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cronicas-->O que fazer? -- 19/06/2004 - 01:25 (Vera Ione Molina) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Todos acham que minha adolescência está se prolongando, eu sou o primeiro a me boicotar porque não quis nada com os estudos e não trabalho. Como se arranjar emprego fosse fácil neste país. Tu és uma pobre mulher, arrimo de família, e tens de carregar um adulto nas costas. Não me surpreende que assim seja, minha mãe, sempre gostaste de sofrer. Quando uma de nossas tias casou com um bem sucedido empresário, escutei teu comentário com uma amiga:"A Marta casou com um cara que diz que em toda a vida dele o único livro que leu foi "Só é gordo quem quer" e, acrescentavas, se arrependeu. Vocês riam e bebiam cerveja enquanto esperavam por uns caras de óculos redondos e camisas xadrezes, bolsa a tiracolo cheias de panfletos e revistas para vender. Saíam como andarilhos pelo bairro e, às vezes me carregavam junto para distribuir papéis mimeografados e passar abaixo-assinados na famigerada esquina democrática. Toda a família falava de ti em voz baixa e aquele tio que andava pilchado se dirigia a ti como vocês. "Vocês são uns baderneiros, aquele cara é um parasita que vive às custas de vocês e recebe ajuda do exterior, vocês apóiam esses vagabundos que invadem as terras dos outros" e por aí seguia, isso que aquele tio nunca tinha sido proprietário de um metro quadrado de terra.
Por falar em terra, eu te perguntava porque não gostavas de alguns sucessos nativistas e respondias que eram letras de músicas que tratavam o homem do campo como alguém que tinha deixado o paraíso do bom cavalo, carne gorda, serviço que nunca faltava, atraído pelas luzes da cidade. Os fazendeiros adoravam o que chamavam de música de protesto, segundo teu discurso. Aqueles tempos demoraram séculos a passar, mas a situação foi mudando e muita gente começou a entrar para a turma de vocês. Só que eles entravam e ocupavam posições atraentes e vocês continuavam carregando bandeira.
E tu firme, acreditando numa mudança não sei de quê, feita não sei como.
Recentemente aquele que todos achavam que não tinha condições de governar porque era um ignorante, andou agradando dos operários ao empresariado, da umbanda à igreja católica, e tu com medo. Todos entusiasmados porque ele ia resolver o problema da fome, veio de baixo. Até aquelas mulheres que só votavam no mais bonitinho e mais refinado andaram encantadas, a Regina Duarte se tranquilizou e continuaste dizendo baixinho para a tua turma que estavas com medo.
Depois vieram as armações que tanto previste, mas não justificam a falta de solução de problemas históricos e o surgimento de novos, como o ataque às conquistas da classe trabalhadora, o novo salário mínimo.
E agora, o que vais fazer com essa bandeira vermelha de vergonha escondida atrás do sofá da sala?
Vera Ione Molina
Homepage: www.veramolina.com.br
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