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Cronicas-->EM TORNO DO NOSSO FIM -- 01/07/2004 - 22:31 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
EM TORNO DO NOSSO FIM

Francisco Miguel de Moura*



O universo inteiro nos espera - inventei esta frase.
Por que então desesperar? Ficar só brigando por um lugar ao sol, um amigo, um objeto qualquer, umas palavras bobas, um carinho que até o vento e as flores nos são capazes de oferecer?
Não pensemos nas flores anaromáticas que nos hão de servir como enfeite nem naqueles grãozinhos de areia com que nos cobrirão, enquanto amigos ou inimigos, parentes ou aderentes rezam em respeito à morte.
Quando alguém morre pode-se observar uma tristeza geral no mundo, nas pessoas, embora nem todas. As criaturas têm por hábito só pensarem em si próprias, se estão de frente com a morte. É medo de morrer também. E esse medo afugenta muitos da presença do morto, que não está ali pra ninguém mas para a comunhão universal, no espírito.
Não pensemos tão negativamente. A morte faz parte da vida. Nem chamemos muita atenção para esse problema, fato comum ao gênero humano. Só essa espécie que nós somos pode, na natureza, pensar sobre si, avaliar-se ou esquecer-se, amar e odiar, enfim uma gama de sentimentos que não cabem aos outros animais. Temos uma vida cheia de força, luz, pensamento, consciência e sentimentos, histórias e lembranças que não podem acabar num abrir e fechar de olhos. Temos passado e presente. Teremos futuro.
Uma vida, mesmo que dure até 100 anos, é tão curta! Por que não viver muitas outras vidas?
Causa-nos estupor é pensar no que é que vamos fazer do outro lado, se não acreditarmos numa sobrevivência ativa. Durante toda a eternidade.
E se essa eternidade que queremos desfizer-se em nada, absolutamente nada? O que seria o descanso eterno causaria muito mais cansaço. Por isto há quem brinque com ela como o faz com a vida:
- Se a morte é um descanso, prefiro viver cansado.
Mas os mistérios não param aí. Nem são menores que os da vida. São eles que nos desorientam. A menos que tenhamos fé e acreditemos num céu, diante da presença de Deus, numa felicidade infinita.
Como seria, então, essa felicidade eterna?
Até onde pode alcançar a inteligência do homem, tão limitado, a felicidade não vai além dos gozos dos sentidos: ver coisas, pessoas e acontecimentos bonitos, ouvir vozes maravilhosas (músicas, talvez), sentir na pele o roçar do vento, o cheiro de chuva, de perfumes os mais diversos, assim como se salivar com o gosto dos alimentos - doce, amargo, azedo, salgado. Talvez os prazeres espirituais sejam calculados por estes. Não muito duradouros, portanto. Como poderiam ser infinitos? Talvez uma mistura de prazeres difícil de reconhecer, quem sabe? Por exemplo, realizar um poema diante da mulher amada. Amar igualmente a todos, não porque sejam belos ou feios, ricos ou pobres, simplesmente pelo amor... Não julgar ninguém...
Vive melhor quem tem um futuro, quem tem fé e pensa na felicidade eterna. Muitos dão o corpo e a alma por isto.
Vamos, pois, viver melhor, pensando que o universo inteiro nos espera, sem intrigas nem querelas, sem trabalhos forçados nem horários, sem cegueiras nem surdez, sem fome, sem doenças... Deus - que cada um imagina à sua maneira. Isto já consola, especialmente aqueles que são agnósticos. Mas é preciso que sejamos condescendentes com os que pensam diferente de nós. E se eles estiverem certos? Afinal, nosso fim é ter ou não ter fim?
Em seguida à morte, que venha outro começo. Ou recomeço. Sofrer e gozar. Somos produto do tempo. E o tempo não se acaba.


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*Francisco Miguel de Moura é escritor brasileiro, mora em Teresina.
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