Olhos de um azul-esverdeado, esbelto, cabelos alourados emoldurando o rosto bronzeado pelo sol carioca...
Não tinha vaidade. Até a barba fazia ao ar livre. Não me lembro de vê-lo ao espelho.
Era simples, inteligente, bondoso.
Foi-lhe a bondade do coração o motivo de falência no comércio, fazendo-o voltar, aos cinqüenta anos, à estaca zero.
Mas foi à luta!
Nunca nos deixou faltar nada. Foi um exemplo.
Não era de muito falar, mas agia decentemente.
Lembro-me de têlo beijado umas poucas vezes, talvez em seu aniversário. "Não era dado a frescuras".
Tinha nos olhos o brilho da responsabilidade, mas não me parecia muito feliz.
Nunca lhe perguntei a razão.
Notava-se nele uma angústia indizível por não haver conhecido o pai. Muito cedo, teve de ajudar a mãe nas despesas da casa.
Teve uma vida de lutas. E, ao se aposentar, despediu-se da vida...
Papai... Mesmo morto - ainda me lembro bem - seus olhos mantinham, ainda, o brilho da vida...
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