OS CINCO SENTIDOS
Maria Hilda de J. Alão.
A mão quente e macia, em toques desafia,
Percorre os corpos em constante festa,
Como romeiro em longa romaria,
Como serpente serpeando na floresta.;
Com olhos brilhantes que miram sem receio
Quem, depois do amor, dorme em paz,
Arfando suavemente o peito ou o seio
Refletindo a felicidade que o prazer traz.;
Depois de servido o grande repasto
Onde bocas trocam, entre si, os bagaços,
Do doce fruto que gera o vinho casto
Que faz, dos amantes, trôpegos os passos.
Entorpece os sentidos, abafam-se os gritos:
- Vem! Escreve versos para cantar-me,
No leito, onde preparei profanos ritos,
Para, ao deus do amor, entregar-me.;
Entre fumos de perfumado incenso
Que faz da alcova um jardim de flores,
Cujo olor torna o desejo mais intenso
Espargindo o buquê de velhos licores.
24/03/04.
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