Usina de Letras
Usina de Letras
20 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62282 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10451)

Cronicas (22540)

Discursos (3239)

Ensaios - (10386)

Erótico (13574)

Frases (50669)

Humor (20040)

Infantil (5457)

Infanto Juvenil (4780)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140818)

Redação (3309)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6208)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->DENGLISCH: o destino de um idioma -- 13/03/2001 - 02:24 (José Pedro Antunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
DENGLISCH como destino - Contra a hegemonia, não há lei de proteção ao idioma que resolva



Jens Jessen (DIE ZEIT online, 11/03/2001)

Trad.: zé pedro antunes



Palavras inglesas infestam a língua alemã. Praticamente, nenhuma frase da propaganda ("slogan" ou "claim"), nenhum encontro de negócios ("meeting") acontece sem que se evoque "future", "results" ou uma coisa chamada "freedom", que, muito provavelmente, não deve ser confundida com "Freiheit" [liberdade]. As expressões inglesas são usadas, às vezes, de forma errônea. Muitas vezes, são ridículas; quase sempre, destituídas de beleza. Mas não é nova a expansão que experimentam, como nova não é a indignação com que, no momento, alguns chegam a requerer uma lei de proteção ao idioma. Nova, nesse debate, é apenas a posição que justifica a avalanche dos anglicismos. O inglês ou americano, é o que se podia ler no Süddeutsche Zeitung (Munique) e no Frankfurter Allgemeine Zeitung (FAZ), seria a língua superior. O alemão, envelhecido e complicado, estaria recebendo o troco, merecido, por sua incapacidade de emprestar ao mundo moderno a expressão adequada.

Trata-se, é claro, de uma estupidez; em qualquer idioma, se pode dizer o que bem quiserem os seus falantes. Entretanto, no discurso da superioridade do inglês, repousa uma verdade: Mas não se trata da superioridade da expressão, antes de uma irradiação [um charme] superior. Uma agência de publicidade jamais faria uso de americanismos, se não tivesse em mente tornar o produto mais atrativo aos olhos dos clientes. Jamais, em seus "briefings", os "managers" explicariam os "charts" em inglês, se, com isso, não se acreditassem melhor posicionados ou, só então, verdadeiramente "managers". A língua da América do Norte é a língua da última potência do mundo e, por isso mesmo, a língua natural da concorrência no mercado mundial.

Nos anglicismos, o que se mostra é não a inferioridade do idioma alemão, mas, sim, o sentimento de inferioridade de seus falantes. A vitória do inglês, da qual assistimos ao cortejo, é expressão de uma hegemonia, com razão percebida, do mundo anglo-saxão. Pois, as palavras não surgem por si mesmas apenas. Elas são importadas, sempre, juntamente com os produtos e as formas de vida que acompanham. Se se quisesse dissuadir os alemães do uso de americanismos, seria igualmente necessário dissuadi-los da admiração pela América. Nenhuma lei o conseguiria. Em outras palavras: Houvesse maioria favorável a uma lei como essa, e o problema não existiria. Se a maioria dos falantes rejeitasse as expressões inglesas, estas jamais haveriam de ter se tornado tão familiares. No próprio idioma, todos os dias, tem lugar um plebiscito.

Mas também à minoria se pode proporcionar um consolo. Pois o alemão, cuja integridade ela vê ameaçada por uma sobrecarga de estrangeirismos, não passa do resultado de uma sobrecarga do mesmo tipo; e não apenas pela adoção de vocábulos latinos ou franceses. Mesmo em sua gramática, o alemão sofreu enorme influência do latim [N. do T. - o alemão foi criado, por Lutero, tendo por base o latim, que era falado e escrito nos mosteiros]. A complicada construção da frase, as ricas possibilidades de encadeamento, só surgiram, no Humanismo, com a mimetização dos procedimentos latinos. Antes disso, os monges já haviam ajustado a formação de palavras a esse mesmo processo mimético de importação. Mesmo "Ge-wissen" [consciência], hoje invocada como instância lingüística, não passa de uma tradução-empréstimo, uma adaptação fiel à formação do vocábulo latino "con-sciencia" [N. do T. - se bem que o prefixo "Ge-" nada tenha a ver com o prefixo latino "con-". O autor certamente se refere apenas ao mimetismo formal].





Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui