Usina de Letras
Usina de Letras
53 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62243 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10450)

Cronicas (22538)

Discursos (3239)

Ensaios - (10372)

Erótico (13571)

Frases (50641)

Humor (20033)

Infantil (5441)

Infanto Juvenil (4770)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140812)

Redação (3308)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6199)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->O LARANJA CORRIGE -- 22/08/2006 - 13:20 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O LARANJA CORRIGE


Fernando Zocca


O computador velho do Van andava mais travado que intestino de sedentária obesa.
Numa de suas incursões pelas alamedas arborizadas da fazenda oligárquica nos arredores de Tupinambicas das Linhas Van encontrou uma velha conhecida sua: era Regina Tractor, morena dengosa porém de pífios falares que tentava, castigando o tênis antigo, reduzir aquela banha exuberante que a atormentava.
Van disse-lhe numa aula rápida: "Sua contabilidade anda errada. Você está somando quando deveria subtrair. Pelo tamanho do seu ventre infere-se que você indispõe de controle. A fome comanda seu comportamento. Suas vísceras indicam o caminho a ser seguido. E o resultado é esse ai."
Pela expressão do rosto Van notou que a moreninha não gostou da observação. Ela alisou as pontas daquele cabelo enorme, que lembrava um rabo-de-cavalo, e para não comprometer o clima amistoso da caminhada conjunta achou melhor não responder.
Então o Van continuou: "Não quero acreditar que você seja daquelas que confunde abunda com nádegas. Por isso creio que sabes diferençar gula e satisfação. Ou não?"
Regina Tractor abaixou a cabeça mas sentiu que não suportaria por muito tempo tamanho desaforo. Mesmo assim, bastante constrangida continuou a caminhada pareada ao Van.
Ele manteve a carga: "Sabe menina, eu não tenho mentalidade de funileiro que afirma ser certo bater até endireitar. Só o sujeito tem o poder pra mudar seu destino. Se ele sabe como, e não providencia a mudança então ele que continue do jeito que está."
Algumas pessoas com trajes próprios para práticas esportivas, vindos da direção oposta, cruzavam com o casal. Outras ultrapassavam-no. Regina Tractor olhando por cima da cabeça daqueles que seguiam à sua frente pode divisar lá longe sua amiga Ritinha. Na verdade era Rita Leu a mais famosa e retumbante cantora de cururu do Estado de São Tupinambos. "Mas que diabos estará fazendo ela nesse fim de mundo?" pensou Tractor.
Suando em bicas Van também notou a cantatriz e comentou: "Ih! Alá quem vai indo lá longe. Nossa! Como ficou não? Tá vendo o que acontece com o tezãozinho depois de trinta anos?" Regina pensando em si, desconversou puxando outro assunto: "Veja Van quanto carvão descendo do céu. Não saiu publicado no Diário de Tupinambicas das Linhas que era proibido botar fogo nos canaviais? Esse carvão vem das queimadas!"
Num tom professoral ele arrematou: "Nessa cidade não cumprem as leis. Ninguém! A começar por quem tem dinheiro e status, seguindo pelos médios e, finalizando com os bagres miúdos. Falta pouco para a vigência da lei do mais forte, daquela que havia no tempo do velho oeste."
Alf Neti estreando seu tênis novo passou correndo por eles. Então o Van resolveu provocar: "E ai mano! De tênis novo hein? Quanta frescura! Tem até molas. Esse não é daqueles que trazem lanternas traseiras e figuras de âncora?"
Regina Tractor percebeu que Alf Neti empalideceu. Ela sabia que quando isso ocorria o sujeito poderia deixar-se levar pela ira destruidora. Ela pensou: "Creio em Deus pai. O bicho invocou e vai pegar."
De fato! Alf Neti parou alguns metros adiante do casal, e voltou caminhando. Buscava o ar com sofreguidão. Ele apontou o indicador para o Van e disse: "Safado dos infernos! Quando vai parar de me zombar?"
Prevendo cenas tristes Regina Tractor tentou amenizar o embate distraindo a atenção do irado. Ela exclamou: "Olha lá um avião caindo!" Na verdade um teco-teco voava a baixa altitude buscando a pista de pouso que ficava vizinho da fazenda oligárquica. Mas quando sua linha de vôo foi encoberta pela copa das árvores do segundo plano, inferiu a impressão do choque.
É claro que Alf Neti não acreditou, mas ele percebeu o medo que ela sentiu ante a possibilidade de uma discussão por motivo fútil. Então ele deixou o assunto sem seguimento.
O aviãozinho que sumira atrás das árvores reapareceu ascendendo e zunindo forte. Van Pensou: "O ruído feito pelo motor é sinal de que está sendo muito exigido. Porém o rendimento é baixo. A velocidade pequena. Ele arrasta muito peso. Se suas estruturas tivessem compartimentos estanques enchidos com hélio, precisaria menor potência no motor. Haveria economia de combustível e mais vida útil para a maquina."
Regina Tractor estranhou quando Van de inopino abandonou a caminhada dizendo precisar muito pesquisar sobre um tal de hélio.
"Tá vendo no que dá? O sujeito mexe com os outros, abusa e, depois quando encontra o dele sai correndo feito veado campeiro", concluiu ela meneando a cabeça.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui