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Artigos-->Gente de pouca fé -- 14/10/2002 - 11:45 (Carlos Luiz de Jesus Pompe) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O longo processo de desenvolvimento humano tem sido uma caminhada permanente pelo conhecimento sobre a realidade que nos rodeia. Conhecimento que busca o domínio da natureza e suas leis, e a intervenção nessa natureza, lutando para submetê-la aos interesses da espécie. Nessa trajetória, maravilhas foram realizadas. Num de seus escritos, Sigmund Freud compara os homens aos deuses por eles criados, mas “deuses com próteses”. Valem-se de aparelhos para suprir, corrigir ou aumentar uma função natural ou realizar funções que lhe são impossíveis com o próprio corpo.

O ser humano aguça a visão com os óculos, microscópios, telescópios; viaja pelos ares com aviões, helicópteros, foguetes; vale-se de submarinos e outras engenhocas para avançar pelos oceanos e rios profundos; alcança velocidades impensadas em terra usando automóveis e outros veículos; apura a audição com diversos aparelhos; com armas sofisticadas abate animais ferozes. Muitos de seus inventos voltam-se contra o próprio ser humano e seu habitat, devido ao tipo de sociedade que desenvolveu. Os humanos podem até destruir o Planeta e a vida nele existente, o que é uma demonstração terrível do enorme poder que acumularam através de seu continuado processo de entendimento do mundo.



Luta pela vida



Até a Idade Média, na Europa a expectativa da vida humana ficava em torno de 20, 30 anos. Com o maior conhecimento do corpo humano e suas funções (e para adquirir estes conhecimentos, o homem teve de enfrentar suas crenças, teve de desafiar autoridades religiosas que puniam com a morte o estudo), na segunda metade do século XIX a média de vida chegou aos 40 anos. Atualmente, aproxima-se dos 80 anos.

A ciência tem demonstrado ser útil, uma ferramenta poderosa para a tomada de decisões. Sabendo poucas coisas sobre funcionamento da concepção – por exemplo, que um novo ser é gerado através da relação sexual –, um casal pode definir se quer ter filhos e quantos. Caso não queira gerar filhos na relação, não precisará recorrer à abstinência, mas poderá valer-se de recursos como anticoncepcionais ou mesmo de uma coisa simples, como o preservativo – que serve também para evitar doenças sexualmente transmissíveis, como a AIDS.

No entanto, o ser humano também desenvolveu uma série de preconceitos e idéias mágicas, que muitas vezes embotam sua mente e o impedem exercer em plenitude os conhecimentos acumulados. Algumas crenças proíbem a transfusão de sangue e outros recursos de cura. Mesmo pessoas respeitadas curvam-se a esses preceitos irracionalistas. Mohandas K. Gandhi, que muitos admiram por suas atividades pacifistas, devido às suas crenças impediu o tratamento médico de sua esposa, o que a levou à morte (é uma passagem de sua existência pouco referida...).

Richard Dawkins, professor na Universidade de Oxford e autor de "A Escalada do Monte Improvável", destacou algumas contribuições da ciência para o conhecimento “sobre nossas origens. Nós sabemos aproximadamente quando o universo surgiu e porque ele é, em sua maioria, de hidrogênio. Nós sabemos porque as estrelas se formam e o que acontece no interior delas para converter hidrogênio em outros elementos, e, conseqüentemente, dando origem à química em um mundo físico. Nós sabemos os princípios fundamentais de como um mundo químico pode se transformar em biologia através do aparecimento de moléculas auto-reprodutoras. Nós sabemos como o princípio da auto-reprodução deu origem, através da seleção darwiniana, a toda a vida, incluindo os humanos. (...) A ciência erradicou a varíola, pode imunizar contra a maioria dos antes vírus fatais, pode matar a maioria das bactérias anteriormente mortíferas. (...) Se todas realizações dos cientistas forem apagadas do mapa no futuro, não haverá médicos, e sim xamãs; não haverá meio de transporte mais rápido que o cavalo; não haverá computadores, nem livros impressos e, muito menos, agricultura além das culturas de subsistência”.



Versão prejudicial



Realmente são maravilhas alcançadas com estudo, paciência, perseverança e enfrentando inúmeras dificuldades e até riscos de vida. No entanto, estas conquistas parecem manter incrédulas as cúpulas religiosas na capacidade e no poder dos humanos. Agora mesmo, para justificar a beatificação da albanesa Agnes Gonxha Bojaxhiu, conhecida como Madre Teresa de Calcutá, o Vaticano resolveu atrilbuir-lhe um milagre – uma questão que diz respeito aos cristãos seguidores da Igreja Católica Apostólica Romana. Porém, para isso a Congregação para as Causas dos Santos apresentou como resultado da fé e da intervenção da madre a cura de Monika Besra, uma mulher bengali, de 30 anos.

Com justa razão, médicos indianos contestam essa interpretação. Afirmam que foram os medicamentos, e não uma intervenção divina, que curaram a paciente com câncer. "Monika curou-se de um tumor graças a medicamentos fortes ministrados por vários dias, no Hospital de Balurghat, em Bengala", disse um ex-ministro da Saúde do país. "Não quero faltar com respeito a Madre Teresa, mas é uma distorção da verdade dizer que a cura se deveu a ela." Por sua vez, o médico Manju Murshed, diretor do Hospital de Balurghat, disse que Monika foi curada "graças à ciência médica". Ele afirmou que a mulher foi atendida primeiramente no hospital em junho de 1998, por causa de uma meningite. Mustafi detectou, então, um tumor em um ovário, ao realizar uma ecografia. "Nove meses depois, outra ecografia mostrou que o tumor havia desaparecido, mas foi o tratamento administrado para a meningite que curou o câncer, e não um milagre", sustentou o médico.

Para o Vaticano, a versão é outra: monjas da ordem religiosa da Madre Teresa colocaram em cima do ventre de Monika uma medalha que havia estado sobre o corpo da religiosa morta, levando-a à cura...

Tal postura, e a divulgação insistente dessa versão, é um desserviço ao tratamento de doenças, assim como desserviço é a proibição de pesquisas científicas sob pretextos religiosos. Essa gente que atribui tudo ao sobrenatural carece de fé nos seres humanos.



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