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Contos-->NA MOTO -- 13/05/2006 - 18:21 (Marcelino Rodriguez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
NA MOTO, NA ESTRADA, NA FILOSOFIA

Parado no sinal, Alisson pensava quase em voz alta pra si mesmo, em cima da moto. Via os camelôs e perdidos da civilização na congestionada Avenida Vargas. “para que serve a civilização afinal, bando de perdidos? País sem planejamento. Gente jogada nas ruas. Estranhos e inúteis que se esbarram e se odeiam. Trocadores de ônibus que não conhecem o itinerário, vendedores de livros que não lêem, professores que não ensinam, alunos que não aprendem. Milhões ou bilhões que a ignorância improdutiva cria ou deixa de criar no sistema das coisas. Ninguém que pense investir a médio prazo. A ganância quer tudo para agora, mas o tempo de agora está suspenso. Não se vive mais, apenas sobrevive-se.”
O sinal abre.
Alisson segue acelerando.
“ Onde vai dar essa estrada que vou?”
A cada dia tornava-se mais arredio ao contato humano. Gente fria, embrutecida. Cansara.
Lembrava-se quando começou a estudar a alegria que tinha com o cheiro de livros novos. O mundo todo parecia uma aurora infinita. Começara a compor suas músicas na adolescência, quando a família começou a criticar-lhe os cabelos soltos e as roupas negras.
“Vagabundo”. “Maconheiro”.
Hoje ria irônico ao pensar nos parentes ignorantes. Bando de inúteis. Formigas do sistema. Décadas de vidas dedicadas a uma sobrevivência banal. Alisson havia tempo deixara de lado os livros e filosofias. Só o comércio o interessava agora.
Havia mergulhado profundamente na alma humana.
Descobrira que o amor e a solidariedade ainda não fora descoberto como meios de vida, daí as grades do mundo. A natureza predadora de tudo. Pensava isso enquanto acelerava na estrada aberta do aterro, sem saber se a liberdade que sentia por não Ter mais ilusões com o mundo era inferno ou paraíso.
Por força da lei, tornara-se também um predador.
O músico não cultivado de ontem era o contrabandista respeitado e bem sucedido de hoje.
Seu Alisson.


13.05.2006
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