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Contos-->o menino que encontrou un anjo -- 27/05/2006 - 19:35 (A A A AElisete Duarte) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos





O MENINO QUE ENCONTROU UM ANJO

LIVRO DE

ELISETE DUARTE
eliseteduarte@uol.com.br




Era uma vez uma praça, bem no centro de uma grande cidade. Ali, no meio das pessoas que passavam de lá para cá, havia um menino triste. Um, entre dezenas de outros garotos, que viviam sozinhos no mundo, sem um papai e uma mamãe para orientá-los na vida.
Sentado debaixo de uma grande árvore, bem no centro da praça, o menino aproveitava a sombra que lhe era oferecida naquele dia de sol quente. E muito triste, o menino chorava; gostaria muito de estar com seus pais, ir à escola e brincar com os amiguinhos da vizinhança.
Contudo, ao contrário do que sonhava, aos 10 anos teve que fugir de casa. Fugir da violência de seus pais, vítimas do consumo do álcool e das drogas. Agora, abandonado nas ruas, lutava para sobreviver ...
Depois de muito chorar, percebeu que seu estômago começava a doer de fome e uma tontura o deixou fraco. Levantou-se e caminhou, por muitas horas, em busca de pessoas generosas, esperançoso de conseguir algum dinheirinho para sua refeição. Entretanto, quando se aproximava de alguém, este se afastava, com medo de ser agredido, pois sua aparência era a pior possível.
Andou horas a fio pelas ruas da cidade, mas não conseguiu sequer um pedaço de pão e desanimado sentou-se no cordão da calçada.
Andava e olhava para as lanchonetes da rua, procurando alguma lata de lixo, quando de longe avistou um homem que lhe acenava chamando-o em sua direção. Animado, levantou-se e foi correndo até ele.
O bondoso senhor deu-lhe um prato de comida com um delicioso filé.
Feliz e aliviado por ter conseguido aquele alimento, agradeceu ao homem e ergueu a cabeça para o céu dizendo:
- Obrigado, Papai do Céu, por esta comida gostosa!
Satisfeito, andou alegremente pelas ruas até o pôr-do-sol. Na sua caminhada lembrou-se de sua avó quando era viva, que dizia-lhe:
... “ meu querido, Deus é muito bom. É só acreditar nele e sempre praticar o bem, que ele estará sempre ao seu lado para protegê-lo”...
Começou a escurecer e ele preparou-se para ir dormir.
Tinha muito medo da noite. Rezou para amanhecer logo, e rapidamente pegou um pano velho que achou no lixo e deitou-se em um cantinho da praça.
Permanecia quietinho para que ninguém o notasse, principalmente os garotos mais velhos, que aproveitavam a escuridão para consumir drogas, que compravam com o dinheiro que era roubado das pessoas nas ruas da cidade.
Amanheceu. O menino levantou-se e sentindo-se faminto começou sua batalha por algum alimento; mas até o final da tarde não havia conseguido nada para comer. Voltou para a praça triste e parou, ao ver os meninos da noite anterior deitados no centro da praça, sob o sol quente, drogados. Em pé, diante deles, lembrou-se de seus pais, depois que consumiam as drogas, de como ficavam violentos.
Ficou apavorado. seu corpo começou a tremer, ao imaginar que um dia poderia ser como aqueles meninos.
No mesmo instante, olhou para o céu e disse:
- “Meu Bom Deus, sei que o Senhor existe, cresci acreditando no Seu poder, pois minha vovó dizia que quando a gente sente medo precisa pedir a Sua ajuda. E eu estou morrendo de medo, não me abandone! Nunca vou querer usar drogas. Quero é estudar, trabalhar igual a essas pessoas – apontou para as pessoas de boa índole que passavam pela praça”.
- “Proteja-me Senhor deste mal e liberte esses meninos também”.
De repente, um dos meninos acordou e se assustou ao vê-lo parado olhando para eles; então levantou-se e disse:
- O que pensa que vai fazer? - empurrando-o insistentemente.
O menino, trêmulo e chorando, correu para debaixo daquela árvore que lhe servia como abrigo e deitou-se bem encolhidinho, com medo do que estava por vir.
O grupo de garotos levantou-se do chão e seguiu em sua direção, deixando-o apavorado e sem ação, ficou ali esperando pelos chutes e pontapés.


