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Artigos-->A QUESTÃO DO LIVRO INFANTIL -- 18/10/2002 - 02:21 (Theresa Milana Pantaleão) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


“É o objeto- livro ... há tanto o que perceber,o que comentar, o que olhar,

o que opinara respeito! ... A começar da capa (se bonita, feia, atraente,

boba, sem nada a ver com a narrativa...), do título – que afinal,

são o primeiro contato que se tem com o volume: o impacto

visual e a curiosidade despertada ou adormecida...”

(FANNY ABRAMOVICH, 1997.)







Livros fazem parte do Dia-a-dia, de nosso contexto, nossa vivência, é parte de nossa vida, mas nem sempre o livro possuiu tal acessibilidade. Os livros não fazem apenas parte de nosso contexto, ele retrata, relata, historiza, informa a atividade humana É uma possibilidade de permutação cultural das espécies.

“Dos instrumentos inventados pelos homens, o mais admirável é o livro porque é a extensão da imaginação e da memória”

JORGE LUIZ BORGES



Livros são recordações por escrito. Na Antigüidade os livros tiveram esse mesmo grau de importância enquanto registro dos caminhos, pensamentos percorridos pelos homens, não podemos identificai-los exatamente como livros, e sim como registros, relatos, porém não tinham essa acessibilidade eram restritos as necessidades comerciais, e aos monges que transcreviam os considerados livros sagrados.



Livro é uma palavra oriunda da palavra latina liber, camada externa da casca de árvores. Os livros nem sempre tiveram o formato atual. Foi durante a idade média que passaram a ter um aspecto parecido ao de hoje, não eram muito difundidos. Com o surgimento da prensa foi que os livros ganharam o formato que conhecemos e puderam se tornar mais acessíveis. Antes, os livros, eram manuscritos, assim haviam poucos exemplares de uma mesma obra. Esses manuscritos são denominados códices, feitos pelos monges copistas.

Atualmente, a maneira de se produzir um livro foi inovado com a tecnologia e o surgimento do cd-rom. Surgem os livros eletrônicos. O mito, que vigorou por muito tempo, de que a informática substituiria o livro, cai por terra. Pois a tecnologia possibilita a facilidade do trabalho e não pode substituir a criação humana, a obra e sim difundi-la com mais afinco.

Mas livro não é só isso, é a grande obra humana, e sendo assim tem importância histórica. Os Romanos em sua conquista após a Invasão de Alexandrina (Antigo Egito) queimaram todo o acervo de livros contido na biblioteca da cidade. Na Europa durante a Inquisição a Igreja Católica queimou em praça publica vários livros considerados contra a fé cristã. Na Segunda guerra mundial, os nazistas queimaram milhões de livros em praça publica. Isso demonstra que os livros podem trazer informações onde os ser humano possa trabalhar sua criticidade, seu pensamento reflexivo, sua opinião sobre os fatos, o que para todos esses três governos a ideologia social não permitia.

Os livros nascem de uma idéia, e para existirem faz-se necessário um criador, denominado autor da obra. Existe uma infinidade de livros, que divulgam os mais variados assuntos. Os livros são compostos por textos e esses podem ser ilustrados (figuras, mapas), escritos, assim podemos ter textos visuais simbólicos, e visuais decodificados. O texto pode enforcar: fatos (histórico, político, geográfico); Informações; Histórias e Estórias.

Nesse estudo, o que é considerado relevante são os livros de Historias inventadas, a nossa Literatura, Literatura Infantil e sua contribuição. Mas o que é literatura?

A literatura é recheada pelo universo dos romances, contos, fábulas, lendas. E através dela a criança identifica-se na história, situa-se no mundo.

Recordo-me que quando criança lia muito os contos de fadas, as histórias infantis que mais me agradavam. Minha mãe possuía uma coleção dessas histórias em disco. Ah! Como me intertia ouvindo-as, imaginando cenários, criando mundos, faces, cores, gestos ... viajava, me deliciava com cada som.

Lembro-me também que certa feita, na escolinha de minha mãe, Pássaro Azul, onde eu fazia parte da turma do Jardim II, fomos fazer uma encenação da obra Infantil “BRANCA DE NEVE”. Quando me recordo desse fato me divirto muito. Tinha 4 anos, seria eu Branca de Neve, estávamos encenando o momento em que a Madrasta, caracterizada como uma senhora idosa, leva a maça a Branca de Neve.

Que enorme conflito passei, comecei a chorar e gritar por minha mãe, dizia desesperadamente: “Eu não quero morrer, não vou comer essa maça, eu quero minha mãe.” E dizendo chorava copiosamente. Interessante fato, nem me recordei que mais tarde um lindo Príncipe Encantado me livraria desse fardo e viveríamos felizes para sempre. Pensando melhor até vejo que foi bom não comer essa maça, não desejo me sujeitar à felicidade eterna, já cresci tanto com meus conflitos, um príncipe não poderia trazer-me tanto aprendizado, se é que existem. Nada contra príncipes...

Também com a história infantil a criança cria um mundo todo seu. A história “BRANCA DE NEVE”, me possibilitou esse criação.

Os contos de fadas são histórias infantis interessantes de serem analisadas, em sua maioria, estão impregnadas de idéias, ou melhor, de ideologias. Surgem no séc XIV, época marcada por grandes transformações. A humanidade presencia uma transformação social, onde o cenário político é composto pela descentralização do poder real, a queda do ABSOLUTISMO. A igreja “agora”, dinamiza a sociedade e dita sua ideologia. Os contos de fadas vêem ao encontro da divulgação desse “novo pensamento”.

Essas obras conceituam toda uma moral cristã. Ditam o que é beleza: pode se perceber pela própria imagem do personagem bom e do mal, os personagens mais bonitos são sempre brancos, magros, felizes, bondosos, resignados, fortes, brados, elegantes. Assim cria-se padrões a serem seguidos... Perde-se a identidade.... Criamos nossos espelhos exteriores.

Também não posso dizer que seja só um aspecto negativo, o que deve ser verificado e o foco trabalhado. Tomando ainda de exemplo “BRANCA DE NEVE”, podemos tirar conceitos filosóficos: O fato de a Madrasta ter medo de não ser a mais bela, e o espelho apontar a Beleza de Branca de Neve, pode nós render muitas idéias. Encaro essa mensagem como o medo que temos do novo, de rompermos os velhos conceitos (talvez intencional mediante o conflito histórico). Podemos até mesmo aproveitar toda essa sugestividade ideológica, ideológica e trabalha-la.

Há também o universo das Fábulas, as famosas fábulas de Esopo. Considerado um personagem lendário, há versões que contam sua possível história, o importante de se resgatar em Esopo é sua contribuição para nosso acervo de Fábulas, histórias caracterizadas por uma moral da história, de teor ideológico que dita as morais sociais e reforça o lugar que cada qual tem que ocupar, a função que cada um tem a desempenhar. Sua característica se dá pela presença de animais cujo o comportamento é adaptado ás histórias, para dizer sobre a dinâmica da vida.

O que conhecemos hoje como fábulas de Esopo, são versões de muitos fabulistas, dentre eles destaca-se La Fontaine - a quem Russeau faz enormes críticas – suas fábulas são ironias, onde critica a sociedade, diz-se que “La Fontaine reinventou a fábula”. Foi o introdutor da Fábula na literatura ocidental. Sua abordagem ridiculariza o homem, exacerba o vício:

“Sirvo-me de animais para instruir os homens (...) Procuro tornar o vício ridículo, por não poder atacá-lo com braço de Hércules (...) Algumas vezes oponho, através de uma dupla imagem o vício á virtude, a tolice ao bom senso (...) Uma moral nua provoca o tédio: o conto faz passar o preceito com ele. Nessa espécie de fingimento, é preciso instruir e agregar pois contar por contar, me parece coisa monótona...”

LA FONTAINE



A qual instrução que La Fontaine se refere? Qual sua intenção ideológica aproximando o homem ao animal? Se engrandece o animal, se deplora o homem. Sua fábula é um discurso. Note em “A Cigarra e a Formiga”

“Tendo a cigarra em cantigas

Folgando todo o verão,

Achou-se em penúria extrema

Na tormentosa estação.



Não lhe restando migalha

Que trincasse, a tagarela

Foi valer-se da formiga,

Que morava perto dela.



Rogou-lhe que lhe emprestasse,

Pois tinha riqueza e brio,

Algum grão com quem manter-se

Té voltar o acesso estio.







Esse é o discurso da fábula: o ofício é o que gera dor, sacrifícios, deve-se distanciar do prazer, “depois da tempestade, vem a abonança”, e “quem semeia vento colhe tempestade”. Cada um por si, “querer é poder”.... não bastar ter é preciso conquistar, termos mérito em tudo que conquistado ... “porque um anão acordado mata um gigante a dormir”

FANNY, Literatura Infantil gostosuras e bobices, compreende os contos de fadas, e se maravilha com ele. Informa que “os contos de fadas vivem até hoje...”, sua história é interessante, os contos de fadas foram coletados por alguns autores: Perrault “Contos da Mãe Gança”, composta por obras colhidas nos povoados, histórias populares que foram por ele reelaboradas, algumas até de certa forma alteradas em seu desfecho; Irmãos Jacob e Wilhwlm Grimm, na Alemanha, também tiveram um longa trajeto em suas buscas dos contos do povo, essas obras nunca haviam sido escritas, foram eles que elaboraram sua transcrição misturando sua imaginação com a criação popular; Andersen também compõe esse elenco, sua realidade diverge dos demais, nascido no povo, diz que sua abra tem muito de reflexo de sua infância, principalmente “O patinho feio”.

Os contos de fadas retratam o “folclore dos povos (...) detona a fantasia, ... passam num lugar que é apenas esboçado, fora do limites do tempo e do espaço, mas onde qualquer um pode caminhar (...) as personagens têm que buscar respostas ... para o conflito.

“Os contos de fadas falam de medos ... falam de amor ...falam – e como!- das dificuldades de ser criança ... falam das carências ... falam das autodescobertas ... falam de perdas e buscas ... a fantasia é uma das formas de ler, de perceber, de detalhar, de raciocinar, de sentir ...” FANNY ABRAMOVICH









Os contos de fadas, também exprimem idéias, ideologias, modelos. Portanto devemos buscar em nossa pratica, seja de Alfabetizadora, de historiadora, seja de prazer, compreender contextualizadamente as várias dimensões do objeto, desse nosso objeto Literatura Infantil.



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