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Infantil-->O CANÁRIO DA AROEIRA -- 17/03/2003 - 04:14 (Welington Almeida Pinto) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Welington Almeida Pinto


De repente, o canário trina e amarela
a sombra da mangueira e o quintal:
resiste e canta o cabecinha-de-fogo,
desde antigamente, quando talos
de embaúba entreteciam sonhos,
a vida não segurava o tempo,
e a infância voava no azul e branco.
Pascoal Motta

Esporte favorito de menino criado no interior era pegar canarinho com alçapão de imbaúba. Não havia diversão melhor do que caçar no mato um Canário-da-Terra, aquele de peito amarelo, farta penugem verde escurecida em castanho nas costas e vermelho-sangue na coroa da cabeça, por isso também chamado Cabecinha-de-Fogo. E Canarinho-de-Telha, no sul do Brasil.
Caçada ao Chapinha, outro nome do passarinho, tinha seus macetes; além de quirela de arroz ou canjiquinha de milho, colocava-se espelho no fundo do alçapão, velho truque para pegar pássaro brigão. Ao se ver refletido, todo fogoso, imaginava outro a insultá-lo. Não resistia, descia com tudo para dentro da armadilha. E ficava preso, traído pela própria imagem. Divertia-me esse entretenimento cruel; passava horas, escondido atrás de uma árvore, na expectativa de prender um passarinho.
Companheiro bom para caçadas era Lincoln, colega de escola. Depois do dever de casa, nos encontrávamos para cuidar dos bichinhos, preparar para eles gema de ovo cozida, couve (alface esfriava o bichinho, não podia), alpiste, quirelas, areia fina e água de filtro, apanhada numa vasilha bem limpa.
Cada um engaiolava seus canarinhos. Um no alpendre, outro na janela da frente da casa, outro pendurado debaixo do pé de Manga. Chapinhas ainda ficavam mais valentes, testados em rinha. Puxa vida!... Não tinha alegria maior de menino ver seu Canário ganhar uma briga!
Certo sábado, manhãzinha ainda, partimos para caça numa região afamada por bons canários. Pelo caminho, numa prosa animada, logo atravessamos o Bairro São Vicente, dobramos o Morro da Capelinha e paramos para primeiro descanso à sombra rala de um velho Araticum, próximo ao Cruzeiro do Senhor Bom Jesus dos Passos - as casas da cidade há muito tinham ficado para trás. Em pouco tempo recuperamos o fôlego, e tomamos caminho pela antiga estrada de cascalho, até o mata-burro na entrada da Fazenda do Lazinho, onde uma Aroeira rebrotada, que servia de esteio, abrigava o ninho de um casal de Chapinha, famoso pela braveza. Trem de doido!...
Vários garotos disputavam o passarinho. Entre eles, um sujeitinho metido a besta, caçava com visgo, uma massa grudenta feita com leite de Jaca, igualzinha a chicletes, enrolada de fora a fora num espeto de bambu. Passarinho que pousasse ali, ficava preso, grudado mesmo. Danado de ruim para estragar canário!
Nesse dia, nenhum caçador prende o Chapinha. O menino do visgo, desapontado, desafia:
- Amanhã, eu pego o bichinho, garanto!
Todos caem na risada. Um dos garotos provoca:
- Viram isso? Ele acha que tem o rei na barriga, só por causa desse tal de visgo!
Ninguém quis dizer mais nada. Recolhemos nossas gaiolas e batemos em retirada, decididos a retornar na manhã seguinte. Naquela noite, passamos quase toda preparando um alçapão mais eficiente que se armava por cima e na lateral - artimanha provavelmente desconhecida pelo canário.
No domingo, acordo cedo, ansioso para sair. Encontro Lincoln, também inquieto; apanhamos os chamas, isto é: canários da espécie de Chapinha, o novo alçapão e colocamos o pé na estrada. Desta vez, mais ligeiros, diminuindo o tempo do trajeto até a Aroeira.
Para nossa surpresa, encontramos o local mergulhado numa quietude estranha. Nenhuma pessoa por perto, nem pio do canário. Do curral, um vento brando trazia o cheiro adocicado de cana picada e esterco fresco de gado.
Dependuramos as gaiolas, cada uma num pau de cerca, distante um do outro. Minutos depois, digo cheio de otimismo:
- Hoje, Lincoln, não tem para ninguém!
- Ando cismado! – responde com os olhos perdidos no infinito, procurando sinal do passarinho.
Zombo dele:
- Cisma não, ô meu! Já vem com mania de achar que tudo está perdido.
Mal acabamos de falar aparece um rapaz com duas gaiolas nas mãos. Um friozinho percorre minhas pernas, o coração aos pulos, grito:
- Oi Pelé, vem de onde?
- Lá da sede da Fazenda. Peguei esses dois - responde o caçador, mostrando os pássaros dentro do alçapão.
Coço o alto da cabeça, meu jeito de pensar nos momentos difíceis e procuro saber mais:
- E o canário daqui?
Pelé recua, nervoso. Põe as gaiolas no chão, agita no ar os braços e descansa as mãos na cintura:
- Ué!... Ainda não sabem?
- O quê?!...
- Nem bem amanheceu o dia, aquele menino com cara espantada de porquinho-da-índia... o daquele trem... o visgo, matou o pobrezinho com uma pelotada de estilingue.
Lincoln aperta a testa com a palma da mão:
- Nossa Mãe!... Assim, não. Pura maldade!
- Porcaria!... Esconjuro o malvado!...
Cheio de ódio, viro os olhos para o chão. Depois, enxugo as lágrimas, peço desculpas, despeço de Pelé e, com ar melancólico, chamo meu amigo para voltar.
Alto e sereno no azul, planava um grande Gavião-Mateiro.