- Ei, levante! - um dos garotos gritava. - Vamos logo!
Ficou em pé por um momento, fechou bem os olhos, achando que os meninos lhe dariam uma surra. Aí ouviu um deles dizer:
- Nós estamos cansados, trabalhamos muito ontem à noite. E você - apontou para o menino - vai nos ajudar nesta noite.
- Ajudar? Como assim? - Perguntou indignado o menino.
- Ao anoitecer, saberá. Não seja louco de fugir da gente. O grupo de garotos afastou-se olhando para trás e rindo.
Sem alternativa, sentou-se novamente no chão e colocou a cabeça entre os joelhos. Ali pedia a proteção de Deus, acreditava de verdade que ele o ajudaria como nas outras vezes.
Ao anoitecer, o grupo retornou à praça para buscá-lo e lhe ofereceu um pedaço de pão recheado com mortadela.
- Toma aí, cara. Precisa se alimentar - riam.
Sem entender a gozação, o menino sentia-se satisfeito, parecia que eles não eram tão maus como queriam demonstrar; e conversavam entre si enquanto o menino comia seu lanche. A fome era tanta que nem sequer prestou atenção no que estavam planejando. Os garotos o chamaram e o fizeram acompanhá-los.
Feliz, chegou a achar que a partir dali sua vida mudaria, teria companhia e não estaria mais sozinho. Em grupos, eles andavam por todos os lugares e o menino simplesmente os seguia.

Num dia, eles pararam em frente de um supermercado, observaram a região e começaram a sacar alguns estiletes e facas: logo entraram e assaltaram os caixas. O menino, desesperado, não sabia o que fazer. Ficou ali estático diante da confusão quando, de repente, levou um tapa no rosto.
- Mexa-se, ô meu! Vamos lá, segure isto - falou um dos garotos, entregando-lhe uma sacolinha de plástico do próprio mercado, cheio de dinheiro.
- Vamos gente, corram ! - ordenava o líder do grupo.
As sirenes dos carros de polícia vinham de toda a parte, em meio àquela correria de crianças fugindo. Eles se afastavam uns dos outros.
Ninguém foi pego, conseguiram fugir. Ficou somente o menino que, com medo, entrou em uma loja e se escondeu debaixo de um balcão, tremendo e chorando. Mas nesse momento apareceu uma bondosa senhora que, mesmo sabendo que ele era uns dos fugitivos, ajudou-o jogando sobre o balcão um lençol branco que pôde cobri-lo, impossibilitando assim que a polícia o achasse. Esperou até o perigo passar, então deu a mão para o menino se levantar e disse:
- Escute filho, não seja um marginal, não é uma vida boa. Você ainda tem a chance de vencer na vida. Acredite em Deus e em você mesmo e sempre haverá alguém para ajudá-lo. Seja bom, educado, que você conseguirá sair desta vida - aconselhou a mulher.

