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Contos-->Saída de emergência -- 16/06/2006 - 11:20 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
SAÍDA DE EMERGÊNCIA


Fernando Zocca

"Mais "pratão", menos Prozac"

(Frase atribuída ao Van Grogue quando ele soube que uma jovem fora considerada epiléptica e tratada com anticonvulsivantes por mais de 20 anos, sem que ela tivesse sofrido uma única convulsão em toda sua vida antes de consultar-se com o picareta.)


Van Grogue caminhava absorto nos seus pensamentos naquela manhã em Tupinambicas das Linhas. Ele maturava no que dissera uma vizinha sua. A anciã contara-lhe que a neta fora submetida ao tratamento contra epilepsia durante mais de 20 anos. Souberam depois desse tempo todo que a moçoila nunca tivera uma convulsão sequer em toda sua vida antes da primeira consulta com o médico.
Contaram também para os parentes da paciente, depois daquela vintena de anos sob dependência medicamentosa, que ela tinha direito ao conhecimento da avaliação diagnóstica completa determinante dos fatores etiológicos e as circunstâncias desencadeantes das crises convulsivas. A paciente tinha também o direito a anamnese total com exames físicos clínicos e neurológicos, investigações laboratoriais específicas, com referência especial aos exames bioquímicos do sangue, à análise do líquido cefalorraquidiano, à eletroencefalografia e aos estudos radiológicos especializados.
O senhor doutor médico, que escravizou a moça por tanto tempo, deveria ter feito esforço para identificar a doença clínica específica ou lesão cerebral focal. Nada disso foi feito. Aquele doutor na verdade, não passava do maior 171 de todo o Estado de São Tupinambos.
Van Grogue lembrava-se das últimas palavras ditas pela avó da menina: "Os pais da Sandra enfiaram tanto dinheiro no cu daquele médico, durante tanto tempo que ele comprou até apartamento às custas dela e de outros otários. A ingênua nunca teve uma crise nem ao menos do chamado pequeno mal."
Grogue caminhava e aspirava a fumaça do cigarro. Tinha paixão pelo tabaco; ele não concebia a vida sem o seu cigarrinho.
Algumas crianças que lhe cruzaram o caminho lembraram-lhe a ineficiência do ensino público na cidade. Existiam mais de 120 mil presos em todo Estado de São Tupinambos. Dessa multidão 80% não terminaram o curso primário. Eram analfabetos. Como se podia explicar o fenômeno? Grogue lembrou-se do que dissera Ernesto Mail em certa ocasião no bar da tia Lucy Nada. Ele falara sobre o assunto: "Antigamente as professoras neuróticas, loucas, recalcadas, e frustradas sexuais descarregavam suas neuras nas crianças indefesas. Davam beliscões, piparotes, croques e humilhavam os fracos diante dos demais. Hoje mudou tudo. Hoje se uma mulher maluca botar a mão numa criança pode parar na delegacia. Acontece que tendo de conter a violência da TPM, essas doidas agressivas se destinam aos consultórios psiquiátricos. O resultado disso tudo é um ensino deficiente gerador de evasões escolares e infratores da lei."
Van Grogue chegou ao bar da tia Lucy Nada e lá estavam a esperá-lo: André N.A Lina, Edgar D. Nal, Edbar B.I. Túrico, Bili Rubina, o médico anestesista doutor Brady Cardia e o não menos famoso Narcíseo M. Artelo.
Quando Grogue entrou Bili Rubina disse: "Van: tem um recado do Jarbas pra você." André N.A. Lina arrematou: "Eles querem te dar um emprego em troca do teu silêncio. Desejam comprar sua consciência. O Jarbas está de saco cheio de tanto ouvir as pessoas levando recados das coisas que você lhes diz. Acontece que agora estamos em tempo de eleição. O deputado estadual Tendes Trame também possui interesse no seu bico calado. Aliás, a seita maligna inteira do pavão-louco tem interesse no seu sossego. Ambicionam botar-lhe um cabresto, uma coleira. Querem amarrar o cão. E aí seu Van Grogue, o que nos diz?"
Van Grogue alinhou os cabelos caídos na testa, jogou a bituca fora e engolindo um gole de água-de-cana disse: "A seita maligna do pavão-louco, pela injustiça cometida contra minha pessoa, durante tantos anos, deve-me muito mais do que um mísero emprego mixo. Um milhão de dólares pra esses injustos pagarem pelo mal feito a mim, na forma de difamação e toda espécie de barreiras sociais, é pouco. Ou eles reparam as desgraças causadas ou ouvirão, por toda a eternidade, as verdades que denigrem as teorias furadas dessa maldita seita maligna. E eu já disse: não sobrará página sobre página. Chumbo trocado não dói."
Todos se entreolharam. Com os copos cheios eles brindaram em uníssono: "A vitória, ou a morte!"



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