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Contos-->FÁBULA DOS RETALHOS -- 23/08/2006 - 22:04 (Heleida Nobrega Metello) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
FÁBULA DOS RETALHOS

Heleida Nobrega, 2005


Lá no fundo, bem lá no fundo de um antigo baú de madeira entalhada, três retalhos provocam uma confabulação:

- “ Não me aperte, seus fios me espetam, você é áspero demais!” Rezinga um deles.

- “Não fique irritado. Careço ser grosseiro. Transporto quilos e quilos de batatas. Carregam-me nas costas, nos ombros ou arrastam-me pelo chão de terra ou pedras sem piedade. Se meu tecido não for resistente, não suportará tamanha pressão. De qualquer forma, vou tentar ser mais cuidadoso.” Replica o companheiro.

- “Mesmo assim, receio ser danificado. Minha trama é extremamente delicada, entremeada com fios de seda. Cubro sofás e almofadas de palácios. Encortino janelas desmesuradas. Já me vi coberto de pedras preciosas. Ajusto-me de forma impecável no corpo de senhoras que adoram brilhar em salões festivos." Refuta o primeiro.

- “E eu aqui, amarfanhado, sou trançado com parcos fiapos de algodão. As dobras prejudicam a estampa de flores silvestres. Enroupo a menina que anda e corre pelos campos, livre como um pássaro. Quando a chuva me encharca, fico quase transparente. Chego a me confundir com sua pele. Meus fios não são tão encorpados. Quando o vento sopra, sinto-o transpassar a minha frágil tela.” Apregoa o terceiro.

- “Por vezes, fico ensimesmado, comprimido entre vocês. Quase não consigo respirar, tal o medo de perder minha identidade. Somos tão diferentes. Com freqüência questiono a mim mesmo sobre a verdadeira razão de estarmos compartilhando do mesmo destino.” Conclui a estopa.

Uma súbita friagem desvela a fragilidade de todos. O baú é aberto e revolvido. As diferenças se desanuviam e os estranhos corpos se achegam.

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