O Imperador de ruínas
de costas voltadas para o futuro
vislumbra os sonhos e o passado
com a luz do horizonte prestes a se apagar.
Sob os pés,
os escombros móveis,
fantasmas perambulantes,
o cheiro das rosas e da laranja
e o jasmim dos cabelos.
No ar dos aviões, onde ainda há brisa,
revoadas de pássaros,
algum sorriso que percorre o mundo,
céus escaldantes de vida pousam
solenes no chapéu de plumas imperiais.
O velho Imperador,
entre a pedra o ar e a água,
é agora um esconderijo da lua
planos de fuga, esquecimento
dos dizeres perpétuos.
Amanhã é um dia qualquer, inóspito.
Hoje é o dia da carne, do sangue,
o dia que o Imperador levanta os olhos
e aquece seu coração frouxo com lembranças.
Hoje é ontem eternamente
dia do suspiro imperial, longo
desolado criador de desertos.
Iã Paulo Ribeiro
|