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Contos-->ESCUTA ZÉ NINGUÉM -- 26/07/2006 - 09:32 (HÉLDER PINHEIRO MAYER) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
ESCUTA ZÉ NINGUÉM!
“O HOMEM PODE SER DESTRUÍDO, MAS NUNCA DERROTADO” Ernest Hermingway
I A DECISÃO FATAL
A igreja azulada revestida de uma antiga pintura ficava defronte a uma minúscula praça desprezível sem quaisquer significativos de atrativos ornamentais a destacar, a todo e qualquer transeunte, naquele pôr de sol abençoado da mão da natureza de um modo especial manhoso fora encoberto por uma cortina de um pueril sol covarde. Era abraçada bruscamente nos imponentes braços de uma construção de concreto armado, as vigoras, estacas, vigas e pilares de aço, bifurcados dos viadutos da continuação da ponte cinzenta taciturna elevada sonolenta.
O vento poeirento, anunciava uma precipitação pluviométrica atrasada por algum motivo clímático, diria algum meteorologista de Segunda-mão, sendo de modo o tempo mais tarde haveria de limpar o lugarejo afastando o odor repugnante calorento. Cascas de melancias e bagaços de entulhos forravam numa espécie de tapete de folhas secas testemunho com nuvens de moscas , que ali foi palco de uma cerimônia religiosa, por algumas horas passadas do dia de intenso mormaço naquela, então agora, cercanias abandonadas silenciosas dos passos famintos de divinos milagres.
Portanto, restava somente a suave lembrança da procissão de fé da multidão piedosa. Ao menos, uns três maltrapilhos mendigos dormitavam serenos alienados, abatidos daquele instante sob à ponte protetora acompanhados de garrafas de plásticos de aguardente barata sem atinar ninguém, estavam entorpecidos pelo vapor alcoólico exalado, ou do que significava qualquer linha de razão para àquela ocasião do feriado religioso esquecido dos espíritos deles alienados.
Poucos veículos transitavam nos asfaltos ferventes, sem perturbar a tarde, por ser um estanho feriado sagrado, sobre a pacífica ponte de pinche derretido calor da esfera de brasa pendurada sobre as cabeças humanas. Estava abafada a atmosfera adormecendo o clima de verão. Somente uma aparição inoportuna invadia com a imagem distorcida pelas ondas do calor das circunstâncias de linhas de harmonia, caminhando em passos cadenciais, ao ponto mais distinto do alambrado da construção, onde se avistava a divisão do centro do rio manso de curvas poluídas misteriosas.
O homem carregava carinhoso uma pedra como se fosse um animal de estimação. O esforço demonstrava ser de considerável peso de granito de porte mediano, amarrada a uma resistente corda de náilon, que se podia dizer, vermelha. Era uma melancólica figura, sem quaisquer aspectos atraentes. Estatura mediana, delgada, um homem de idade madura, cabeleira e barba grisalhas por fazer, vestindo um traje amarelo de gosto duvidoso acompanhado de um chapéu esfarrapado de cor preta. “Tantos pagaram promessas naquele dia”, pensava ele consigo, “talvez dessa maneira fosse confundido como mais um devoto desgarrado da Santa dos Navegantes cumprindo mais uma oferenda, assim ninguém deve interromper o meu último ritual”. Os guardas encarregados de proteger o patrimônio descansavam, aproveitavam uma subornavem soneca bucólica. Os pássaros voam distraídos do ser humano de passos firmes e sólidos de um condenado a pena de morte, ou um mártir em alcançar o ápice do pedestal da qual libertaria do sofrimento da existência mundana para todo o sempre.
“Espero não errar dessa vez”. Já nem sabia as contas das vezes, que foi um enorme fiasco de tentar subtrair à própria vida(se é que poderia chamar isto de vida). Rezava, suando o rosto todo e corpo cansado do doloroso destino individual. Recordava a porcaria de viver nesta terra esquecida de algum Deus. Cuspia de raiva faminta alimentada de angústia pelo trajeto do cadafalso. “O governo uma “m” ao quadrado.” “O salário uma esmola vergonhosa”. - Não tenho ninguém, uma mulher, filho, cachorro, patrimônio e nada mais...Sem sonhos... Esbravejava falando sozinho parecendo mais um alienado do que um suicida conformado com o destino.
-Aqui se paga mais pecados do que na terra do demônio, tchê!!! Dizia consigo, gauchescamente sem perceber que a sua revolta era quem fortalecia na missão desesperada. – Se eu pudesse seria um homem-bomba e explodiria em mil pedaços de carne e pólvora carregando toda essa miséria comigo! – declarava lambendo a amargura mesclada de ódio e raiva - mas não tenho um centavo neste bolso ingrato pra comprar um cigarro avulso!!! Xingava a fatalidade Indignado até a ponta do dedo do pé, calçando chinelos baratos de marmiteiro, chegando finalmente onde desejava. Um enforcado consciente da penitência a ser cumprida. Seria enterrado como veio ao mundo, como um miserável indigente, sem qualquer alma a chorar no seu velório de miséria varrida devorada pela maldição dos homens e dos deuses.
II A MORTE VISITA AMIGA
Amarrando a corda em volta do pescoço franzindo, remoía em rezar uma ave-maria, entretanto do que podia adiantar; pois rezou a vida inteira e, somente comeu o pão-que-o-diabo-amassou o frio corroendo os ossos e o calor a pele numa fatalidade de pobreza, pensava, “a justiça é cega mais possuí bolso forrado de muito dinheiro podre”...
