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Contos-->Atchim! -- 21/06/2006 - 13:26 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Atchim!

Fernando Zocca


Van Grogue achava-se inseguro naqueles dias da copa do mundo de 2006. Ele sentia-se mais exposto que bandeira em data cívica. Mas também não era pra menos: no sábado anterior, quando saia do boteco, fora mordido por um vira-lata. Medicado no pronto-socorro soube horas depois que o cão falecera em decorrência de complicações múltiplas. Disseram que o animal fora envenenado por uma espécie de sangue ruim.
Van caminhava pensativo naquela manhã de quarta-feira. Remoia o que lhe contara um amigo seu. Falara-lhe o velhinho que existem impiedosos espreitadores que se agacham como os caçadores de passarinhos mas que preparavam armadilhas para pegar gente.
Van sonolento entrou no boteco da tia Lucy Nada. Um cheiro forte de inseticida impregnava o local. Dentre os presentes estava André N.A Lina que falava em tom alto: "Esse prefeito agora parece que vai. Indicaram pra ele uma vitamina ótima. Dizem que não falha. É o complexo vitamínico Namoral que qualquer farmácia tem.Rarará."
Kol da Mumunha, que andava sumido, surgiu alegre como que liberto de grilhões invisíveis. Ele mandou ver: "Sabe qual foi a primeira pergunta da primeira entrevista do foca lá no Diário de Tupinambicas das Linhas? Ele perguntou pro Mário Leitão: o senhor é palmeirense? Rarará!"
Depois de servido por tia Lucy Grogue entrou na conversa: "Eu soube desse assunto. Quando foi mesmo?" Kol da Mumunha considerado por muitos por ter a mente brilhante foi certeiro: "Aconteceu no dia 26 de fevereiro de 1974. Eu me lembro muito bem. Naquele tempo já existia gente que confundia Gigi com xixi.A gozação foi geral.Rarará"
André N.A. Lina aproveitou e disse: "Quanto político esperto não aproveitou essa forma de associação de idéias para ganhar cargo público! Tem deputado que se escora nisso até hoje! Rarará!"
Um clima de alegria pairava no ambiente. O som baixo vibrava o radio postado na prateleira acima da pia onde a dona Lucy lavava os copos.
Noecir Ponteiro entrou afogueado. Ele trazia debaixo do braço um volume vetusto do livro Assombrações do Recife antigo, do Gilberto Freire. Colocou o pacote em cima do balcão e pediu a baronesa. Servido ele notou a curiosidade dos demais integrantes da roda de bambas.
André tomou o livro e perguntou: "O que é isso hermano? Dando uma de intelectual agora? Parece que bebe!" Noecir respondeu: "São páginas da vida antiga no Brasil. Coisa fina. Supimpa mesmo! Gostei de ler."
A conversa engatava novamente seu ritmo manso quando no rádio o locutor noticiava: "A oficina do Carlão boca-de-porco foi interditada pela secretaria da saúde do município por usar um compressor que espalha tinta pelo ar da vizinhança toda. O proprietário disse que era perseguição e que estava ganhando o pão dele. A coisa complicou-se. Foi todo mundo parar na delegacia. Lá o delegado informou ao moço das tintas que o direito dele terminava onde começava o das demais pessoas. Os vizinhos tinham direito ao ar sem resíduos expelidos por compressor. Revoltado, Carlão boca-de-porco disse que apelaria às forças escamoteadas utilizadas pelos integrantes da seita maligna do pavão-doido. Os reclamantes que denunciaram as irregularidades apontaram além da tinta no ar, o excesso de ruído e a vibração provocada pela máquina."
Todos os reunidos no botequim se olharam. Uma certeza pairou entre eles: o bicho pegaria. Aquilo só podia ser coisa da vovó Bim Latem e de Luisa Fernanda, a fodida.

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