional; mas a dor, essa sim, pode acontecer sozinha; mas a alegria, para ter rodo o seu valor, necessita que se tenha alguém para compartilhar, de preferência, um bom amigo.
Você sempre foi um bom amigo. Você ainda é um bom amigo. Amigo é um irmão que a gente escolhe. Qualquer coisa que possa acontecer em relação a nossa amizade, não terei como ficar chateado, afinal, não perderei, nem mesmo se não o vir mais, a felicidade de ter tido um bom amigo.
Será que você morreu e ninguém me avisou?
Será que esse arquivo nunca será lido, posto que você foi seqüestrado por um disco voador?
Ou será que sofreu um acidente e está em coma há alguns meses?
Sei que não; sinto que não.
Além do mais, as informações que desejo sempre as obtenho. Tem sido assim; não peço informações suas a porteiros, familiares, estranhos que podem nos observar sem que os víssemos porque achava que estavas feliz; sei lá, me deu um perto hoje no coração e resolvi mandar-lhe essas linhas pra te dizer o quanto gosto de você. Te admiro. Seus atos sempre foram nobres e, se não podes me ver, um bom motivo justifica isso, com certeza; meu único receio ainda é o de ter agido de alguma forma tão horrível a ponto de magoar-te. Mas não deve ser isso; um amigo verdadeiro, como você, nunca guardaria a mágoa, mas sim dizer-me-ia, a fim de esclarecer qualquer evento.
Só não te procuro mais com medo de incomodar; fiquei assim – só com você – de uns tempos pra cá. Eu e Renatinho conversávamos muito sobre isso. Talvez você o veja com freqüência, não sei. Talvez ele esteja na mesma situação que eu, não o procurando porque parece estar incomodando; nós tínhamos certeza disso em determinado momento. Dizíamos que íamos parar de ligar para você pois você estava muito estranho... até tentei, mas volta e meia me pegava ligando para você. Liguei várias vezes para sua casa, cedo ou tarde da noite e, como não atendia, pensva que fora obrigado a colocar um BINA... Só podia ser isso, mas me culpava por pensar coisas tão ruins de Silvia, que também gosto muito. Ela não deve estar oprimindo você comoeu pensava; dve sim, estar fazendo você tão feliz que o tempo assume uma dimensão diferente.
Tomara.
Aposto que não deves ouvir/vê-la chorar mais; ao menos me reconforta saber que não aparecendo aí, ligando ou qualquer coisa, ela não chorará pensando que você está fazendo ou pensando em fazer algo que não deva.
Uma coisa me dou o direito de pedir : não mostre essa carta para ninguém, pois ela é muito pessoal. Ok? Estou abrindo meu coração e me sentindo mais leve, até. Como falei, parece que estou conversando com você, uma conversa que queria ter há muito...
Agora, fique certo que tens o direito de não atender-me...hehehe. Faça o que lhe der vontade. Os pedidos foram criados para serem feitos, e não, atendidos. Se não puder assim fazer, não ficarei triste.
“Eu não pareço com você!”; “podem vir que não vão me encontrar, os cãe farejam medo, logo não vão me encontrar...”; “LADO A, LADO B, LADO B, LADO A!”!!!!!! Putz, esse é o som do O RAPPA que está tocando na Madrugada Maldita (você não vai conseguir dormir...). Sinto falta de conversar de música com você também. Sinto falta é de ficar feliz pela sua felicidade ou tentar arrumar um jeito de levantar o astral quando estás triste... Fiquei muito feliz, por exemplo, quando recuperamos seu celular... (estou pensando se vou tirar a foto da gaveta e colocar de novo no muralzinho...hehehehe)
To bem mais alegre agora, sabia? Estou mais leve. Queria te falar essas coisas, independente de receber resposta ou você permanecer afastado. Precisava dizer isso. Abençoado é aquele que está com a verdade contra a opinião e não com a opinião contra a verdade.Só os espíritos fracos é que pensam com a multidão por ser ela multidão. A verdade não é modificada pelas opiniões do vulgo nem pela confirmação da maioria. Giordano Bruno
É Felipeta, o dia amanhece... estou na quarta folha desse que seria um bilhete... seis e quinze da manhã. Sou assim. A maioria das pessoas são outras pessoas. Seus pensamentos são as opiniões de outros; suas vidas, uma imitação; suas paixões, uma citação. (Oscar Wilde) Ou então: Não ser ninguém mas ser você mesmo, num mundo que está fazendo o máximo para fazer de você outra pessoa, é lutar a batalha mais dura que você terá. Nunca pare de lutar.( E. E. Cummings)
Eu quero teu bem; e não preciso ficar falarndo isso a todo instante; sabes disso, que torço por você; acho-o nobre, da sua maneira. Por vezes penso nas famílias que dependem de você. Seu trabalho é importantíssimo nesse país; cada dia creio mais que você é a pessoa certa no lugar certo.
Você é brilhante, um cara especial. Só acho – e por achar posso estar errado, como sói acontecer, inúmeras vezes... - que não há nada de brilhante em encolher-se para que as outras pessoas não se sintam inseguras em torno de você. E à medida que deixamos nossa própria luz brilhar, inconscientemente damos às outras pessoas permissão para fazer o mesmo. Nelson Mandela falou isso; crioulo bacana...
O sol começa a despontar atrás do Cavalão... Daqui posso ver a santa que vês da sua janela. Está a nos abençoar nessa manhã de sol de domingo... Sinto brisa da manhã e penso o quanto estou feliz de estar “conversando” com você estas coisas, que não sei se vais ler, quando vai ler, se vai chegar em suas mãos. Lutei contra minhas dúvidas e inseguranças em remeter-lhe estas palavras, que não sei como entenderás. Venci o medo – comum agora na nossa relação de amizade – de te “incomodar”(na verade incomodar a sua relação com Silvia, digo sem rodeios) e falei o que queria dizer-lhe há tempos. Maior que a tristeza de não haver vencido é a vergonha de não ter lutado disse o mestre Rui Barbosa. Afinal, entre todas as lindas palavras ditas pela língua e a pena, as mais tristes de todas são: Poderia ter sido diferente . Algumas coisas corróem a gente, e o que estava sentindo me faziam mal; agora, depois dessa carta, dissipou-se na manhã que nasce.
Pepeta, vou andar na praia, tomar uma cerveja no barroquinho, fuder uma puta, dar uma cagada ou dormir; não sei ao certo. Talvez acorde quem dorme na sala colocando meu pau em sua boca ou dando carinhosos beijinhos até que sorria; não sei; ainda. A dúvida não é um estado muito prazeroso, mas certamente é algo ridículo, são as palavras que ratifico de Voltaire. E tenho certeza que já lhe disse o que queria: te adoro.
Obs.: sabe aquela coisa da calçada, de atravessar a rua e coisa e tal?... Bom, se me ver, corre!!! Eu vou querer falar com você. Dizer que você é um viadinho babaquinha sem vergonha que não tem consideração com os amigos. Talvez até te dê umas bolachas!! Hehehe.
Te adoro, Pepetinha.
Um abraço em todo mundo.
Valeu Bill Gates por inventar essa coisa que fará com que envie essa carta e me liberte da sensação de não ter feito isso.
Gosto de você.
Acho que vou te ligar e você não vai me atender. E daí? Fico eu com saudade!!!
Um beijo pra você!
Manfredo Niterói
domingo 9 de fevereiro de 2003, 6:44AM.
As pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa, por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pode ser a última vez que as vejamos. William Shakespeare
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