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Textos_Religiosos-->Um traçado biográfico em desenho de oração -- 17/06/2007 - 16:01 (Heleida Nobrega Metello) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Um traçado biográfico em desenho de oração






SENHOR


Houve um tempo em que amealhei tesouros.

Houve um tempo em que deixei juntar detritos em meu canto favorito para repouso.

Houve um tempo em que estacionei e permiti que horas, minutos, segundos perpassassem pelos meus dias, sem um brilho sequer.

Houve um tempo em que me debrucei sobre o aprendizado de um ‘fazer’ novo e belo.

Houve um tempo em que o deixei de lado, minimizando sua importância.

Houve um tempo em me cerquei de aparências.

Houve um tempo em que busquei o oculto dessas aparências.

Houve um tempo em que me enclausurei tentando decifrar o oculto do oculto.

Houve um tempo em que algumas facetas do oculto se desvelaram de forma sutil.

Houve um tempo em que enchi meus olhos de imagens e meus pensamentos tornaram-se frágeis.

Houve um tempo em que me senti desamparada.

Houve um tempo em que perdi meu rosto e minha identidade esvaiu-se.

Houve um tempo em que fiz escolhas que não se confirmaram.

Houve um tempo em que não consegui soltar as amarras que me sufocavam.

Houve um tempo em que senti o conflito de um diagnóstico familiar.

Houve um tempo em que aprendi a me colocar no lugar do outro.

Houve um tempo em que senti a dor por um filho, por vê-lo excluído.

Houve um tempo em que senti minha própria dor.

Houve um tempo em que lutei bravamente.

Houve um tempo em que perdi a coragem e retardei minha caminhada.

Houve um tempo em que necessitei falar e encontrei escuta para uma vida inteira.

Houve um tempo em que mergulhei num silêncio e afastei amigos.

Houve um tempo em que chorei e encontrei braços que me acolheram.

Houve um tempo em que necessitei de cuidados e fui curada com gotas de generosidade.

Houve um tempo em que me vi semente e mergulhei sem medo na escuridão.

Houve um tempo em que criei raízes.

Houve um tempo em que me fiz brotar e me vi crescer.

Houve um tempo em que vi meus frutos se transformarem em novas sementes.

Houve um tempo em que pensei cuidar dos novos brotos que principiavam emergir da terra.

Houve um tempo em que murchei. Houve um tempo em que enrijeci. Houve um tempo em que sequei.

Houve um tempo em que permaneci sem rumo, e me perdi nas águas de um riacho qualquer.

Houve um tempo em que minha fala era entoada à semelhança do canto dos pássaros.

Houve um tempo em que minha fala se transformou em rugido nunca expresso.

Houve um tempo em que não aceitei meu destino e ele se voltou contra mim.

Houve um tempo em que me debrucei para agradecer pela oportunidade da vida.

Houve um tempo em que me arrastei sobre a terra, tal qual lagarta, sem perceber os movimentos da vida que incidiam sob meus olhos.

Houve um tempo em que me vi enclausurada num casulo, e me vi obrigada a aparar arestas de minha própria escultura.

Haverá, SENHOR, um tempo em que eu possa aguardar, na paciência, uma fenda se abrir e me extasiar uma vez mais com o brilho dos fachos do sol?

Haverá, SENHOR, um tempo em que, finalmente, eu consiga valorizá-los como fonte para meu fortalecimento?

Haverá SENHOR, um tempo em que poderei ver este casulo que me sufoca e circunda meu corpo, transformar-se tão-somente na imagem de uma intensa experiência?

Haverá, SENHOR um tempo em que poderei voar com o coração liberto, ainda que por curto prazo, como as borboletas, porém, com destino certo?

SENHOR, coloco-me com fé e humildade em SUAS MÃOS, no aguardo desse novo tempo.


Heleida, 8 de maio de 2007
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