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Poesias-->Midian -- 31/01/2001 - 02:30 (Leticia Beze) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
07-04-99



Cheol

Não, Não

"Por que a maldade, condenada por seu próprio testemunho, é medrosa, e sob o peso da consciência supõe sempre o pior, pois o temor não é outra coisa que a privação dos socorros trazidos pela reflexão." Não é outra coisa senão o que sinto muito por fazer pedaços serem vistos com completudes mortas o torpor sucede o cansaço infindável da iniquidade os outros me incomodam como farpas sob o sol incessantemente desgastando a pele além do vento é claro vi cobras a me olharem por cima dos cílios, por cima de meus próprios cílios os pés já um tanto desconfortáveis na cova inadequada sem servir para a morte usando as chaves prendendo como camisas-de-força "Já semimortos, revelavam a causa da morte que os atingia, porque os sonhos que os tinham agitado tinham-nos informado antecipadamente para que eles não perecessem sem conhecer a causa de sua desgraça. A simples demonstração de ira era suficiente."







































13-04-99



Décimo-terceiro dia de ira continua. Se não houvessem tantos dilaceramentos as escadas seriam facilmente escaláveis. "Por que meu povo cometeu uma dupla perversidade: abandonou-me, a mim, fonte de água viva, para cavar cisternas fendidas que não retêm água." "Com que pressa mudas de caminho!" "E eu pensei comigo mesmo: Depois de ter cometido todos esses crimes, ela voltará para mim...Porém, não voltou!" Que realidade é essa? Que realidade é essa... Por que procurar dar intranqüilos passos ao redor de meu próprio abismo aberto na memória? Não chorei meus olhos, não pari línguas estupidamente dizendo o que todos se dispunham a ouvir. Não produzi víboras, mas elas voltaram e me atacaram. Reproduzi em todos os sentidos a vida que me escapa e não cheguei a vivê-la toda. Os gritos, parei nos gritos, no choro de versos escorridos para dentro de um cálice de vinho amargo demais para outros lábios. Eu sinto a ânsia, eu sinto o vômito, os pontos se desfazem, carnes se abrem ao calor da fumaça inútil. Quais perfumes distantes acompanharão meu pus? deus! Como não acaba a vida! Como cresce em minhas mãos o nojo da continuidade! Faço de meus dedos alianças com paredes em ruínas. Como dar suporte aos insetos que me devastam? Sem sangrar pelos poros frustrados, sem afastar peles que já rangem. Não veio o tempo. O dia fechado não abriu possibilidades de espera. Não deixo que vejam meu pescoço, os seio cheios de casulos. "Quem fará sair o puro do impuro? Ninguém."























14-04-99



"Que fareis vós, quando chegar o fim?" E tudo isso por Hécuba, apesar de Hécuba não me reconhecer e de eu não me reconhecer em Hécuba, ainda choro por ela. Mas como pedir para o inferno viver em mim? Quando sou eu a acompanhar não me bastam os dias de fraqueza? No deserto um só é o caminho e ele próprio não se encontra. Como pedir para desejarem viver no inferno. Se a única sombra já incomoda, a noite terá de ser extinta. Nem em sua terça parte de verdade posso confiar, cobres tudo com lenços ensangüentados e aguardas impaciente água menos salgada para a sede. Escrevi em pergaminhos, joguei-os ao mar, eles voltaram a mim inteiros, invictos, ainda inéditos. A água não atinge falanges inchadas e desisto, eu mesmo já longe, de achar outros pedaços de vidro no deserto. "Olhei então e não houve pessoa alguma para me ajudar.; estranhei que ninguém me viesse amparar, então apelei para meu braço e achei forças em minha indignação. Por isso na minha cólera arrasei os povos, em minha fúria triturei-os, fazendo correr seu sangue pela terra."









































21-04-99



"Se te afadigas a correr com os que andam a pé, como poderás lutar com os que vão a cavalo? Se não se sentes em segurança senão em terra tranqüila, que farás na selva? Teus próprios irmãos são traidores, mesmo quando em vozes altas te chamam. Não creias neles, mesmo que te dirijam palavras amigas." E o sangue continuará, se lembrarão e desejarão nunca ter conhecido o mal que futuramente lhes paralisará a vida. Quão perto crêem que podem chegar do calor sem queimaduras? Sem maiores lesões? Pois eu digo: Já se excederam, e tardiamente lamentarão não terem se arrependido a tempo. "Sem que compaixão piedade ou perdão me impeçam de destruí-los" "Por que te esqueceste de mim, confiando no que é apenas mentira. Até à cabeça erguerei suas vestes afim de expor aos olhares tua nudez! Teus adultérios e teus desregramentos, e tua luxúria infame, todas essas abominações eu vi. Desgraçada de ti, por quanto tempo ainda permanecerás impura?" Sei que até que eu te mostre a cor de seus olhos e até que inutilize a maldade que carregas te tirarei o ânimo, pois terás perdido tudo o que amavas, e já não quererás mais viver. Que me julguem como incapaz e esperem por meu sorriso de mestre realizado diante de vosso desespero. Não vos quebrarei os ossos, nem mutilarei os braços, apenas aguardarei o amadurecimento de vossa angústia para contemplar vossas próprias unhas cravadas em vossos próprios ventres, abrindo-vos a carne apodrecida e arrancando o feto imaginário. Que o amor em vossa vida se transforme em desespero e angústia. Esperarei pacientemente o espetáculo de auto-flagelo que vos atingirá. Que me façam rir!

















