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cronicas-->Revolução até a morte. -- 15/01/2004 - 10:01 (Tchê Guevara de Cuba) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
COMPANHEIROS:

ESTA É A SEGUNDA CARTA QUE O COMANDANTE FIDEL CASTRO MANDA AO " TODO
PODEROSO DO IMPERIALISMO".


>
>
> SEGUNDA EPíSTOLA
>
> Queridos compatriotas:
>
> Duas novas infàmias do governo dos Estados Unidos - a inclusão de Cuba em
> outra das prepotentes listas dos que pretendem ser amos do mundo,
> introduzida em um informe do Departamento de Estado publicado em 14 de
> junho, no qual se acusa a nosso país de participar do tráfico de pessoas e
> se acrescenta a vil calúnia de promover o turismo sexual, e a proclamação,
> no dia 16, de cruéis medidas adicionais de bloqueio para asfixiar a
> economia que sustenta a vida de nosso povo - obrigam-me a dirigir uma
> segunda mensagem ao Presidente dos Estados Unidos.
>
> Senhor Bush:
>
> Devo ser sereno, mas muito sincero, embora sem nenhum ànimo de insultar ou
> ofender pessoalmente. Incluir a Cuba numa lista de países que praticam o
> tráfico ilegal de pessoas é cínico. Algo ainda mais infame e repugnante,
> nesse prepotente informe que o Departamento de Estado se vê obrigado a
> subscrever todos os anos, é afirmar que Cuba promove o turismo sexual,
> inclusive com crianças.
>
> O senhor está em condições de saber que, com o objetivo da reunificação
> familiar, Cuba assinou dois acordos migratórios com os Estados Unidos. O
> primeiro, do ano de 1984, não foi cumprido pelas administrações
> norte-americanas. Dez anos depois, em lugar dos 20 mil vistos oferecidos,
> foram concedidos apenas cerca de mil a cada ano, cinco por cento. Por
> ocasião da crise migratória desatada no ano de 1994, nosso país assinou um
> novo acordo com o governo dos Estados Unidos, ampliado no ano seguinte e
> em vigor atualmente, e que, embora tenha sido essencialmente cumprido
> quanto ao número de vistos, não o foi quanto à incontestável e fundamental
> obrigação de evitar todo alento à emigração ilegal.
>
> A assassina Lei de Ajuste Cubano se manteve inalterada sem nenhuma
> justificativa, acrescentando-se, inclusive, novos estímulos à mesma. Essa
> lei absurda e imoral custou um incalculável número de vidas, entre elas,
> as de muitas crianças cubanas. A partir dela surgiu depois o odioso
> tráfico de migrantes através de lanchas rápidas que, procedentes da
> Flórida, chegavam a qualquer ponto de nossa costa. Cuba sanciona esses
> atos com severidade, ao mesmo tempo em que, por razões políticas
> amplamente conhecidas associadas ao estado da Flórida, as administrações
> dos Estados Unidos cruzam os braços.
>
> Nenhum país do mundo proporcionou tanta proteção física e moral, saúde e
> educação a suas crianças como Cuba. O senhor deveria saber que nos Estados
> Unidos morre uma proporção maior de crianças no primeiro ano de vida que
> em Cuba. Cem por cento das crianças e adolescentes em nosso país,
> incluídos os que sofrem alguma forma de deficiência mental ou física,
> frequentam as escolas correspondentes e estudam.
>
> Como pretende o senhor ignorar que, enquanto nos Estados Unidos há nas
> salas de aula uma média de mais de 30 alunos por professor, em Cuba há
> menos de 20, e nossos resultados escolares já ultrapassam os de qualquer
> país desenvolvido.
>
> Nossos serviços de saúde elevaram as perspectivas de vida de cada criança
> que nasce, de 60 anos ou menos em 1959, segundo estimativas, a 76,13 anos
> atualmente.
>
> Apesar do bloqueio dos Estados Unidos e do derrubamento do campo
> socialista, o desemprego em Cuba atinge apenas 2,3 por cento, várias vezes
> menos que o de seu próprio país, o mais rico e industrializado do mundo.
>
> O senhor deveria sentir vergonha por tentar asfixiar economicamente o povo
> que, bloqueado e submetido a mais de quatro décadas de guerra económica,
> agressões armadas e ações terroristas, foi capaz de realizar tais proezas.
> Em seu próprio país, o senhor não poderia mostrar nada parecido.
>
> O senhor procura estrangular a economia e ameaça com a guerra ao país que
> foi capaz de atingir a cifra de 20 mil médicos prestando serviços
> atualmente em 64 países do Terceiro Mundo. Sua administração, apesar de
> dispor dos recursos da potência mais rica da Terra, não enviou nenhum aos
> mais afastados rincões desses países, como faz Cuba.
>
> Sobre sua consciência, como também sobre a consciência dos demais líderes
> dos Estados mais ricos, pesa o genocídio constituído pela morte, a cada
> ano, de mais de dez milhões de crianças e de outras dezenas de milhões de
> pessoas que poderiam salvar-se, em consequência das mais variadas formas
> de saqueio e roubo a que são submetidos os países do Terceiro Mundo, pela
> ordem económica mundial injusta e já insustentável que os países ricos
> impuseram, em detrimento de 80 por cento dos habitantes do planeta.
>
> Alguém deveria informar o senhor sobre esses problemas e essas verdades,
> em vez de semear intrigas e mentiras o tempo todo.
>
> Em relação a Cuba, o senhor se deixa levar pela fanática crença de que sua
> reeleição em novembro depende do apoio de uma máfia sabidamente
> terrorista, de velhos emigrados e seus descendentes, dos quais uma parte
> importante procede do grupo de malversadores e criminosos de guerra
> batistianos que se refugiaram nos Estados Unidos, com seu butim às costas
> e seus crimes impunes. Outros enriqueceram graças aos serviços prestados
> durante muito tempo em atos de terrorismo e agressões que custaram muito
> sangue a nosso povo. Esses grupos estão cada vez mais desprestigiados e
> são cada vez menos influentes. Todo mundo se lembra o que ocorreu na
> Flórida, onde eles cometeram numerosas fraudes eleitorais, em que são
> verdadeiros peritos, e o senhor obteve a vitória por apenas 518 votos. Não
> quero humilhá-lo fuçando nesse sórdido e desagradável tema. Prefiro
> limitar-me a expressar-lhe com franqueza que os erros a que seus
> compromissos com essa máfia o conduzem podem ser decisivos ao contrário
> nas próximas eleições.
>
> O povo norte-americano já está aborrecido da vergonhosa influência que
> esses grupos exercem sobre a política externa e interna de um país tão
> importante. Sua dependência em relação a esses grupos vai acabar
> tirando-lhe muitos votos, e não apenas na Flórida, mas em todo o país.
>
> Ao proibir os norte-americanos de viajar a Cuba com brutais ameaças de
> repressão, o senhor viola um princípio constitucional e um direito de que
> sempre se orgulharam os cidadãos de seu país. Além disso, demonstra medo
> político.
>
> Quando Cuba, sem vacilação nem temor, abriu suas portas, com pouquíssimas
> exceções, à grande massa de emigrados para que visitassem seu país de
> origem; quando, inclusive, em data recente, foi autorizado realizá-lo com
> o simples tràmite da habilitação do passaporte a cada dois anos, para
> viajar quantas vezes desejem, o senhor aplica medidas impiedosas e
> desumanas contra as famílias cubanas, que ultrajam sua cultura e suas
> tradições ancestrais. Proibir os cubanos residentes, naturalizados ou não,
> de visitar seus familiares mais próximos durante um período de três anos,
> mesmo que estes estejam à beira da morte, é de uma crueldade
> inqualificável. Não são poucos os cubano-americanos que já estão pensando
> em promover um voto de castigo.
>
> Por razões estritamente eleitorais, passando por cima das Resoluções
> aprovadas pela quase totalidade dos membros das Nações Unidas, o senhor
> acaba de adotar, contra o povo cubano, novas e mais duras medidas
> económicas, que repugnam a opinião pública mundial e a imensa maioria da
> própria opinião pública dos Estados Unidos.
>
> O pior de sua disparatada e torpe política contra Cuba é que o senhor e
> seu grupo de assessores próximos declararam sem pudor seu propósito de
> impor pela força o que qualificam de transição política em Cuba, caso
> ocorra minha morte enquanto ocupo meu cargo atual; transição, aliás, que
> não hesitam em confessar que tratarão de acelerar o máximo possível. O
> senhor sabe muito bem o que isso significa em linguagem mafiosa.
>
> A maior falta de vergonha, entretanto, talvez tenha sido anunciar que as
> primeiras horas serão decisivas, já que a idéia seria impedir depois, a
> qualquer custo e em qualquer circunstància, que uma nova direção política
> e administrativa assumisse a condução de nosso país, ignorando totalmente
> a Constituição cubana, as faculdades da Assembléia Nacional e da Direção
> de nosso Partido, e as funções que a Lei fundamental e as mais altas
> instituições do povo delegaram - como em todas as partes do mundo - aos
> que têm as responsabilidades pertinentes para assumir imediatamente essa
> tarefa.
>
> Como isso só pode ser feito enviando tropas para ocupar pontos chave do
> país, o que se está proclamando é o propósito de intervir militarmente em
> nossa pátria. Por isso, em 14 de maio, eu lhe enviei de antemão minhas
> saudações ao papel de César que o senhor assume, as quais tomei dos
> gladiadores obrigados a combater até a morte no circo da antiga Roma.
>
> Hoje considero conveniente acrescentar mais algumas coisas.
>
> O senhor deve saber que sua marcha contra Cuba não será nada fácil. Nosso
> povo resistirá a suas medidas económicas, sejam quais forem. Quarenta e
> cinco anos de luta heróica frente ao bloqueio e à guerra económica,
> ameaças, agressões, planos de assassinato a seus líderes, sabotagens e
> terrorismo, não debilitaram, senão que fortaleceram a Revolução.
>
> Há 43 anos, a traiçoeira invasão por Girón foi destroçada em menos de 66
> horas de combate sem trégua, frente a todos os cálculos de brilhantes
> peritos.
>
> Alguns dos que dirigimos esta Revolução vivemos aquela singular
> experiência, em que um punhado de homens, partindo de sete fuzis,
> conseguiu, com as armas tomadas do inimigo em combate, derrotar as forças
> armadas de Batista, equipadas, treinadas e assessoradas pelos Estados
> Unidos, que chegavam a 85 mil homens.
>
> Um ano e seis meses depois de Girón, em outubro de 1962, a ameaça real de
> um ataque nuclear não fez nem um só combatente cubano pestanejar. Nenhuma
> inspeção em nosso território foi autorizada, apesar do acordado pelas duas
> superpotências.
>
> Dezenas de anos de guerra suja, sabotagens e terrorismo, em que tanto se
> destacaram muitos de seus atuais amigos de Miami, não puderam subjugar a
> Cuba.
>
> A queda do campo socialista europeu e da própria URSS, que nos privou de
> mercado, combustível, alimentos e matérias-primas, frente a um bloqueio
> fortalecido pelas leis Torricelli e Helms-Burton e outras medidas, não
> quebrantaram o povo cubano, e ocorreu o que parecia impossível:
> resistimos! Algo que já está no sangue e nas tradições dos patriotas
> cubanos, que, na última guerra contra o colonialismo espanhol,
> enfrentaram, desgastaram e virtualmente derrotaram a 300 mil soldados da
> Espanha, é esse espírito de lutar contra o impossível e vencer.
>
> Não é meu objetivo, senhor Presidente dos Estados Unidos, mortificá-lo ou
> amargar sua vida com essas lembranças. Simplesmente cumpro o desejo de
> esclarecê-lo sobre o que é Cuba, o que significa um processo
> revolucionário verdadeiro e profundo, e como é o povo que o senhor
> pretende olhar com desprezo.
>
> Cuba conta hoje com a população de mais cultura e consciência política de
> todos os países do mundo. Não é um povo de fanáticos; é um povo de idéias.
> Não é um povo de analfabetos ou semi-analfabetos; é um povo cujos estudos
> de nível superior se massificam e universalizam, junto com sua valentia e
> patriotismo. A seus sonhos de uma sociedade verdadeiramente justa e
> humana, soma-se a experiência e o conhecimento, algo que o senhor, com seu
> fundamentalismo e hábitos messiànicos de agir, terá muita dificuldade para
> compreender.
>
> Hoje não somos um punhado de homens decididos a vencer ou morrer. Somos
> milhões de homens e mulheres, que contamos com as armas suficientes, e
> centos de milhares de oficiais bem preparados, que sabem muito bem como
> devem empregá-las em condições de guerra moderna e sofisticada, e uma
> enorme massa de combatentes que conhecem igualmente bem os pontos fortes e
> os pontos débeis dos que nos ameaçam, apesar dos enormes recursos
> tecnológicos de suas armas.
>
> Nas condições atuais de Cuba, frente a uma invasão ao país, minha ausência
> física - por causas naturais ou de outra índole - não faria o menor dano a
> nossa capacidade de luta e resistência. Em cada chefe político e militar
> de qualquer nível, em cada soldado individual há um comandante-em-chefe
> potencial, que sabe o que deve fazer e, em determinada situação, cada
> homem pode chegar a ser seu próprio comandante-em-chefe.