Com a sacolinha na mão, o menino correu em direção à praça, onde os garotos aguardavam-no impacientes.
- Pô, cara, achei que tivesse sido preso - falava o líder, enquanto arrancava de suas mãos a sacolinha.
- Esperto, o menino! - um outro garoto do grupo o elogiava. - Voltou e ainda trouxe nosso dinheiro.O menino nada dizia, ainda trêmulo do susto. Quietinho, afastou-se deles indo para debaixo da árvore. As palavras da bondosa mulher não lhe saíam da mente e pensava: “Palavras doces como açúcar. Mamãe, por que não me quer nesta vida? Sinto tanto sua falta...”
Neste momento passou por ali uma mulher com seu filho nos braços, beijando-o inúmeras vezes. E o menino soluçava e dizia:
- “Oh, Deus, por que a minha mãe não me quer? Por que não tenho lar? Morar na rua é tão ruim!”
Sentia-se angustiado. O medo de ser descoberto e preso perseguia-o, preferia mil vezes a surra que imaginou que levaria dos garotos a se envolver no crime.
Na madrugada daquele dia, o grupo de garotos voltou à praça com mais lanches, e desta vez bem melhor. Um pouco mais aliviado relaxou e ria um pouco com as piadas que eles lhe contavam. Foi quando um deles tirou do bolso um pouco de crack e, ao consumi-lo, obrigava-o a fazer o mesmo. Desesperado, imaginando a cena dos garotos deitados durante o dia debaixo do sol quente como lixos, chorava e dizia:
- Não! Não! Não!
Os garotos malvadamente chutavam-no e expulsavam-no da praça. Aliviado por eles desistirem, o menino foi embora todo machucado. Mas estava feliz, estava salvo daquele horror que era a droga. No meio do caminho, sentou-se em uma calçada e olhou para o céu, dizendo:
- “Perdão, Deus, pelo roubo. Eu não queria participar daquilo” - falava, sentindo em seu interior que estava seguro. Era só ter paciência que Deus enviaria até ele um anjo para tirá-lo das ruas. Seria educado e bom, teria paciência; sabia que sempre encontraria alguém que lhe daria uma refeição. Acreditava na alegria do dia seguinte e, baseando-se nisso, esperava por um caminho bom e bonito.
Os dias passavam e o menino, mesmo com fome, continuava com fé. Aprendera com sua avó que Deus realmente existe e quando ela lia a Bíblia, lhe mostrava toda a bondade do Criador.
Em uma noite chuvosa, enquanto dormia dentro de uma casa abandonada, o menino teve um sonho. Nele sua mãe e seu pai apareceram sentados ao lado de uma cama em que dormia confortavelmente. Acariciavam sua cabeça e ofereciam-lhe uma mesa farta de frutas, carne, um frangão assado e uma cestinha repleta de chocolates e balas. Nesse dia, acordou feliz procurando por seus pais, pois tudo parecia real. No entanto, olhou em volta e nada encontrou.

E seu estômago doía, seu corpo doía, havia dormido no chão de concreto, sua pele estava fria, nada tinha para se cobrir. Olhou para as pessoas que moravam com ele e elas ainda dormiam - sorriu e suspirou fundo. O importante era que em seu coração a paz reinava.
Então lembrou do roubo, da fuga, do desespero, do medo, da angústia. E disse em voz alta:
- “Graças a Deus, tudo passou. Nada compensa o sentimento do medo. Ah, é tão bom não ter medo! A fome é passageira; sempre haverá o socorro de Deus”.
E pôde compreender a diferença entre o bem e o mal. Ajoelhou-se no chão e começou a rezar:
- “Deus, um dia o Senhor me trará um grande presente. Serei paciente”.
Lembrava de sua avó que lhe ensinou que, cada vez que pedisse algo teria de acreditar de verdade, que conseguiria que seu desejo fosse realizado. Continuou, então acreditando que este dia chegaria.
Agora estava feliz por estar bem, vivo e sem maldade no coração. Pedia proteção também para aqueles garotos, que aceitavam aquela situação e se entregavam à desgraça.
Na noite seguinte, enquanto dormia, um grupo de voluntários que sempre ajudava os moradores da praça entrou na casa trazendo consigo bastante alimento e roupas. Felizes, todos se levantaram disputando a oferenda. No meio dessas pessoas, uma mão acariciou a cabeça do menino que, assustado, olhou em direção ao carinho. E viu aquela mulher, a mesma que o aconselhou com palavras doces como açúcar. Ela o pegou em sua mão e o levou consigo.
- “Venha menino, vou arrumar um lar para você”.
Seu coração disparou de tanta alegria. Ouviu uma voz que vinha de dentro de si dizendo que aquela maravilhosa mulher era o anjo que Deus enviara para socorrê-lo.

Levou-o para uma escola. Lá ela conversou com algumas pessoas pedindo para acolhê-lo, deram-lhe roupas limpas e, finalmente, uma cama confortável.
Na escola, ele ajudava a cuidar das crianças mais novas. Estava muito feliz por Deus ter-lhe presenteado com a grande oportunidade de se tornar uma pessoa digna. Para essas crianças ele contava a sua experiência nas ruas, sobre a fome que passou, a luta que foi para se livrar dos meninos que usavam drogas. E a alegria de ter acreditado no Deus que enviou seu anjo para tirá-lo da rua.

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