Erguendo a pesada pedra da execução, acima dos ombros trêmulos, se jogando no impulso sobre-humano na imensidão do espaço gritando, como aliviasse no sacrifício a angústia de viver sem nenhuma gota de esperança. Um tremendo barulho estourou, sentiu ser sugado através de um túnel gosmento escuro sentindo os esqueletos sugado nas águas frias de uma abismo
III O OUTRO INFERNO
Despertou letárgico, numa espécie de caverna abafada flamejante.- Rapaz!!! Numa frase de espanto – Estou no inferno!!! –Estou livre!!! Repetia tomado de uma aliciadora felicidade. Concluiu ele, sabedor do mal que fizera. – Não posso te aceitar filho-de-uma-égua!!! Uma voz estrondosa repercutiu nas paredes da gruta maldita do diabo. – Aqui é lugar de assassinos, estrupadores, traficantes, políticos corruptos e outros profissionais do ramo, mas você!!! A voz permanecia irritada. – Você!!! Vai contaminarrrr todo o meu reino infernal de gozação com o seu infecto azar!!! Era por demais, nem o senhor das trevas, o capeta e outros sei lá outros nomes, o aceitava como um hóspede condenado. – Espere aí!!! intimidou. Eu me suicidei!!! A voz se calou num instante, como soubesse do que se socorrer nestes casos inconvenientes(pois dizem que o mesmo fato ocorreu com um certo Hitler uma concorrência desagradável ao demo).- Vou lhe mandar ao “celeste”como erro de fabricação e solicitarei uma devida doação de misericórdia. Nestas horas somos muitos diplomáticos, he,he,he... Disfarçava uma risada sufocada de esperto. – Já, que sempre você foi um desgraçado na vida naquele país maluco. Heheheh!!! Enrolava o olhar de ardiloso.
Quando Zé tentou se defender persuadindo o demo da posição, surgiu um raio daqueles de efeito especiais de cinema americano, prá ninguém botar defeito sô! Terminando a conversa ali mesmo sem nenhuma chance de apelação do desgraçado azarado e pé-frio do Zé.... coitado gente!!!
IV O CÉU COMO TESTEMUNHA
Nuvens, nuvens e mais nuvens de diversas tonalidades(quem podia deixar de se enjoar?) até atingir uma majestosa cidade de mármore e cristais reluzentes. Era a famosa “Nova-Jerusalém” flutuando soberana sob um lindo arco-íris no universo sideral. Finalmente a redenção de viver o descanso sem dúvidas e dissabores, pobreza, sem amor, doença e solidão. Tinha se acabado e chegado ao término da cansativa caminhada e espinhosa jornada. Uma outra voz. Melosa dessa vez, pacífica,(daquelas de sacristão italiano) disse-lhe, - Zé!!! É você meu filho?!! Ele em prantos o cristão respondeu ajoelhando-se. – Sim, sim mestre querido!!!! Ajoelhando, abraçando em cachoeiras de lágrimas as vestes alvas da devota aparição.
- Estamos lhe esperando há anos, minha ovelha desgarrada... melodiosa voz ritmada.
- Senhor!!! Senhor!! Eu...eu estou aqui!!! Chorava, sem conter a felicidade do encontro glorioso.
- Pois, agora serás o nosso faxineiro celeste. Diga-se que esse cargo ficou vago há quase quatro séculos!!!Agora pegue a vassoura celeste, o pano-de-chão benzido e o balde sagrado e inicie a obra do Ser Supremo começando a limpar o mármore da Cidade-de-Deus como agradecimento da misericórdia divina.falando com um voz de autoridade paroquial.
Mas senhor essa cidade é imensa!!! Nem posso contar quantos ladrilhos!!! Em tom de reclamação. A voz retornou um pouco contrariada pela relutância.
- Você, tem agora a vida inteira...hum, isto é, a vida eterna pela frente nesta Santa Casa de paz!!! Escuta Zé Ninguém!!! Obedeça a vontade divina!!! Ainda hoje vem uma excursão dos americanos vindo de uma guerrinha contra os infiéis...tossindo um pouco. –Imagine aqueles coturnos lustroso marchando cobertos de areias do desertos no chão imundo da Cidade Santa?!
Zé estava de boca-aberta incrédulo com tudo aquilo. –Sabe de uma coisa?! Irado com o resultado da busca. A raiva transbordava pelos olhos e cabeça.
- O senhor me remeta pra àquele buraco de onde eu vim chamado de Brasil e eu prometo de pés juntos não contar a ninguém sobre a sem-vergonhice de vocês do outro lado da vida, tá sabendo?!!!
-Pois não! Foi o bastante, que fez surgir um outro raio , porém agora azulado veio de pronto atingir o coitado outra vez bem na testa da miserável criatura desgraçada.
V A RESSURREIÇÃO INGRATA
Despertou numa embarcação envelhecida, como se fosse uma sucata próxima da margem das águas mansas embarradas. Os pescadores diziam incrédulos ser um milagre, àquela sombra de homem magro renascido do fundo do rio lamacento, como fio-de-cabelo, sobreviver as profundezas do rio. Zé abrindo os olhos miúdos reanimados, se resignou, agora sabia mais do que nunca, que a famosa justiça decantada, não se encontrava nem aqui embaixo do chão e nem no além das nuvens para alguém perdido na fatalidade da vida, tentava sorrir, mostrando a tímida dentadura amarelada de mal hálito repleta de cáries , sem pestanejar da sorte, faltando os dentes da frente. Acreditando mais nele agora, no carma do seu destino de homem brasileiro. Pois maisssss pra ôces, não duvidar, é só procurar saber quantos Zés ninguém, existe pró esse mundão afora!!!!Tcheeeê!!!

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