Usina de Letras
Usina de Letras
187 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62214 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10450)

Cronicas (22535)

Discursos (3238)

Ensaios - (10356)

Erótico (13569)

Frases (50608)

Humor (20029)

Infantil (5429)

Infanto Juvenil (4764)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140799)

Redação (3303)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6187)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Cartas-->DEPOIMENTO: UMA SEMENTE QUE DEU FRUTO -- 11/08/2003 - 16:08 (ROSAPIA (veja página 2)) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
DEPOIMENTO: UMA SEMENTE QUE DEU FRUTO


Recebi, há alguns dias, a seguinte mensagem, que transcrevo, devidamente autorizada pelo autor.

“Mensagem referente ao texto - currículo.
Olá, Salete. Certamente não me conheces, ou pelo menos não devas se lembrar quem sou. Tenho, porém, clara lembrança de ti. Lembra-se de um dia, quando no Centro Lingüístico E Cultural de Marília, fazias um lançamento, ou fosse talvez apenas a apresentação de uma palestra sobre um de seus livros de poesias aos alunos? Bem, provavelmente não. Mas se te lembras, eu era a único "pirralho" no meio dos adolescentes e até adultos. Eu estava muitíssimo interessado e até fazendo-te perguntas e dando minha opinião quando perguntavas aos jovens ali presentes o que achavam, o que descobriam no significado de cada poema. Destes-me atenção, o que pra mim foi de muita importância, até mesmo para reforçar ainda mais o gosto que eu já tinha pela leitura. Renato, é meu nome. Sou filho da Professora Ana, lembra-se? Moro agora em Buffalo, NY, e preparo-me para voltar para Marília onde tenho minha esposa que me espera. Fiquei contente em ver teu nome na Usina das letras, a qual descobri como maravilhoso site há uma semana. Procurarei seus textos. Penso até em mandar alguns próprios que aventurei-me a pôr no papel. Bem, espero que recebas esse e-mail. Se receber, certamente entrarás em contato, o que seria ótimo. Mas já antecipadamente, OBRIGADO pelos poemas que um dia me fizeram querer também ter o dom de escrever.”

Li essa mensagem, me emocionei, mas não consegui me lembrar de nada, nem de pessoas, nem da situação, nem do “pirralho” Renato, nem de Ana, sua mãe. Li novamente... Nada. Branco total...

Resolvi responder com franqueza, pedindo mais dados para tentar me reavivar a memória. Respondendo, quando cheguei ao nome Ana, tudo me veio à memória como mágica. Ana era minha amiga e Diretora do Centro Cultural a que o garoto se refere. Eu ministrava Oficinas de Literatura a Crianças e Adultos, contratada pela Secretaria de Estado da Cultura. Aquela era uma Oficina para adultos do Centro. O tema era “A dualidade do homem”. Eram umas 15 a 20 pessoas envolvidas na discussão, buscando o tema da Oficina em um livro de poemas que eu lançara recentemente, “O Antigo Amor de Hoje”. A discussão era acalorada, cada participante, além de interpretar poemas em busca do tema, fazia colocações de sua vida pessoal e, assim, os exemplos se multiplicavam. Eu me lembrei perfeitamente dos participantes. Só não me lembrei do “pirralho”...

Mas é dele especialmente que quero falar, pois ele é o solo fértil que recebeu a semente e deu frutos. Lembro-me bem que eu gostava muito de crianças perguntadeiras, talvez por isso tenha lhe dado especial atenção. E agora, cerca de 20 anos mais tarde, eis que ele me surge afirmando que não me esqueceu e que, naquele dia, plantei nele a semente do amante da literatura e talvez do escritor.

Com esse relato, quero refletir um pouco sobre o que tenho muito falado: a missão de semear que tem o escritor, acrescida da nobreza de fazê-lo desinteressadamente, abrindo mão da justa alegria de vê-la germinar, tornar-se árvore, produzir frutos que outros colherão. Dificilmente o escritor tem a sorte de um dia ter notícias de que sua semente se tornou fruto. Diante dessa mansagem de Renato, posso garantir que a emoção é enorme e a alegria sem par.

E penso em alguns pontos importantes desse lindo desenrolar da vida de Renato que começou, por puro acaso, naquele evento.

Era uma Oficina para adultos. Mas o “pirralho curioso” teve atenção, perguntou e obteve respostas, o que deve tê-lo feito sentir-se muito importante, por isso o marcou.

Para um garoto entender o assunto a ponto de participar e tirar dele proveito, as palavras empregadas devem ter sido simples, de uso cotidiano, o que chamo a linguagem universal.

O tema não era algo familiar a uma criança, mas ela o alcançou, argumentou, participou da discussão, o que prova que foi bem esplanado e suficientemente discutido pelos adultos presentes.

São esses os pontos que acho fundamentais para reflexão de todo escritor. A abordagem dos temas que escolhe com seriedade e responsabilidade. O uso de palavras simples que possam chegar a todos os presentes, independentes de seu grau de instrução ou de intelectualidade, a ponto de terem elas sido entendidas por uma criança. A atenção que, não apenas eu, mas todos os participantes devem ter dado a essa criança. E, principalmente, o lançar a semente com generosidade e desprendimento.

E termino agradecendo ao Renato, hoje homem feito, pela emoção que me proporcionou em me dando a notícia de que hoje é um lindo fruto de uma semente da qual eu nem mais me lembrava.

Obrigada, Renato, quero conhecer seus textos e teremos oportunidade de comentá-los quando estiver de volta aqui para a terrinha. Um beijo, meu querido pirralho perguntador!

Sal – maio/2002.

Fale com o Autor


Ao escrever, indique o texto a que se refere.


Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui