Só queria sexo sem beijo.
“Isso é coisa de prostituta!” – dizia ele, indignado, ante a indiferença de Pureza, que queria “trepar sim”, mas nada de beijinho na boca.
Catrulho era rude, simples gari que, nas horas vagas, fazia bico na praça, vendendo três garrafinhas de cloro a um real.
Não tinha hora certa de almoço, comia “qualquer porcaria” e nem os dentes escovava. “Quem agüentava aquele bafo”? Ainda por cima, queria beijinho na hora do sexo? Bah! Era o que faltava para acabar com o dia de Pureza... Tão limpinha e asseada, mesmo com as calcinhas remendadas, sua higiene era impecável.
“Fala pra ele, Mulher! – dizia-lhe a amiga e confidente, Maria dos Prazeres e Silva – diz que tu sente tontura com o bafo de coisa estragada que ele tem na boca!”
Mas, Pureza morria de dó. Afinal, Catrulho era um homem devotado à família. Não sobrava tempo pra cuidar dos dentes, nem de nenhum pedaço do corpo.
Por isso, para Pureza, a “hora do sexo” era um verdadeiro tormento...
Foi aí que viu que “amor e sexo” não andam tão íntimos... Pois amava o marido. Não o trocaria... Ah! Isso é que não! Nem por Celestino, gerente da padaria da esquina, cara lindão, que assediava Pureza, toda vez que ela ia comprar o pãozinho pro café da manhã.
Mas, naquele dia, dormiu demais:
- Hei, Pura! O Chifrélio perguntou por tu!
- Chifrélio?
- É. O gerente da padaria, mulher!
- Mas, Catru... Tu já foi buscá o pão, homi? Não sabi que isso é tarefa minha? Tu nem iscolhê os mais grandi sabi... Come esses dois, que eu vô lá comprá mais prus mininu!
- Vai não! Cabô o dinheirinho...
- Faz mal não. O Chifré me faz fiado.
- Ahn... Bão... Então vai logo mulhé... Vai! Enquanto isso, como o restinho aqui... Vai... Vai... Caridoso, esse padeiro, né?
Milazul