03-05-99



Se me tomarem tudo eu ainda continuo, não porque venha de mim alguma vontade ou perseverança, mas pelo próprio senso de dever e responsabilidade. Estando aqui cumprirei tudo. Devo manter a quietude, evitar confrontos, aceitar. Com correntes pelo corpo quanto mais me debater menos resistirei. Devo ficar até o final e tudo se cumprirá. Esperarei a acomodação dos ferimentos e não tornarei a fechar os olhos.





























































12-05-99



Que não suguem o resto de meu sangue. Janelas e pedras. Precisando da fusão de mais de um. Com o objeto, não que este valha mais -- é tudo o que tenho. Não aguardo meretrizes invadindo meu silêncio. Antes obstruo passagens e faço do meu grito apelo mudo para a consciência abandonada. Deixo que tudo se apague, tentando ver como meu o sol sobre a fruta podre nascida do chão. A forma vivida se fez em dunas de umidade tão escassa quanto a pele, cobertura do nada. Sonho, depois, nuvens cobrem estantes de vidro opaco, e aquele corpo volta a ser eu. Antes, apenas a plenitude da confirmação da existência através do amor. Antes, ainda, o que foi áspera entrega se mostra simples, ilógica mentira. O sonho da palavra seja servir de alma. Eu insisto, não suguem o que restou de meu sangue.















































16-05-99



Toda uma vida em busca dos nós. Sempre solta. Buscando algo que me fizesse virar a cara para a verdade, mas esta sempre se apresentava inegável. Em nome de meus olhos cegos pela claridade que tanto nego. Buscava a cura para o desespero de não pertencer. Virgem de sentimentos. Desempenho meu papel, o único, de estranha ou mito. Conto de fadas ultrapassado, onde todos querem fugir da realidade inaceitável do paraíso em vida. No aquário os peixes bóiam anunciando a sentença já adivinhada. Os sonhos não tranqüilizam mentes doentes, obcecada chamo as ilusões-sustentáculos de mentiras, jurando morrer antes de pisar em algas. O vento não mostra sua força, um sol partido pela inutilidade. A noite me levanto da estrada, minhas pernas presas por raízes incertas, ou assim desejo. Longe do abismo frutos podres ameaçam clarear as sombras. Minha voracidade obriga-me a ser cruel, rasgo carnes, exponho o sangue ao inferno. Preciso descansar, mas a compaixão está no fim. Leio em antigos testamentos desconhecidos motivos para ódios insatisfeitos. A escrita é corrupta, a forma se perde sem forma. A lenda do que começa hoje definha espíritos. Vultos desiguais se atacam. Tento ser a mais breve. Só querem minhas marcas em suas carnes, ignoram o significado. Então lhes entrego o sal, e indico caminhos no deserto. Todo o tempo sem saber de onde vinha a dor. Os lençóis estão sujos demais, os pés suados, sem ter onde esconder os cabelos. O fogo não aquece, a água não limpa, mastigo ar inútil, estranho a incongruência da terra que não sustenta. Esconderei minha opacidade. Sob a luz adequada o brilho das rochas fere olhos saudáveis.



















18-05-99



A solidão nunca foi tão acentuada. Não, sinto que ninguém se reconheça em mim, e isso é o pior. Também estou cansada de invadir, gostaria que uma única vez acontecesse o contrário. Sem mais a fazer me resigno. Paro de perseguir ilusões, paro de tentar trazer luz à escuridão. Só falo em dialeto estranho. Me sinto mal e estranha até com os raros mais próximos. Devo seguir o já definido, me distanciar, me decompor. Se entregar o que me restou sei que não haverá mais, definharei. A doença, condição, paradoxalmente, necessária à minha vida, todos a pressentem. Não mais forçarei minha entrada nos templos. Tentarei deixá-los em paz. Esse excesso de lucidez, essa falta de inéditos, a repetição, já não posso.



















































01-06-99



Quantos véus sobre meus olhos insatisfeitos. A paciência sem esperança deve bastar. Subjugando o corpo, o espírito se torna menos exigente. Verdades não tem luz própria. Não saem os gritos presos nas unhas. Talvez não seja o momento de rasgar véus. A luz apenas fere. Para que a dor pare, para me livrar de mim. Insatisfações apenas mantém o mal estar. Mas o que fazer se me lembro daquele porque, se me lembro das mãos já necrosadas tentando salvar-se. Isso foi há muito tempo. Em uma época de sentir-se humano. Túnicas consagradas, agravo meu estado de demência. A penumbra oscila, raios queimam pupilas. Pés não encontram a terra, não encontro meus pés. Somem no céu as últimas névoas, objetos crus se olham e se repelem. Memórias conduzem, mesmo a morte concede sonhos. A surdez me enlouquece. Muitas mãos mostrando seus rostos falsos. Minhas mãos sagradas não admitem outras ofensas. Ofélia, louca, no jardim queimado. Nenhum espinho ficou, minha pele ressecada, cortiça incapaz de deixar-se sentir. Poço vazio.







































04-06-99



Um só lábio no chão. A lâmina, fio de sangue, acumulo sob meus dentes, nuvens de enxofre. Não posso ser demônios. mordo terra e não me ofendo. A carne está ali, imóvel. Ainda quente. Implorando. De joelhos, sinto o frio subindo, costas se curvam. Junto a mim vejo o filho amaldiçoado. Sou por mim maldito. Mãos deformadas imploram carnes quentes, estico os braços. Meus olhos cegos devoram carniça, ou nem isso, apenas não encontro. Caída ao lado algo que já me pertenceu. Paciência substitui esperança, continuo viva. O sangue corre e explode na ferida, a ferida é a explosão, excesso de força. Por dentro também lápides. E chove.





















































24-06-99



Água suja corta o caminho, descalça sinto o céu a oprimir minha boca sem saliva. Arranco de meu corpo, eu múmia mal embalsamada, pedaços pulsando de fome e vermes. Não nos víamos há quanto tempo? Um, dois, três dias? Sei que a mágoa também ignorou a expectativa por sentimentos. E então as nuvens se encontraram, enegrecidas. Fizeram luz. Soltaram, expulsaram, abortaram-se mutuamente. A Raiva é um ancião cego onde posso me deitar. Sinto sua carne flácida, semimorta. Suas mãos enrugadas em minha cabeça. Posso me encolher, amaldiçoar e fingir acreditar por alguns segundos? Logo o desconforto invade espelhos, me lembro do reconhecimento, estranho a cena. Enfio três dedos na garganta imunda. Arranco a comida podre e deito-me sobre os restos. Sobretudo que tempos venham perdidos nas horas vagas de noções escondidas em abismos sanguinolentos exauridos. Pêssegos e vidro são irmãos na mesma árvore seca de sol. Amputo meus seios, meu medo, meu sexo. Chamo, mentira, me calo de cansaço, os lábios ressecados se abrem, a fronte não mais exprime espanto, dedos não se quebram em detalhes. Amorfo, violentamente estático. Onde as outras flores? Uma única distração e meus olhos permanecerão na Medusa: Sem cair pó do corpo: Pedra:

































28-06-99



Por todo o tempo que estive escondida aqui não pude avistar nenhuma sombra de nuvem onde pudesse me esconder dos raios intensos, mas frágeis, do ar. Soube, então, no escuro mesmo da cegueira, que passara por outra estrada congelada e mais uma vez não consegui rompê-la ao me deitar. Sonhos foram muitos, diversificadas as ilusões nas quais deixei meu braço pender. No entanto, era o mesmo dia sempre. O sol não se rendia ao cansaço profundo e mantinha-se, conformado, no meio do céu. Sempre meio-dia. Assim como eu, pela minha paralisia, me neguei água, pela força. Sacrifiquei dias, impossíveis de serem contados, me mantendo em pé pela coragem, ou pela audácia. "Renda-se", em meu delírio verbalizava a luz. Sim, por alguns segundos protegi minha cabeça entre as pernas e neguei, com as mãos, a luminosidade eterna. Encolhi-me o bastante para saber, quase adivinhando, a origem do líquido em meu corpo. A umidade amargava-se no ventre atrofiado. Novamente ouvi: "Renda-se" . Ignorei as cãibras, a vontade de poder descansar, o desejo de crer que nem sempre foi assim. Pus-me em pé, ergui a face ao calor deixando secar o resto de água em meus olhos. Nada ficou no corpo inerte. Talvez, apenas, uma vaga lembrança da sede em épocas sonhadas. Não mais.































30-06-99



Duas escolhas inadequadas e obrigatórias. Sim. Parar. Mas o sangue ainda existe, apesar das veias já terem sido corrompidas pelo atrito. De sólido não ficaram lágrimas. O silêncio pode construir a mortalidade, impor vestes escuras Fugir, um mesmo destino. Paredes, sem o vale, paredes envelhecidas. das mãos, unhas caem quebrando-se no chão. Encontro, então, suor, molho os dentes e as plantas. Encolhida em um canto, na verdade espero unhas crescerem sabendo a impossibilidade. Sem as pontas dos dedos. Retardei a morte pela fome. A mão em minha cabeça, segura. Depois, apenas o crânio ensangüentado. Olho para baixo, meus olhos se desprendem e me abandonam. Mordo ainda daquela terra, entre os dentes não há vida. Que me baste, ao menos, para tentar. Um sonho, mais pedaços de carne. Se soltam. Soltem a porta, deixem-me entrar. Trago o livro e as serpentes. Dou escolhas As minhas bastam. As Moiras me traíram. Ou não? Não. Verdade sou do filho, pertenço ao pássaro sem penas.









































08-07-99



No dia trago mãos vazias de oferendas. Qual das vontades? eu pergunto. Qual das vontades fluirá dos sentidos dormentes? Os caminhos são tão curtos. Tudo que vejo são heróis inutilmente sacrificados. Pela espada entregue ao mundo. Não me dou conta dos dias passados. Atravesso, isenta de mim, ruas desertas e estéreis. A felicidade é do outro lado da porta, ultrapassada mas nunca vista. Continuo provando meu próprio hálito. É a história que purifica. Como dois elefantes sem asas, ficamos espreitando a grama, sentindo seu mal estar em nossos desajeitados corpos de mamutes exaustos. Depois de três luas vi corar a princesa. De sangue. Farei os olhos abrirem com o sangue imundo da vida. Não posso me livrar das veias. O vidro veio aliviar a angustiada pele. Sem, finalmente sinto-me respirar. O de orgânico ainda atrapalha a ausência do refinamento supremo. Estilhaços entrando, não me movo, não ouso fugir da chuva que corta. Amputarei meus ombros, curarei febres de tormentos antigos. É verdade, sim, estou iludindo os cordões responsáveis pela minha obrigatória sobrevivência. Mastigo fogo, não me canso das queimaduras. Em minha boca sinto melhor feridas ácidas.



































09-07-99



Peço que meus filhos mortos não me amaldiçoem, pois já é meu o caminho da noite. Fogem as imagens cíclicas do destino. Obscuros vazios negros onde antes meus olhos. Sombras circulam até a queda. No chão, agora, alcançando estrelas. Só assim pescoço imóvel então é útil. Contam passos pés descalços na terra. Tarde o sangue indica direções. Eu mesmo, isento na luz. Assustam, pulsantes veias, tempos remotos. Mãos de estrelas cadentes encontram-me nua no inferno. Sem vontade de parir serpentes nego-me o vento me cobre folhas tão mais rápidas crescem o cabelo não existe para substituir pálpebras levantadas pela força. Tiro dos lábios o sangue ritualístico e me deixo ser levada à fortaleza escura.



















































15-07-99



Leves flores escuras caindo sobre os olhos. Rosto se vira para cima.







































































20-07-99



Arrastar os pés no cascalho quente. Lembrar de só nadar de olhos fechados. Não entrar em pânico perdendo-se na bruma. Ter coragem de admitir que o deserto antigo não é o verdadeiro lar, nem seu caminho. Deixar de temer meus próprios sorrisos, pois já conheço dentes e a ferocidade da mordida e sua marca irrevogável. Febre não é sempre frio. Mãos, por mais que se tente, não repousam no ar. "De tal forma a exaustão tornava tudo possível." Quebrar os vidros, sentir os cortes e, na boca, descobrir o sangue ainda existente e necessário. Correr contra o vento, já que o chão é sempre o mesmo mas os aromas mudam. Sair da sombra, olhar para Amon permitindo a luminosidade. Sabendo o corvo acompanhante eterno.



















































19-09-99



10 outros modos de se dizer por que. Sem unhas dedos sangram paredes mesmas de antes. Dedos soltam-se das mãos sem habituais anéis. De sombra todo o tempo no cansaço. Se digo palavras não desculpam silêncios.; Silêncios não permitem invasões. Considerar anormal senhor de tudo que é. Sim, eu consigo dobrar lençóis. Gritem comigo: Não há vozes aqui. A cabeça se estranha, corrompo-me e declino as ofertas mais gentis. Costumes destrutivos bem normais à convivência. Não errou e não é bem isso que quis dizer-me caindo flores doentes de sustentação.























































20-09-99



Assim, eu sou eu e não fazemos parte do exército da salvação. Biombos bastante grandes impedem o observador de observar a mulher nua se mostrando à ele. Depois me dá a mão, segue caminhos meus, não deixa espaços vagos entre dedos. Olhando, ainda, o constantemente exposto, atrás do biombo, entretanto, não via nada, apenas ali, estático, a olhar sabores amadeirados. Bruscamente, penso um tapa, desvio o rosto, força-me a virar, então diz, não diz, tenta não falar o pecado, consegue mexer lábios duros de compaixão. Riscos, riscos, riscos, marrom é a cor, cabelos negros atravessam obstáculos japoneses. Devem ser retos, os cabelos. Sem saber onde minhas mãos soltam água fervente nos olhos, não nos meus, deixo a face ser levada por violentas mãos implorantes. Até a boca, dois dias devem ser apenas dois dias.















































04-10-99



Hoje mais um dia de nada calmo na fronte melhorada pela falsa segurança no mundo. Grandes espaços e gralhas e corvos e abutres e insetinhos nem um pouco amigáveis. Olho o dia passado e nada na testa inexpressiva onde de dedos vimos tenra carne se dobrando atônita nos dentes. Enferrujadas as juntas e unhas desfeitas, não consigo mais construir castelos. Mal posso enxergar onde descanso os pés. Trêmula, tantos vícios. Incutir culpa no vidro broken nem assim me atingem disso fico besta fico sem fico antes de descobrir volta não não não antes de encontrar assim parada quase não não tocando papéis. Eu digo parem de tirar as unhas de meus dedos. Tirar a voz e o ar sem fico sem só. Não mais além, onde o antes?



















