Conquistando a Linguagem
Compreensão do texto

Atividades
Responda em folha anexa:
1) Você conhece o Chapinha? É o passarinho mais brasileiro que existe, encontrado de norte a sul do país, a encantar nossos olhos com a beleza verde-amarela e o canto de pura alegria. Ele é conhecido por vários nomes, cite outros.
2) Como fazer para o Chapinha voltar a cantar nas cidades brasileiras?
3) Os dois personagens eram apaixonados por passarinhos presos em gaiolas. O que você acha? Gostaria, ou não, de ter passarinho em casa? Por quê?
4) Copie a parte do texto mais interessante, mudando ou acrescentando frases.


Para a Professora
Reflexão - A mais pura imagem da liberdade é, para mim, uma ave; corta os céus em largos vôos, desce à fonte, aos grãos, entoa seu canto, eleva sua alegria ao Criador e, ao cair da noite, pode adormecer tranqüila porque sua liberdade soube usar. Grande exemplo de um pequenino ser, que o homem ainda não quis compreender (Antenor Vieira de Melo).
* Motivação: Fale sobre amizade entre amigos.
Organize um jogral com os alunos.
* Vocabulário: selecione verbetes desconhecidos e oriente a consulta no Dicionário
* Educação Ambiental - Fale sobre a importância da fauna alada na preservação das florestas.
* Faça um mural com as espécies de pássaros conhecidas, envolvendo os pais dos alunos. Convide alguém ligado ao meio-ambiente para conversar com os alunos sobre a Legislação de Proteção da Fauna e Flora no Brasil.


* História revisada de acordo com a nova orientação dos PCNs – Parâmetros Curriculares Nacionais do Ministério da Educação - para reedição do livro infantil A CAÇADA, publicado desde 1993. Texto aberto à crítica e avaliação por todos que defendem uma Literatura Nacional de qualidade, principalmente para a criança brasileira.Interessando pela obra ilustrada, impressa no original em papel couchê, formato 20x20, basta pedir pelo site: welingtonpinto@globo.com - ou por fax: (..31) 3344-0153 – apenas 3,50 reais o exemplar. Preço especial para Professores/Alunos.



** GOSTOU deste trabalho? Se quiser apoiar a manutenção de nossa OFICINA DE LIVROS fazendo pequena colaboração em dinheiro, mande 1 ou 2 reais para Sociedade Brasileira de Cultura. Envie por carta aos nossos cuidados: rua Leopoldina, 836/303 - 30330-230 - Belo Horizonte/MG. Antecipamos agradecimentos. WAPinto

OFICINA DE LIVROS – ONG em desenvolvimento com o objetivo de difundir nas escolas públicas do Brasil do ensino fundamental Literatura Nacional de boa qualidade. Participe. Faça parte, mande sugestões. Vale a pena. Podemos fazer do Brasil um país de leitores. Lembrando Pitágoras... Eduque a criança e não terá que punir o adulto.

***. Mergulhe no Mundo Maravilhoso da Filosofia, acessando o site: www.welingtonpinto.kit.net/frasescelebres



O AUTOR E SUA OBRA
Welington Almeida Pinto
O Autor e sua Obra
Mineiro de São Roque. Em 1971, conclui seus estudos em Passos, Minas. Transfere-se para Belo Horizonte para trabalhar no departamento contábil de uma empresa imobiliária, sem abandonar o gosto pela leitura dos grandes clássicos da literatura universal e a prática de Escritor e Jornalista. Entusiasmado com o movimento cultural da Capital, freqüenta as reuniões da Academia Mineira de Letras e outras instituições culturais da cidade.
Em busca de novos horizontes culturais, viaja por cidades da Europa e das Américas, onde manteve produtivo contato com artistas e entidades produtoras de cultura. De 1972 a 1976, estuda no Centro de Pesquisas de Artes Plásticas da ACM, especializa-se em Publicidade e funda sua agência.
No Teatro, produz A Cela, de sua autoria. Depois adapta e monta Flicts, de Ziraldo, como peça adulta; ambas dirigidas por Luciano Luppi. Participa da equipe de produção do espetáculo A Noite dos Assassinos, de José Triana, dirigida por Paulo César Bicalho. Adapta O Pequeno Príncipe, de Antoine Saint-Exupery, para teatro infanto-juvenil, com trilha sonora de Fernando Boca, direção de Noema Tedesco. Publica Aula-Viva, com 6 scripts sobre assuntos da História do Brasil para aplicação em Sala de Aula.
Eleito para o Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, associa-se também à UBE – União Brasileira dos Escritores/São Paulo,SP, à ABRALE-Associação Brasileira de Autores de Livros Educativos/São Paulo, SP e à AEI-LEJ - Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil/Rio de Janeiro.
Publicou contos infantis no Gurilândia, do Estado de Minas, Belo Horizonte, Zero Hora Infantil, Porto Alegre e Gazetinha, do Gazeta do Paraná, Curitiba.

Livros Publicados

Coleção Infantil Vitória Régia/Edita, 1997:
* A Águia e o Coelho
* Clin-Clin, o Beija-Flor Mágico
* Tufi, o Elefante Equilibrista
* Seu Coelhino, em Viagem ao Sol
* O Gato-do-Mato e o Preá
* A Caçada
* O Ataque do Furadentes

Literatura Adulta:
* A Cela- Helbra/1973
Poesia:
* Antologia Poética - Edita/1980

Toponímia:
* Dicionário Geográfico e Histórico do Estado de Minas Gerais – Edita, 1986
* Dicionário Geográfico e Histórico do Estado de São Paulo – Edita, 1987

Coleção Legislação Brasileira/Edições Brasileiras/1993:
* O Condomínio e suas Leis
* Licitações e Contratações Administrativas
* A Empregada Doméstica e suas Leis
* Lei do Inquilinato
* Assédio Sexual no Local de Trabalho

Coleção Infanto/Juvenil/Edições Brasileiras/1998:
* Malta, o Peixinho-Voador no
São Chico
* Santos-Dumont, no Coração da Humanidade
* A Saga do Pau-Brasil

Dramaturgia:
* A Cela – peça adulta, adaptação do livro “A Cela”
* Flicts - adaptação do livro “Flicts”, de Ziraldo.
* Pequeno Príncipe - adaptação do livro “O Pequeno Príncipe”, de Saint Exupery
* História do Brasil, em Aula Viva - adaptação de temas históricos para teatro,aplicados em sala de aula - Edita/1978.

Ver livros nos sites: www.welingtonpinto.kit.net/

www.literaturanacional.kit.net/


www.ensinofundamental.kit.net/


www.legislacaobrasileira.kit.net

www.ministeriodacultura.kit.net/


E-mail: welingtonpinto@globo.com.br

* O livro é um instrumento importante na luta pelo desenvolvimento de uma Nação –W.A.Pinto

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