Acordei tarde demais para ver-te
chegar, pé-ante-pé, trazendo
na algibeira estórias de alforria
que só ébrios e amantes conhecem.
Dormi cedo demais, antes mesmo de escutar,
pela última vez, tua voz
rouca, teus gritos loucos,
que nada dizem, nem nunca disseram.
E o tempo, e a vida, devoraram
meu destino furioso.
Saí de casa só, andei pelas ruas agitadas
desta cidade natal.
De repente, decidi tomar uma cerveja
sentado na frieza das esquinas cafetinas.
Calabouço e altar, cerimônias fúnebres...
Há tantos carros parados neste sinal!
E o tempo, e o destino, e a vida
acordaram tarde demais.
Minha memória, esqueci no fundo de tua algibeira,
furiosa e vã. |