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Poesias-->Prosa poética: LAMENTO INÚTIL -- 08/07/2007 - 19:31 (Daniel Viveiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Perdi o controle sobre mim mesmo.

Se interessado por algo ou alguém, meus gestos me contrariam, como num dissimular de excessivo tempo.

Independente, meu rosto já não expressa fielmente o que me vem do íntimo.; insciente nas coisas do espontâneo contradiz o que me sai da boca.

Meus desentendimentos têm sido assim, se afirmo, vêem em mim negativas.; se nego, acusam da pouca força de que disponho por demonstrar lucidez e certezas.

Trago um mundo interno de Figuras de Linguagem, e neles venho dissimulando o humor e a impaciência nas coisas que me incomodam e na distância do que amo.

Talvez meu crescente desinteresse por tudo e a quase absoluta falta de sabor ou ânimo entediam-me e impeçam corrigir ou negar as máscaras que me moldam.

Admito que alimento, por puro descaso, as criações alheias e as carapuças que me inventam.; se estão contentes não me importo. O que importa?! O que há por importar?

Essa indiferença não é desprezo, é antes uma frouxidão de espírito, um causar embaraços e confusões entre os que me conhecem há muito e os de há pouco tempo.

Por me faltar ânimo para desmentidos, deixo que se alimentem das próprias crenças sem a sensibilidade que desfaz maus entendidos.; desgasta-me a busca por compreensão ou carinho.

Vêem-me normalmente com os olhos fitos no nada e a alguns espanta o meu alheamento.; do meu isolamento auto-imposto carimbam um esquisito. Antes de ser bruto ou que me tomem por santo, zelo pela liberdade dos preconceitos e impressões alheias.

O que importa?! O que há por importar?

Somente amo e odeio simultâneamente. Alguém que se fez dia quando é noite, ou noite quando dia.

Já não pretendo o perdão nem prometo mudanças bruscas, nem mais desejo ser salvo pelas mãos pequenas daquela menina.

Ela também quer ser salva de si mesma.

Não aprendi a meu tempo muitos gestos naturais. Sinto-me tardio para o que ficou vazio no passado, para o que não foi aprendido a seu turno.

Que dizer dos que não lembram do colo da mãe, do afago do pai, ou da ternura revisitada em seus olhos? Dos cuidados que têm quando levam os filhos às praças ou lhes penteiam um afago? Que dizer dos que não trazem um querer distante ou não o buscam na distância de si mesmos?

É neste quarto que lambo feridas que causo em mim, e em suas frestas bebo o fel de minhas covardias, e vomito minhas limitações e inseguranças em suas paredes não-brancas.; é aqui que escarneço dos fantasmas que perambulam em minhas fantasias e povôo os meus sítios com o seu cheiro de pele banhada.

Sem parâmetros que não deitar olhares nesses homens que bebem suas angústias nos bares mais imundos ou nessas prostitutas que aventuram o corpo por migalhas aos perigos de homens empedernidos, perco-me sem me saber bom ou mau. Ou se possuo mais fraquezas do que virtudes. Mas que fiquem avisados os desavisados que em causa de prováveis mágoas futuras, não me responsabilizo - não mais - pelas alternâncias de humor sempre que houver mudança de lua e as tábuas de minhas marés forem afetadas.

Sim, sim! Perdi o olhar há muito e ultimamente nem tenho mais esperança que recupere o viço por faltar luz ao que é insone. Somente elevo nestas madrugadas silenciosas e escuras indagações impróprias, e ironizo a inutilidade dos fracos brilhos das estrelas, lanternas insalubres dependuradas no firmamento.; luzes sempre atrasadas em mim, nascendo para logo implodirem a si mesmas em meu peito.

Já nem tenho dúvidas se todos os seres se entenderão um dia... Nem se me entenderei um dia, nem se lhe entenderei um dia e nem se desejo agora a sua compreensão ou entendimento um dia sequer.

Não estarei aqui e não mais lhe escreverei ou telefonarei.

E se estiver, me esforçarei para esquecer de tudo, ou fazer de minha única devoção um nada mais sem importância, mesmo que a dor de não ter continuar a me cegar com todas as descrenças do mundo...



Daniel Viveiros®
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