"O mal é feito sem esforço, naturalmente, é um trabalho do destino. O bem é produto da arte."
Charles Baudelaire
Poeta francês
Talvez não seja eu suficientemente engajado aos olhos daqueles que assim se consideram. Isso pouco me importa , do Homem aos protozoários nosso planeta é habitado; e, muitas vezes, é quase impossível fazer a devida distinção entre as duas espécies.
A mídia traz, todos os dias, aos nossos olhos, ouvidos (e até mesmo, ao olfato!), Homens-protozoários e os da ordem inversa, plantando em nossas mentes suas convicções. Os modismos, as ideologias possuem um grau de morbidez com molho pardo de maniqueísmo aflito; e, decorrente da ordem do dia, do ideólogo de plantão, poderemos ser tachados do bicho que melhor nos reflita, de acordo com as conveniências do momento, e da nossa contumácia.
O poder, esse velho e engraçado senhor, é patogênico. Mas Homens e protozoários, protozoários e Homens, simplesmente não conseguem viver longe dele, são amancebados; não tiram férias desse amor; são súditos leais; e dependendo do momento e do dinheiro, suas vidas ao mestre poder são entregues.
Com um mínimo de inteligência é fácil detectar o hálito e os hábitos daqueles que respiram, transpiram e orgasmam com o senhor poder. Para cada detentor do poder, seja ele qual for, existem, aos seus pés, pelegos ávidos para um dia, nem que seja de forma efêmera, gozarem do estado inerente aos Homens-protozoários (ou vice-versa).
Para os cargos políticos, outorgamos, através de contratos em branco, nossa parcela de poder, que somada a outras milhares dão e consagram a determinados indivíduos O PODER decisório sobre nossas vidas; tornando-se ato doloroso quando nossas aspirações são trituradas pela caneta implacável dos senhores imperadores do poder. Nesse momento, a revolta é inevitável; o gosto de cabo de guarda-chuva na boca; a impotência diante do monstro (por nós criado) que nos devora amiúde.
O poder é travestido de diversas faces, mas no àmago a sua essência não muda. A desordem, a dissimulação, "o não-estou-nem-aí ", ou outros possíveis paliativos, não funcionam por muito tempo contra as suas ondas e tentáculos.
Trilhar os campos da Filosofia, Sociologia ou da Religião, dependendo de nossa compreensão dos fatos, talvez nos ajude a visualizar e a ter um quadro dimensionado do poder pelo poder. O final do milênio se aproxima, tomemos emprestado o pensamento vivo de Hegel - "O que é real é racional" -, e o poder real na forma de energia da vontade, força e altivez de cada um, poderá vir a ser a vacina contra qualquer tipo de poder que navegue capitaneado pelos vírus-homens (ou os homens-vírus).
Quanto poder!
Poder público, poder aquisitivo, poder negro, poder jovem, poder...Três Poderes da República... Tantos poderes impotentes em si mesmos.
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