26-10-99



Não tenho sono ainda. Os olhos "empapuçados" não reivindicaram o sonho. Minto. Toda eu sinto falta cortante do sonho. Como parar, entretanto, o desfecho nem sempre, não, minto, o desfecho era, é, sempre o mesmo. Idêntico a águazinha lá fora. Merda. De punhais extintos não foram feitos os cortes. Meus ossos me sobrevivem e aniquilam. Outros metais cortantes corrompem peles ressecadas por tanto suor acumulado sob as sobrancelhas. Cílios, de volta aos olhos, queimam-se no gelo. Tato se desfaz. Desconstruído, despedaçado e ausente. Pressinto necessidades ancestrais. Por baixo da porta vejo vultos em espera ilusória. Mal me reconheço do outro lado. Desespero toma o que é seu. Moldo mãos na cera de vela. Moldo a morte. Aproximo-me do já concluído. Traspasso a volta. Retenho objetos gastos inúteis inválidos meus. Mantenho-me de costas. Vocês já possuem os moldes das mãos. Quero que me reconstruam. Na verdade enxerguei por tempo demais. Queimaduras acostumam-se a pele. E que me abençoem.; pois o que faço é sagrado.







































28-10-99



Conheço bem o caminho que percorro. Tantas vezes o mesmo. Pediram-me para voltar. O inútil chão prossegue. Disfarço minha fronte, me camuflo. Véu amarrotado de nuvens cinzentas. Torpor vegetativo da distancia. Olho para o chão, o chão para mim, e é inútil, sem maiores esperanças de possíveis sustentáculos. Lúcifer caiu. Em minha manhã não enxergo estrelas. Corpo férreo, atônito, estampando martírios dramáticos. Longe de ser louco de dia vivo o dia e nas outras tantas horas não tenho o poder do esquecimento. Amarro com serragem penas profundamente sinceras nos pés da mesa, para que não desapareçam repentinamente. Como as aves se demoram ao mar a febre gasta desfabríca coincidências bizarras, quase até levemente mórbidas. Hálito saído de unhas. Talvez dê certo. Ao menos o tempo se preenche não sei com que precisamente sentimento.













































05-11-99



Não mais me reconheces? Sei que quase se tornou impossível seguir o contorno de meu corpo. As pontas de seus dedos me abandonam. Existe ironia na visão? Você prostrado a meus pés quando só desejo que estejas a beijá-los. Recebo nas costas cem ferozes chicotadas. Permaneço impune. A medida que mãos me deixam me inutilizam. Vela sem fogo acesa em dia claro demais. Escuto a voz de seus passos diante de meu umbigo inchado. Degusto as mais vis passas engolindo uvas antigas cheias de chagas. Vejo de soslaio suas orelhas desajeitadamente confortando-se no chão. Imóvel permaneço. Nunca foram dedicadas tão gentis despedidas. Sopro com carinho o restante das dúvidas. Com um leve beijo na testa permito-me sentir sua contraditória dor. Mortos amam a chacina. Contorcem-se distantes da terra. Sim. Deverás ser escondido na areia, onde ratos verão privilegiadamente o sucesso próprio.













































02-12-99



De volta à imprecisão. Sou infrutífera. Matéria ausente no meio do mato. Faz vuuuuuum-ummm um dia mesmo desse igual. Dedos recuam diante de vales e precipícios de carne, Pressentem a queda mas desistem de acreditar. Não vêem a morte como inevitável probabilidade.

































































06-12-99



Escondo minha nuca onde traças se comem. A língua imóvel permanece na boca sem ar. Mais um dia e darei a deus minhas reticências.





































































09-12-99



Seus dedos encontravam a resistência de outros lábios. A dor não era nada. Atirava para o céu. Gritando amar anjos caídos. Eu preciso nomear os desejos de tantas carnes antigas. E esse cheiro de carniça que me persegue. Gritando, Amém. Ia para cama com seus amiguinhos meio podres. O cheiro de fumaça enfeitiçando ares. Era um mundo em uma rocha. Não me importo se a eternidade chegar aqui. Que tudo de estranho acaba me seguindo. A dor de não amar a dor de não amar a dor de não saber como a dor de não tê-la essa mesma dor de não encontrar-se com ela a dor de não mais sentir a dor de chorar como se dias estivessem todos errados a dor de seus seis aninhos muito mal vividos a dor de ter olhos há muito sem água a dor de não ver o deserto e sê-lo a dor a começar pelo começo sem o meio ser viável a dor de não antecipar a dor de música em bolhas a dor da solidão ser boa a dor de minhas mãos a dor sombra de não se saber reflexo.











































10-12-99



Os dias são inúteis. Então, cadê?, morte. E tudo recomeça fazendo esforços para dar continuidade as pupilas, como outros seres enigmáticos. Rondam minha voz. Disponíveis até amanhã. Rindo sem mover a boca. Quero vermes nos sapatos. A necessidade do podre cresce. Sentir um cansaço extremo, tell tears com cores de depois até então tinham preservado os frascos pulemos juntos nas jangadas, nas jangadas, quero o silêncio, ncio. P&B seria agradável, confissões não as palavras, não posso estar na morte, me façam parar, gostaria de saber para quem digo. Perguntinha básica: o autocontrole sobrepõe-se a vontade ou ela enfraqueceu e cede a disponibilidade energética do corpo -- sendo essa quase nenhuma mesmo? Gosto tanto de hotéis! Cruzo oceanos reflito águas negras sou uma supernova esperando a explosão, paro de me confessar para dizer verdades universais ou já me cansam os demais? (bocejo) Não quero a união, não quero outros corpos, a mim me basto.









































14-12-99



Não me tornarei cega depois. A terra nos ajuda. Por cima, dos lados, aguardando. A próxima luta se fará sem gestos, nem mentais, digo. Não mudo esfinges de lugar. Observando os gritos de paisagens remotas. Não mudo a vida de lugar, antes, a derroto. Rendo-me ao descaso, o meu único. E sigo esta mesma sombra imposta. A minha, única, é isso. Velhinhas mortas sem seus olhinhos brilhantes. Ilumino o obscuro, que mentira, só faço do escuro meu repouso. Não aquele, mas, o que agora me olha. Como as velhinhas, sem seus olhinhos brilhantes. Sem seus pézinhos delicados. Sem suas mãozinhas prendadas. Sem esse o meu rosto que há muito não há. Atrás vem de mim a morte e começo a render-me, realmente dessa vez amorfa. Compadeço-me de mim. Esforço bastardo de sensações. A cor azul encanta. Os joelhos ardem de contemplação.















































22-12-99



Não há maior seriedade que esta que vês. Ódio. Onde está minha invencibilidade? Ave sobriedade, magnânima entre os desejos. De superficialidades me bastam minhas outras suas dúvidas. E agora tudo que digo irrita. Tanto a mim quanto aos demais. E então... E... Nada mais a se dizer. Calo-me no infortúnio de ser escárnio, às vezes. Nicolaus nunca existiu, nem o nome é mais real que as nunca concedidas dádivas de depois da chuva. Sei de quartos escuros e dos abusos sofridos por quem, por conta própria, neles se esconde. Como se fossem muitos os deuses a proteger-me. Escarro na garganta, essa mesma sentida indesejável inútil como todo o restante. Do que sobrou sopro as cinzas, não, nem tanto trabalho, só despejo-as no vaso sanitário para manter a casa sem cheiros marcantes demais.















































26-12-99



Ela é fraca, fraquinha mesmo. Não escreve com suas marcas. Os dentes, deixa de fora. Na árvore que queimamos dentro mesmo das barrigas estufadas de sangue e algumas besteirinhas. Lembro-me agora das fortes amarras nos punhos. Nem as feridas são válidas. O ponto seca no princípio do diafragma usado. Telefone para mim, certo? Prefiro deixar o aparelho livre de manifestações forçadas. Tamanha a velocidade do movimento, impossível definir quando vejo ou fantasio braços abertos nessa mesma direção.

























































29-12-99



Uma vizinha do inferno chamou seus três irmãos para uma rápida conferência.



O pacto proposto, que beneficiava todos, foi deixado de lado ao surgir o nome intruso e desconfortável dela mesma que a tudo assistia julgando-os desmedidos bobos entediados.



Também procuraram entender significados cansados da continua exploração. Comendo abóboras apenas pelo nome.

























































15-01-00





Afaste sua cabeça das pernas de Baphomet. Resgatando os degraus, um a um, a espera, esperando outros raios lancinantes a encher-me de vento. "E eu, meu amor cleptomaníaco, sou uma virgem pura de acetileno." Fazendo muito bem meus deveres de casa. Honk Kong também estava lá, também a espera, roxa. Não era já outono quando suas sombras contornaram minhas imprecisões? Ilusão pouco grega fazendo histórias de acontecimentos mórbidos de tão desagradáveis. Suas marcas são essas mais vistas que na pele. Bem mais fácil colocar a visão e outros sentidos no futuro. Dias macabros de tanto sol batendo nas têmporas atemporais, porém gastas. Assusta-me o vazio? Antes já ele me aguardava, pertenço, como sempre, ao pássaro de asas cortadas. Conforto as costas.













































14-02-00



Há vários séculos de imperfeições corrompo. A carne. Duro em conserva para os corvos. Vi corridas, pessoas amputadas sem rostos, amontoadas nos parapeitos dos arranha-céus. Os ratos invadem lares. Famintos todos por aquilo que não temo. Para os que a morte não assusta, qualquer final de semana... Dias de semana são terríveis. Neles nego conclusões. Amarroto peles e costuro-as, sem as pontas dos dedos não me satisfaço, não termino meu trabalho. De sutura. Nenhum tipo de morte traz o pânico. Os dias de semana, sim, me aterrorizam. Moscas pela casa. Os móveis abatidos. Ovelhas de dois metros e meio de altura lavando lãs em poças. Não, carneiros é que fazem dormir. O pó dos móveis me serve bem. Nele me conforto.



















































19-03-00



Algo grita por dentro. O estômago sai, paralisado. Uso suas roupas para sentir-me bem. Ponho para dentro cactos e deixo sua horta se infrutíferar. Esquecida no terraço. Onde plantas, não eu o mesmo, secam. Certo, certo A língua não se disse morta pela própria cor mostrar-lhe sombras. Daquele mesmo pavor do nome santificado. Na cor da morte. Indícios claros de nada valem depois que olhos chutaram dedos. Dedos, os que vejo, furaram olhos. Agora que estudar o sistema límbico é inútil, quem sabe os nomes fiquem por um instante maior que antes, Darei espaço para as vestes retirando outras, as menores se apoiando em cabides vazios. Cabines vazias, desdentadas. O grande incômodo da gengiva: os dentes. Estes que nos fomos. Aparelhados. Quando vejo movimento, vejo objetos ocupando diferentes lugares. Onde está o tempo. Servindo patês. Demônios se atropelam na confusão. Fico ainda aqui, amarrada ao pé da mesa. Às vezes até me conformo na distração proporcionada pelas sombras. O pescoço descansa, alma se esquece de que existe, até mesmo como palavra. E é exatamente o passo que me faz sair deste para outros sonho menos dramático.



































27-04-00



Círculo se fecha. A sombra dos cílios mostra a morte abrindo os olhos. Tetos desabam, sinto falta do detestável pântano ambiente de cultura. O lado também, onde vivo, enfim, desoladora angústia. Prometeu, arquétipo perfeito. Frieza da coragem desafiando covardias. Ou bem o contrário. Só importa o fato, o estado, fotografia da visão inversa. Assumo, mais uma vez, bem sucedidamente um personagem. Pesquisa criadora, diriam, mas que cria merda. Falsos amores trazem reais angústias, de tão dentro não consigo soltar os braços. Sou alérgica a lâmina da faca. Tudo se cumpriu. Vivendo à-toa. Sangue escorre. Soube o que sentia e que não teria mais. A carne é tão macia. Volto a pensar em morte. Contorno veias em meus pulsos. Mas não agora. Comprar melhores lâminas.

















































10-05-00



Não viajemos mais que algumas milhas pelos montes de lá. Durmamos agora, apesar do hábito continuar se negando. As nuvenzinhas, mas antes que chuvas caiam é melhor voltar para onde de antes. Só os dedos ressecados contam nas horas. Me distraio amanhã Quando então lavo roupas

































































17-05-00



Todas as tentativas para acalmar sensações de frustração definharam pelos pés tortos. O álcool enchia-me de graça ao passo que após sete vidas de nada mais entorpecentes ou ficar no mar solto. O tremor das extremidades voltava, não, apenas ia se intensificando quando a busca pela solidão tornou-se obrigatória. Ou apenas agora vi a obrigatoriedade do silêncio ao lado. E se a morte se realizar nesse silêncio que saibam da mudez e semeiem dúvidas aos menos esclarecidos, ou para os que não querem ver, os acomodados, a presença basta quando convém, como tudo. Daqui a alguns minutos teremos, talvez, conseqüências catastróficas a apresentar aos cegos, ou acomodados, como queiram. O dia do cansaço, será hoje o dia do cansaço? Ou amanhã? Se amanhã o humor for outro, ou a necessidade exigir, acatarei, de bom grado, suas desculpas. Mas o risco observa as correntes, e se nuvens vierem a terra vamos presentea-las como divindades honradas por trazer-nos o habitat natural aos que se debatem no sol.









































18-05-00



O caminho da autopunição sem acreditar na culpa talvez seja o reflexo do mal estar futuro. Prevejo, como idiota mor desse coral afônico, o estar morto mas vivo e as serpentes mordendo, arrancando seus pedacinhos delicados e com gosto e saudade deles mesmos. E sei de uma fórmula simples para resolver essa questão que já se prolonga muito Tarjas pretas a sobrevivência dos que devem gratidões e aos que não somente o começo da frase anterior. Escuto o hábito dizer que nem ouvi, pois não ouço rádio, prefiro a música que está mesmo dentro do som.

























































03-06-00



E que do terror dessa espátula fria eu desgrude





O sonho da solidão é nesse cigarro que entrevejo. Amanhã desculpas farão a bebida desperdiçada. E então, então não soubemos ser úteis o bastante? Fora daqui os que comemoram, e eu, ainda com a fumaça antes transfere a sobriedade da morte para cada respiração não sentida E agora a desculpa é a concretude do que não sentimos antes, ou, ao menos, almejávamos, Estes são os que ficaram, mas não no plural, como eu sei.

Aprender a falar sozinha no singular, essa é a fórmula, sem conservantes, entretanto nos perderíamos, merda, eu me perderia, no que não soube de ontem Antes, essa a palavra do fantasioso passado, ajuda os rins, a decomporem a verdade, infundável do ódio











































31-06-00



Não tenho pressa. Caminho de costas. Minhas três chamas nascem e extinguem-se no mesmo lugar. Oro baixo por que meus pecados não sei se são pecados e a culpa não se torna redenção, a culpa nunca foi sincera. Maior impossibilidade que não ser humana não sei, vi conheço encanto paredes grudadas posição fetal mas aborto riscos risos bocas e cortes o gosto aquece esse gosto de sangue, diminuindo ritmos a coragem para estender as mãos me falta.



























































09-08-00



atirando pedras escuras sombras de mim se assustam

passos um pouco mais breves voltam

ao assombro ergo taças

cortando carnes, tirando de dedos enchimento delas

as taças

não não não não não tão três, tão três

areia limpa dentes, higiene mental

um transtorno, síndrome, desvio,

rendo mãos armas não tão quanto três



Quero esquecer que vi a vida passando lá do outro lado. Esquecer nessa bengala onde sujeição é sustentação dos infortúnios. Lamentei por tanto no encosto da janela. Parapeito. Aparar velas olhinhos borboletas de ver-se ao fogo atônitos longe do tempo. Pois a mente não segue a física. Oh! Acordo então disposta a largar tudo, pisar em bisnagas não olhando o chão de catchup sangue quando ainda ontem, mas não tão somente, estava lá. O que escondem minhas juntas de mim? Como pássaros, feliz da vida, feliz mastigando ossos. Apresse-se ao longo dessa régua. Obtenha sua lamúria que nem ou pior que o que você possa lembrar de outros que não aqueles vieram todos juntos, todos de mãos dadas todos completamente juntos para o enforcamento na praça pública lógico pois que venham então encontrar na carnificina desejos antigos ou esforços Para que sejamos melhores para que sejamos melhores menos ávidos Domingo sendo dia de ceia santa na praça. Eu sei que você estava sem fui sem ter como





















14-08-00



Não que eu me sinta especialmente atraída por essas letras douradas, por esses adornos, Mas, levei a febre ao extremo, negligenciando meu olhar torto, de viés, que não sumia.





































































16-08-00



“Em busca de uma dignidade” não menos simples que a vida que levo, de despojamento. O que é isso? Sou-me antipática, por que me afligir tanto? Pelo pânico talvez. Talvez pelo mesmo motivo que faz com que você fique imóvel vendo leões famintos. vou me matar. Para me vingar de mim. Palavra cabível: autopunição. No caso, auto-absolvição, alívio, Como se meu sangue repelisse e fosse repelido pela minha carne. E o atrito sinto ódio contido pelos meus pés, odeio a distância fria e muda de meus pés

























































17-08-00



Mas já que todos saíram ouço sinos bolhas de ar em veias pelas portas sou meu martírio e talvez a marca em meu rosto seja a da derrota se é que existe marca se não marca destino se não destino inclinação mórbida para as palavras modelar comportamentos gestos olhares

































































15-09-00



Se é pra se lembrarem que se lembrem que nunca acreditei em culpa. A velha máxima, devem se lembrar de que só existem circunstâncias e o ânimo necessário para continuar se foi.





































































06-01-01



Jogando de um lado para outro, suas vestes pareciam independer de continuidades. Apenas ali, afirmavam, estava a verdade de seu corpo. Inútil, entretanto, não desejava da imagem conclusões, apenas ali. Se quiséssemos vê-la bastaria que olhássemos para seu lado. Sua sombra projetava toda a exposição suportável aos outros. Estando, se colocando a sua margem, fazia o lado escuro prevalecer e ofendia um pouco menos olhos desavizados de sua concretude, ou rispidez, como mais facilmente era interpretada.

Tarde na vitrine: as portas haviam sido fechadas. Às vezes penso que se fecharam devido a ventania, outras posso jurar que existia algo de humano naquela proibição. A visão não poderia mais nos salvar. Confesso a falta de certeza na salvação, nunca poderia dizer confiantemente que minha salvação estava naquela vitrine. E, passado algum tempo, creio que meus olhos se tornariam ainda mais foscos se tivesse o animo para forçar as portas.









































13-01-01



Já desgastados pelo atrito muscular, seus nervos enfim sucumbiram a primeira das ordens. O enforcamento estava iminente em seus pensamentos, e a mais calorosa das influencias não a faria rever o sonho de um dia experimentar a febre tão celebrada.

Ao se levantar, a cabeça doendo fazia-a tomar consciência de seu corpo. Sim, ela realmente estava ali. Para remediar a existência da matéria só há a putrefação. Quando o espirito se vai lutar é impossível. Muitas vezes ao não encontrarmos maiores motivos nos deixamos mover por sentimentos baixos. Impulsos de raiva, desejos de vingança, ou mesmo carência física fazem com que nos lancemos ao próximo passo, justificando, assim, a vida pelo movimento.

Provavelmente alguma doença a afligia. Alguma falha grave de caráter impossibilitava o surgimento desses impulsos tão aclamados quanto necessários, dessas vontades que definem o ser de ordem humana. Nada a a fazer a não ser aceitar de bom grado, mas um tanto indiferente, suas próprias distancias.







































27-01-01



Olhava os detalhes de outras vidas (imaginarias, provavelmente) voltando e repetindo a história de solidão. Uma solidão um pouco mais profunda que a usualmente chamada. Como se nela existisse a impossibilidade do contato lutando com a necessidade do pertencer. A uma ordem qualquer das coisas. Não havia como continuar funcionando se seu mecanismo já decretara a falência dos órgãos vitais. Ruminantes é que são felizes.



























































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