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Contos-->O amador a guiar -- 08/09/2006 - 11:45 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

O AMADOR A GUIAR


Fernando Zocca


Van Grogue não era besta mas também dava seus coices. Todo mundo sabia ser ele um alcoolista inveterado. Porém após tanto tempo sozinho ele ponderava sobre a necessidade dum namoro firme.
Mas não é que naquele domingo, o primeiro do mês, já quase no fim do ano lá no boteco da tia Lucy Nada, depois da ingesta da décima quinta pinga ordinária, lhe surge assim toda supimpa e faceira aquela belezoca loura?
Grogue quando a viu sentiu algo diferente. "Nossa que mulherão!" Seu rosto era límpido, a tez alva, e o nariz aquilino. E os lábios? Ah, os lábios...
Bom... não é preciso muito para afirmar ter ele, iniciado uma viagem imaginária onde se via conversando com ela.
A turma toda reunida em torno do balcão não percebeu que o Van, assim como que tomado por um surto epiléptico afastou-se da realidade perceptível ali no botequim. Ele só tinha olhos para a bonitona ali na sua frente esperando ser atendida por Lucy. "O que a teria trazido até ali?"
Na moça bela, a velha calça jeans desbotada ajustava-se muito bem realçando o bumbum exuberante.
Seus dedos eram finos e longos. Os anéis destacavam por contraste, a brancura da pele.
O olhar da menina, que esperava, era cândido e demonstrava equilíbrio emocional. "É das que malham." Pensou Van.
Sua voz suave contrapunha-se aos clamores desesperados das crianças briguentas clamantes por paçocas."Ô balbúrdia!"
O enamorado não pode ver a cor dos olhos da amada. Seriam castanhos, verdes ou azuis? Ele pensou estar incapacitado para distinguir. Sentia-se tonto com tanta cambraia.
"Que faria aquela moça fina (sem dúvida uma dama) naquele boteco sujo perdido no arrabalde de Tupinambicas das Linhas?" Era uma questão a ser elucidada.
Os cabelos louros densos presos num rabo curto passavam a impressão de firmeza moral e disciplina férrea. Grogue cogitou: "Nem pensar em falar com ela. Pode me esculachar. E na frente de todo mundo, o vexame vai ser pior. É bom deixar quieto".
Foi então que Brade Fish entrou açodado boteco adentro. Ele andava atormentado com uma vizinha que no quintal acumulava amontoados de papel donde espargiam maus odores, atraindo insetos voadores, ratos e baratas, durante dias e noites seguidos.
Ele preocupava-se também ("Ai que nervo!") com seu computador velho que estava mais travado que intestino de sedentária obesa.
Os pêlos negros dos braços do Brade eriçaram, quando ele passou ao lado da atrapalhada, defronte ao bar, prendendo um calhamaço no sovaco. Ele pediria aos circundantes uma firma no abaixo-assinado-desaloja-chata.
Em altos brados contou ao pessoal o problema que vinha sofrendo. A moça bonita que esperava ser atendida sentiu-se tocada com as palavras do furacão.
Van percebeu que a jovem melindrou-se ante a saraivada verbal do Brade. Foi ai então que ele lembrou-se de tudo: a beleza loura era filha do sujeito mais importante do quarteirão. Eles tinham dois sobrados enormes numa esquina, onde há muito tempo havia um poço profundo. NInguém mais na região tinha o privilégio de poder servir-se com as águas límpidas daquele local.
Enamorado Grogue passou a defender a tradição e os pioneiros desbravadores que antigamente povoaram o tal trecho considerado "prá lá do fim do mundo".
A jovem lançou um olhar de agradecimento ao Van, mas inibida pela pudicícia não disse nada.
Grogue reforçou a defesa e partiu para o ataque mencionando quase que diretamente as safadezas do Brade.
Tia Lucy que não era boba, nem nada, notou que daquele momento em diante poderia haver uma discussão desgastante. Por isso atendeu logo a jovem dispensando-a.
Sentindo-se ofendido Brade Fish pagou sua bebida jogando o dinheiro sobre o balcão, e com muita energia entrou no Fusca branco estacionado defronte a casa vizinha ao bar.
Embriagado Fish não parou na esquina onde havia uma placa pare. Colidiu com um caminhão que atravessou sua frente.
No boteco todos ouviram o estrondo da batida. Sicha um dos integrantes do grupo afirmou que Brade não tinha carteira de motorista, dirigia de chinelos e, que nem cuecas o poltrão usava. "O pior não é isso" continuou Sicha, "O pior é que ele empresta dinheiro a juros que ninguém consegue pagar. Na verdade esse tal de Brade Fish não passa mesmo dum grandíssimo safado. É o que eu tenho dito."
Quem é que poderia negar?


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