RIACHO SECO
Antonio Luiz Macêdo
Derramei minhas lágrimas de infância
na ânsia de encher teu leito
para que os meus barquinhos
de papel navegassem
tuas águas, em outras águas
que pudessem levá-los
a outras paisagens,
viagens, imagens de sonhos
vívidos e vividos, sentidos
nos sentidos e sentimentos
mais profundos dos mundos
construídos pelos meus dez anos,
dez meses e dez dias,
alegrias, energia, calmarias,
na companhia de mim mesmo
a esmo, sem a certeza
de que a beleza imaginada
da esquadra, nunca levantasse âncoras
porque o arco-íris rasgou o céu
e as gotas das nuvens
não caíram no chão.
|