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Infanto_Juvenil-->A OUTRA HISTÓRIA DO PEIXE -- 09/11/2003 - 00:08 (ADELMARIO SAMPAIO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A OUTRA HISTÓRIA DO PEIXE


Num lugar de águas mornas do Mar Mediterrâneo, perto de Ráfia, entre Jope e o Delta do Nilo, um grupo alegre de peixes, fazia acrobacias.
Eram jovens, e a juventude, era o combustível da alegria e destreza.
E a brincadeira entre esses peixes, era mais ou menos a seguinte: Disparavam em velocidade, e tomando grande impulso, saltavam fora d água, dando cambalhotas e piruetas. A cada instante, um deles fazia uma variação no salto, e os outros aplaudiam alegres, e depois tentavam imitar, e por fim, aperfeiçoar.
Um peixe maior, um tubarão baleia, aproximou-se atraído pela alegre algazarra, e ficou a uma certa distância, observando simpaticamente, a festa dos jovens.
Nisso passou um barco arrastado pela corrente de águas e pelo vento, e um dos jovens brincalhões, que nem tinha percebido, quase se choca com ele no seu salto.
_ Tomem mais cuidado! – disse o tubarão baleia aos outros.
O grupo alegremente veio e rodeou o mais velho, numa brincadeira de roda, e um deles disse convidando:
_ Não quer brincar conosco?
O tubarão velho riu, fazendo um sinal negativo, e depois disse:
_ Quem sou eu para acompanhar vocês, com todo esse meu tamanho, e a minha idade!?... Já perdi a muito tempo a mobilidade da juventude, e tenho que me contentar em ver com alegria a alegria de vocês. Eu já fui também um acrobata, mas isso há muito tempo.
Enquanto o velho peixe falava, passou um outro ainda mais velho, nadando na mesma rota, seguindo o barco que passou. Então os peixes mais novos viram, e perguntaram:
_ Quem é esse?... Não parece um dos nossos parentes?...
_ Eu o conheço há muitos anos. Se quiserem, conto a história dele que é muito interessante...
_ Queremos! – gritaram os animados peixes, e já se colocavam ao redor, para ouvirem o simpático tubarão, que contou:
_ Na verdade, nós todos somos parentes do grande peixe. E conheço a sua história que ouvi contar muitas vezes desde que eu era jovem como vocês. Hoje ele não fala mais com ninguém, não se sabe bem a causa. Mas na última vez que falou eu estava perto, e ouvi o que disse.
"Ele contou que certa vez, numa tarde de tempestade, nadava perto de um barco, esperando que jogassem comida ao mar como os marinheiros costumavam fazer.”
_ Que é marinheiro? – alguém perguntou.
_ São os homens que vivem dentro dos barcos...
_ Cale essa boca, e vamos ouvir a história!... – disse um dos outros peixes.
Então o velho continuou:
_ O grande peixe contou que naquele momento, ouviu uma voz forte como de trovão, falando na linguagem dos peixes, que seguisse o barco, e engolisse o que caísse dele. O peixe ficou assustado, sem saber de onde vinha aquela voz, mas continuou seguindo o barco que parecia a todo instante, quase afundar, por causa da fúria do mar. Ele olhava o tempo todo para o alto, e viu o exato momento que um homem caiu do barco, sozinho, como se tivesse sido jogado pelos outros homens.
"Viu quando o homem tentava nadar, se debatendo acima, e teve dúvida se obedecia ou não a voz. Mas ouviu novamente como um trovão falando com ele as seguintes palavras: "Eu sou o criador dos peixes, dos mares, e de tudo que há. E te ordeno, que engula esse homem!"
"Então o grande peixe não teve mais dúvida, e nadou a toda velocidade, e de um salto, apanhou o homem, e engoliu sem mastigar. Mas como jamais tinha feito uma coisa dessas, engoliu também uma grande quantidade de ar, que depois se tornara uma grande bolha em seu estômago, o incomodando muito. A bolha de ar impedia que o homem fosse digerido, e por isso, o peixe passou mal por três dias seguidos.”
_ E o que aconteceu? O homem continuou vivo na barriga do peixe? – perguntou um dos peixes que ouviam.
_ Esperem, que eu conto o que aconteceu. O grande peixe nadou de um lado para outro, com aquela bola incomodando na barriga. Esfregava-se no fundo do mar, subia à superfície, e nada aliviava. Não sabia o que fazer, e pensou que ia morrer com o homem vivo ainda se mexendo dentro de si. Era uma agonia enorme que ele sentia. E para piorar as coisas, ouvia o homem gritando dentro de si.
Os ouvintes riam, e esperavam ansiosos o final da história. O velho continuou:
_ Então o grande peixe não agüentava mais de agonia, e foi até uma praia aqui perto de uma cidade que se chama Nínive, e sentiu uma tontura, e ficou boiando parado ali. Não conseguia nadar mais, e as ondas foram empurrando seu enorme corpo cada vez mais para o raso. De repente, ele sentiu uma vontade enorme de vomitar, e o fez, e viu o homem sair de sua boca, inteiro, com vida, e levantar-se e sair correndo pela praia.
Os peixes caíram na risada, e um deles comentou:
_ O homem devia estar com medo de ser engolido de novo!
_ E o que aconteceu com o peixe depois?
_ Ele foi ficando cada vez mais calado. Penso que a última vez que falou, foi essa que o ouvi contando a história. E agora, ele anda seguindo os barcos que andam na mesma rota que aquele estava. Dizem que ele é louco, e é conhecido pelos marinheiros como o peixe de Jonas, que era o nome do homem que foi engolido. Parece que anda protegendo os barcos.
"Muitos anos depois, ouvi contar, que os homens tem um livro que conta a mesma história, só que do ponto de vista deles. Dizem que eles acreditam que foi o criador dos mares e dos peixes, quem fez com que tudo isso acontecesse.
Quando acabou de contar a história, o valho tubarão se afastou, e ouviu de longe os peixes dizerem:
_ Agora vamos brincar de engolir homem!...
_ Eu pulo primeiro!...
E as brincadeiras continuam...

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Adelmario Sampaio
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