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Artigos-->Por que a lírica, Sr. Conradi? -- 13/03/2001 - 22:11 (José Pedro Antunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Arnulf Conradi (DIE WELT online, 14/03/2001)

Trad.: zé pedro antunes



A lírica sussurra, mas os sussurros, tantas vezes, levam mais adiante do que qualquer rumor. Quem se abre para a lírica, é recompensado com uma intensidade que outras formas literárias apenas raro em raro conseguem oferecer. Pois, à fugacidade geral da recepção dos textos, a lírica contrapõe uma precisão que obriga à leitura precisa, e esta lucidez para toda nuance da expressão lingüística encontra em si mesma a sua recompensa.

Neste contexto, por mais estranha que pareça, a conexão da palavra "precisão" com a lírica se justifica: No poema, cada palavra isolada tem peso, pois trata-se de um construto lingüístico extremamente não-casual. Quando é bom, o poema possui uma inevitabilidade que não se encontra em outros tipos de texto. Disso, temos exemplos maravilhosos nos poemas de Eva Corino, publicados pela Berlin Verlag sob o título "Keine Zeit für Tragödien" [Sem tempo para tragédias], e em "Probebohrung im Himmel", de Jan Wagner, surgido igualmente em março.

Uma editora publica poemas porque poemas se constituem em parte irrecusável da literatura. Quem acredita arrancar o leitor ao cotidiano e conduzi-lo a uma outra esfera, comete pelo menos meio engano: A lírica consegue tomar posição em relação à sociedade com uma acuidade que nenhum outro meio lingüístico é capaz de alcançar - pense-se em T. S. Eliot ou W. B. Yeats, em Gottfried Benn ou Ingeborg Bachmann. E, às vezes, de autoras e autores líricos se produzem extraordinários romancistas. Deste ponto de vista, devo confessar um certo egoísmo ao publicar poemas. Justamente porque estes obrigam a uma enorme precisão na escolha das palavras, é que muitos dos talentosos autoras e autores acabam por escrever grandes romances. Não é por acaso que existe o conceito de "prosa poética" - com o que, por sua vez, deveríamos nos proteger contra o malentendido de ser a lírica algo de "frouxo", o poético, algo de nebuloso. Correto seria dizer o contrário. Duas das autoras da Berlin Verlag que eu mais admiro surgiram primeiramente como autoras de poemas líricos: Margaret Atwood e Ann Michaels. E, na obra de ambas, a concentração de tantos anos sobre o poema deixou seus rastros. A acuidade e clareza das imagens, a "necessidade" da linguagem, fazem delas luminosas representantes de uma "prosa poética".

Dichtung [condensação; é a palavra alemã para poesia], etimologicamente tem a ver com "dicht" [denso]. Trata-se, num certo sentido, de linguagem "condensada", e uma editora literária, por isso mesmo, não pode sobreviver sem a publicação de poemas.



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Arnulf Conradi é editor da Siedler- und Berlin-Verlag, que acaba de dar início à publicação de uma série de livros de poemas.



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