Você se lembra do tempo
Em que os nossos sonhos
Eram comuns,
Em que os nossos mundos
Eram azuis,
Em que os nossos erros
Eram banais,
Em que os nossos medos
Eram só um?
O medo fez-se em verdade,
Já não tenho mais o repouso do seu colo,
Nem entrego as marcas do meu rosto
Nas suas mãos,
Já não ouço as suas reclamações,
Nem tampouco as suas canções,
Não observamos mais os desenhos das nuvens,
Estamos em rotas diferentes,
Mas ambos, longe do caminho das flores...
Como tudo se deteriorou?
Aos poucos o encanto dos seus olhos
Foi se perdendo,
O lago da esperança de lugar ao rio vermelho
Da insensatez alucinógena,
Não vejo mais em ti
As delicadas borboletas,
Nem eu sou mais um contador de histórias,
Somos apenas caricaturas do que fomos...
O anjo irreverente que em ti habitava
Expandiu-se de tal forma,
Que hoje mais parece
Uma fera que nos sobrevoa,
Com risos sarcásticos e garras afiadas,
Seu coração está cercado
De armadilhas mortais,
Seus novos amigos
São legionários suicidas...
Hoje temos sonhos diferentes,
Enquanto você quer atingir o sol,
Eu quero apenas que ele brilhe sobre nós,
E nos transporte para um tempo que se foi,
Um tempo em que eu contava histórias,
E você delicadamente me tirava do chão
Com as suas asas tribais,
E juntos de mãos dadas,
Seguíamos para um mundo só nosso,
Caminhando por entre as flores.
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