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Contos-->O GAROTO EMBURRADO -- 10/05/2006 - 11:50 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O GAROTO EMBURRADO

F.A.B. Zocca

Lucy Nada em a manhã de quinta-feira, no seu bar Eflúvios sentia-se muito feliz. Apesar da apreensão da noite anterior, conseguira dormir bem.
Ela fez suas orações antes de abrir a porta do estabelecimento, e esperou ter um bom movimento naquele dia.
O receio que tomou conta de si deveu-se à notícia ouvida no rádio, antes de deitar-se. Tratava-se de um louco que teria estuprado uma criança, na periferia da cidade.
Segundo o noticiário, o sujeito não houvera praticado coisa nenhuma daquilo que informara sua pretensa vítima. Descobriu-se anos após que tudo não passara de intrigas fundadas em ódio por questões de herança.
Mas naquele dia, depois de confirmar um certo olhar diferente, em seus fregueses habituais, ela concluiu haver algo bem diverso, estranho e inusitado acontecendo.
As mulheres entravam pediam leite, pão, café e pagavam como sempre fizeram; os bebedores contumazes também não fugiam à rotina, mas havia um quê desusado na feição das pessoas. Elas a olhavam de um jeito que Lucy nunca tinha visto nem sentido.
Van Grogue foi um dos primeiros a adentrar ao boteco naquele dia. Pediu a patrícia e acendeu o cigarro chama câncer. Seus lábios e dentes estavam marcados com a nicotina agregada. A tosse e a falta de ar dificultavam as conversas com os amigos.
E. Mail entrou, saudou superficialmente os presentes e pediu uma dúzia de ovos. Ao sair com o pacote Van disse: "Ernesto você não é galinha, mas também tá cheio de ovo." E. Mail resmungou um palavrão e de cabeça baixa (talvez fosse conseqüência da ressaca) saiu pisando firme. Lá fora ele gritou: "Vá catar coquinho, chato!"
Lucy Nada encontrou o momento certo para abrir seu coração ao Van. Ela disse: "Sabe seu Van, percebo que estão acontecendo coisas muito esquisitas de uns trinta dias pra cá. As pessoas me olham com um jeito estranho. Eu nunca vi isso, nunca senti esse tipo de olhar tão assim... não sei..."
Van Grogue percebeu a oportunidade para, ganhando a simpatia da comerciante, sugerir doses gratuitas. "Eu ouvirei suas queixas, mas não de graça." pensou ele.
Durante a falação Grogue fixou o olhar meio zonzo no rosto da interlocutora. De repente, uma idéia luziu lá no fundo da sua cachola. "A cara da Lucy! Nossa!!!" pensou ele, "Eu me lembro que já vi essas feições em algum lugar. Onde meu Deus, onde?"
Enquanto aguardava a resposta procurada entre os neurônios estressados e encharcados no álcool Grogue ouvia a lengalenga.
Foi então que ele se lembrou da última edição do Diário de Tupinambicas das Linhas. O jornal trazia uma reportagem sobre os presos da cadeia feminina da cidade. Numa foto obscura, mas inteligível, podia-se ver uma figura, lá no fundo da cela, parecida com a Lucy. "Sim, é isso mesmo! Agora me lembro. E aquela reportagem feita no sanatório? Havia outra fotografia com imagem semelhante a da Lucy. Estão aprontando... estão aprontando com ela! Imagine o que estão preparando nesses tempos de Internet!"
"E depois que esse pessoal começou a me olhar esquisito, parece que o movimento caiu. Não estou vendendo quase nada. Será que é macumba?" Perguntou Lucy nervosa.
Grogue cofiava os pêlos ralos do queixo. Foi então que aproveitou: "Sabe dona Lucy, ando com uma vontade terrível de tomar uísque. Mas a senhora sabe como é. A gente ganhamos pouco, a escassez é invencível..."
Lucy percebeu os desejos dele e pensando em obter as respostas certas para aqueles problemas vivenciados, deu-lhe uma garrafa de uísque.
Foi então que o Van Grogue falou: "O que estão fazendo com a senhora é uma campanha difamatória, difamação da brava. Seu inimigo está usando fotomontagens para disseminar idéias falsas sobre a senhora, prejudicar sua vida e negócios. Estão formando uma opinião pública negativa com sua imagem com as suas fotografias. Eles fazem isso com fotos antigas ou novas tiradas sem que a vítima perceba."
Para reforçar sua tese Grogue mandou que ela pegasse alguns jornais velhos deixados num pacote, no canto perto da escada.
Depois de algumas horas divididas entre o atendimento dos fornecedores raros e o revirar das páginas dos jornais antigos, encontraram as matérias procuradas. De fato! ali estavam montagens fotográficas causadoras de todo aqueles danos morais e materiais.
No dia seguinte uma edição do Diário de Tupinambicas das Linhas estampava uma reportagem sobre o trottoir de travestis nas ruas centrais da urbe. E como não poderia deixar de ser, lá estava o rosto semelhante ao de dona Lucy Nada emoldurando o corpo siliconado de um transexual.
Alguém queria acabar com ela. Mas quem?

(Aguarde o próximo capítulo)
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