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Poesias-->Mnemosyne -- 30/01/2001 - 11:08 (Iã Paulo Ribeiro) |
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Vi a Memória através do vidro da janela
estendida no quintal, numinosa
brincando de ser eu e a corrida do cão.;
as mãos finas me tomavam os cabelos
e a cada aperto das unhas revivia.
Através do vidro limpo do dia
assoprei no ouvido da Memória
o que queria ser.
Ela disse, surda, o nome que me vinha:
Mnemosyne!
O céu amarelo me conduziu
e nos dedos nasceram asas,
finas pétalas de teia, plásticos de mel
brotaram da pupa, migraram do infinito
a mim... Alaram-me.
Deusa das palavras, Senhora dos Fortes
dos calcados na Terra
me fez cair do santuário estúpido da carne
e com uma libélula pousada no ombro
ascendi ao que não serei
tomei nos braços de vento e dedos de asas
a luminosidade do que esquece. Cambaleei...
Tonto, deixei o corpo rolar
pelo íngreme retorno do Olimpo
pela nevoenta montanha que se ergue.
Mnemosyne! Mnemosyne!
Iã Paulo Ribeiro
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