>
> Vocês não vão dispor de um dia, uma hora, um minuto ou mesmo um segundo,
> para impedir que a condução política e militar do país seja assumida de
> imediato. As ordens do que se deve fazer estão dadas de antemão. Cada
> homem e mulher estarão em seu posto de combate, sem perder um segundo.
>
> Eu disse bem claro ao senhor, em 14 de maio, diante de mais de um milhão
> de cubanos que desfilaram frente a sua Repartição de Interesses, o que
> devia fazer e faria. É o que me cabe. Hoje o reitero e sugiro ao senhor e
> a seus assessores que não inventem vinganças vis contra nosso povo. Não
> tentem aventuras loucas, como operações cirúrgicas ou guerras de desgaste
> com o emprego de técnicas sofisticadas, porque os acontecimentos podem
> escapar de suas mãos. Poderiam ocorrer coisas indesejáveis, que não são
> boas para o povo de Cuba nem para o povo dos Estados Unidos. Poderiam
> destroçar o acordo migratório, poderiam provocar êxodos em massa que não
> estaríamos em condições de impedir, poderiam provocar uma guerra total
> entre jovens soldados norte-americanos e o povo de Cuba, coisa que seria
> extremamente triste.
>
> Posso garantir que o senhor jamais ganharia essa guerra. Não encontrará
> aqui um povo dividido, etnias opostas ou profundas diferenças religiosas,
> nem haverá generais traidores no comando de nossas tropas; encontrará um
> povo solidamente unido por uma cultura, um sentimento solidário e uma obra
> social e humana que não tem precedente na história. O senhor não vai se
> cobrir de glória com uma ação militar contra Cuba.
>
> Nosso povo jamais renunciará a sua independência, nem renunciará jamais a
> seus ideais políticos, sociais e económicos.
>
> Cuba foi totalmente solidária com o povo dos Estados Unidos, por ocasião
> do doloroso e injustificável ataque às Torres Gêmeas. Naquele mesmo dia,
> expusemos nossos pontos de vista, que hoje vão se confirmando com precisão
> quase matemática. A guerra não é o caminho para acabar com o terrorismo e
> a violência no mundo. Aquele trágico episódio foi utilizado como pretexto
> para impor ao planeta uma política de terror e força.
>
> Suas medidas contra o povo de Cuba constituem uma ação atroz e desumana.
> Cuba pode demonstrar que o senhor deseja destruir um país que, com seus
> serviços médicos, salvou e continua salvando a centenas de milhares de
> vidas nos países pobres do mundo, e que, inclusive, poderia ser capaz de
> salvar a tantos cidadãos pobres dos Estados Unidos, como as três mil
> pessoas que morreram nas Torres Gêmeas.
>
> O senhor certamente sabe que nos Estados Unidos há 44 milhões de cidadãos
> que não desfrutam de seguro médico; que, em dois anos, 82 milhões de
> norte-americanos necessitaram em algum momento desse seguro e não puderam
> pagar o colossal preço cobrado em seu país por serviços de saúde que são
> vitais. Um cálculo bastante conservador indica que muitas dezenas de
> milhares de vidas se perdem, a cada ano, nos Estados Unidos, por essa
> causa, talvez trinta ou quarenta vezes os que morreram nas Torres Gêmeas.
> Alguém deveria fazer os cálculos precisos.
>
> Em um breve período de cinco anos, Cuba está disposta a salvar a vida de
> três mil cidadãos norte-americanos pobres. Hoje é perfeitamente possível
> prever e evitar um infarto que pode ser mortal, e resolver enfermidades
> que levam inevitavelmente à morte. Esses três mil norte-americanos
> poderiam viajar a nosso país com um acompanhante e receber tratamento de
> forma absolutamente gratuita.
>
> Desejo fazer-lhe uma pergunta, senhor Bush. Trata-se de uma questão ética
> e de princípios. O senhor estaria disposto a conceder a esses cidadãos
> permissão para viajar a Cuba, num programa destinado a salvar uma vida por
> cada um dos que morreram no atroz ataque às Torres Gêmeas? Se eles
> aceitassem esses serviços e decidissem vir, seriam sancionados?
>
> Que se demonstre ao mundo que há alternativa à arrogància, à guerra, ao
> genocídio, ao ódio, ao egoísmo, à hipocrisia e à mentira!
>
> Em nome do povo de Cuba,
>
>
>
> Fidel Castro Ruz
>
>
>
> 21 de junho de 2004
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