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cronicas-->São Paulo - Inesquecível Viagem -- 21/05/2004 - 21:03 (Neli Neto) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Existem passagens de nossas vidas que ficam marcadas pra sempre mesmo que o tempo passe. São momentos importantes que fizeram sua história e chegam sempre em nossas lembranças como se o fato ocorrido estivesse acontecendo no agora.

E um desses fatos marcantes, que jamais esqueci, foram meus passeios a São Paulo, quando ainda era criança.

Lembro bem dos passeios feitos com a minha família, como viagens, nos fins de semana. Era como uma grande festa todo o preparativo arrumado.

Na sexta chegava da escola e já ia direto pro banho. Não o banho de todo dia, mas aquele supervisionado onde tudo tinha que ser muito do bem lavado.

Depois vinha a roupa de gala aquela escalada pra festa: vestido cinturado de laise com forro de tafetá e uma faixa de cetim terminada em laço nas costas. Por baixo, sempre uma anágua daquelas que eram armadas. Sapatos tipo boneca branco, muito do bem engraxado. Não podia esquecer de usar, as benditas meias três quartos. O cabelo bem penteado com cachos ou maria chiquinha amarrados com laçarotes combinados com o vestido. E lá ia eu toda enfeitada, feliz, com toda a família direto para a Estação Leopoldina para pegar o trem noturno direto rumo a São Paulo.

Que coisa boa era o passeio cadenciado no balanço do trem!

Pegávamos sempre uma cabine grande com bancos virando camas. O cobrador quando vinha ver as passagens, sempre era o seu João, um senhor escuro, grandão e simpático com um dentão de ouro na frente que fazia seu sorriso espontàneo brilhar. Do seu bolso feito mágica quando via criança tirava, balas toffe de chocolate que com muito carinho ofertava. Tinha o carro restaurante onde todos nós jantávamos. Serviam sorvetes enormes para todas as crianças; e o mais gostoso de tudo era que o refrigerante, sempre o fruto proibido, neste dia, era enfim liberado; eu tomava logo dois guaranás Antártica, da garrafa pequenina chamado de caçulinha. Era uma verdadeira farra.

Amanhecíamos em São Paulo depois de uma noite de sonhos, dormindo ninada como que em rede no balanço, feito anjo. Estação da Luz, que esplendor! Parecia até um palácio daqueles que se via em filmes ou nos livros de conto de fadas.

A gente se hospedava no apartamento mobiliado de um amigo de papai, bem no centro da cidade. Não havia diferença, sempre era o mesmo roteiro, em todas as vezes que se chegava a São Paulo.

Sábado, depois de acomodados, saíamos pra passear. Primeiro, passeio na rua Augusta ou na Rua 25 de Março, ruas das compras, onde se encontrava de tudo que se podia imaginar. Tinha até uma rua cheia de noivas, com elas em manequins, em casas diversas, uma do lado da outra, em ambos os lados da rua. Eram lindos os vestidos, parecia até um sonho de gala.

Depois, no almoço, o lugar era certo e sempre o mesmo, no restaurante perto da Av. São João, de nome Restaurante do Papai. O prato escolhido era sempre o de praxe chamado Virado à Paulista semelhante a tutu com feijão mulatinho com couve mineira e linguiça. Depois do almoço, descansávamos no apartamento emprestado.

Mais tarde, perto das três horas, lá íamos nós de novo pra rua. Agora, rumo ao Cine Comodoro situado no final da Av. São João. Com os bilhetes adquiridos com antecedência na mão, lá estávamos prontos para assistir ao Cinerama, que eram filmes em terceira dimensão. Nossa! era uma coisa muito louca vista com os óculos especiais, que produziam mil sensações entre o pavor e a euforia. Era tão real tudo que acontecia, que muitas das vezes caíamos literalmente da cadeira pensando estar despencando ribanceiras ou estar caindo dentro de um avião.

Ali foi a primeira vez que andei numa montanha russa sem ser, será que dá pra entender?

Pois é, quando apagavam-se as luzes surgia na tela um trenzinho subindo onde não se viam as pessoas e a impressão que tínhamos é que estávamos sentados nele subindo. Quando chegava no alto parava, quase que proposital, como para causar impacto. E aí acontecia...sua queda vertiginosa com um som estrondoso, límpido que parecia real, grande o envolvimento de todos. Pessoas gritando como se realmente ali, no filme, estivéssemos dentro do espetáculo mostrado. Fazendo loopings, subindo, descendo, subindo, descendo em alta velocidade.

Era tão real a situação que nos agarrávamos uns aos outros, de olhos fechados para não ver, enfim, andando de montanha russa.

Quando acabava o filme saíamos todos de pernas bambas, maravilhados com tão grande autenticidade. Coração descompassado, completamente emocionados com tudo o que foi visto então. Depois disso só a cama para aplacar tanta emoção.

No domingo o mesmo passeio de sempre, antes de voltarmos pra casa. íamos ao Viaduto do Chá, até a Praça da Sé, visitar a Catedral e de retorno findando no Parque da Luz, bem perto da estação de trem num completo ritual ecológico. Comíamos sanduiches admirando o verde, respirando o ar puro, fazendo hora para pegarmos o trem noturno de volta ao Rio de Janeiro.

E o fim de semana de festa acabava, com gostinho de saudade e a esperança latente que o próximo passeio chegasse logo sem tardar e pudéssemos outra vez a São Paulo visitar.

Neli Neto
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