Usina de Letras
Usina de Letras
152 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62182 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22532)

Discursos (3238)

Ensaios - (10351)

Erótico (13567)

Frases (50584)

Humor (20028)

Infantil (5425)

Infanto Juvenil (4757)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140793)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1959)

Textos Religiosos/Sermões (6184)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->Apenas uma centelha -- 16/07/2006 - 22:43 (Heleida Nobrega Metello) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Vou contar uma história, porque acho que muitos ainda passam por essa dor:


Heleida Nobrega Metello, 2000


Certo dia, Joana encontrou uma mancha em seu corpo. Não doía nem nada, mas a incomodava. Tinha que livrar-se dela. Andou muito em busca de ajuda. Foram tantas as pomadas prescritas, que sequer chegou a contar.

Estava cinzento o céu quando o doutor lhe disse:

- “Você tem ‘Lepra’!”

Desmoronou. Chorou todas as lágrimas. Agira sabia o mal que a consumia.

‘Lepra’! lembrou... Lembrou do evangelho, lembrou do padre da sua igreja, lembrou da ‘lepra da alma . Lembrou de Lázaro. Lembrou das histórias que ouvia quando criança: das pessoas que caminhavam pelas estradas ou periferias das cidades, vestidas de trapos, para esconder talvez seus farrapos. Pobres coitados que passavam com sinos e canecos, para que ninguém chegasse tão perto, porém, nem tão longe que não pudesse dar uma esmola a quem tão pouco pedia e recebia.

Chorou, pois nem sequer sabia que a ‘lepra’ ainda existia. Mas não desistiu. Isso não! Precisava de mais. Não havia lhe bastado aquele diagnóstico. Persistiu na busca até encontrar um outro doutor que lhe disse:

- “Você tem HANSENÍASE, uma doença que tem cura! É extremamente importante que aos primeiros sinais as pessoas procurem logo um serviço de saúde.

- “E a ‘lepra’, doutor?” indaguei, pois meus pensamentos acabaram sendo povoados por ela.

-“A ‘lepra’ ficou lá fora, no passado, com todas as suas marcas tão faladas e malfadadas...”

Foi aí que ela se começou a compreender esse novo tempo da doença. Ela sentou-se para escutar.

Era como se uma outra porta se abrisse. Agora, sim, Joana começava a entender porque era HANSENÍASE e não ‘lepra’ a doença que a acometia. Não era o nome... Era a postura que a comovia naquele momento.

Se fosse ‘lepra’, não teria sido recebida sem temor, pensou ela. Se fosse ‘lepra’, não estaria indo agora para casa com a certeza de poder abraçar seu marido, filhos, enfim, sua família. Se fosse ‘lepra’, teria que abandonar o trabalho para não contaminar outros pobres coitados. Se fosse ‘lepra’, esse doutor teria dito que ela precisaria se afastar de todos os entes queridos para não ter mais motivos para chorar.

Não, não foi isso que Joana viu. Não foi o que escutou. Não foi o que sentiu. Sentiu a chance de CURA. Sentiu o olhar do ‘próximo’. Sentiu o ‘sorriso’ das palavras boas. Palavras certas, ditas na hora certa!

- “Não, disse ela. Não vou ficar com os entulhos do passado dessa história transbordando e sufocando minha garganta. Não vou me transformar num terreno baldio de peito vazio. Sei que sou só um grão de areia, mas sei também que tenho a minha importância. Não estou sozinha. Encontrei a palavra, a atenção que tanto busquei. E o que é melhor: a perspectiva de CURA. Encontrei uma centelha que reacendeu minha vontade de viver.



Heleida Nobrega Metello/(sensibilização para profissionais de saúde/junho de 2000
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui