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Artigos-->UM MUNDO DE SEDUÇÃO -- 18/10/2002 - 02:33 (Theresa Milana Pantaleão) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
CAPITULO III



UM MUNDO DE SEDUÇÃO







Ler nós possibilita a compreensão do mundo, a interação com outros mundos outros tempos outros espaços, lendo nos informamos, nos conhecemos, compreendemos nossa história, preservamos nossa cultura. A leitura permite a liberação de sentimentos, de idéias, de articulações, de interações ente autor-leitor, uma união de idéias nascida do prazer mutuo de entrega.

Em nosso Brasil, Monteiro Lobato, Ziraldo, Ruth Rocha, são autores que resgatam o prazer da leitura, na literatura infantil. Suas obras preservam “a importância da história”, inovam, pela interação do mundo infantil o “como contar histórias”,. Utilizam o texto em todas possibilidades. Neste trabalho irei dar atenção a Monteiro Lobato.

“Naquele tempo, não haviam tantos brinquedos, eram toscos, feitos de sabugo de milho, chuchu, mamão verde, etc...”

MONTEIRO LOBATO. p984













Monteiro Lobato respeita o mundo da criança e fala para ela sem desprezar sua inteligência, valoriza sua criação.

Através de Emilia Monteiro Lobato diz tudo o que pensa, e fala a sociedade, fala para as crianças, pois elas, despojadas de preconceitos em sem idéias impostas podem pensar e ousar, imaginar, serem livres das amarras e conhecerem o maravilhoso universo da imaginação humana, da imaginação de Monteiro Lobato. Com Visconde de Sabugosa, inaugura a criatividade de não se ter receitas, criticando o sábio academistas, regido por um universo pronto determinado por livros, não que negue esse conhecimento, mas diz as crianças pensem para não serem controlados cegamente. Já Dona Benta é toda essa maturidade criadora, a sabedoria da vida, da experiência, é sua idade não lhe pós estagnada ao tempo distante da possibilidade de aderir a novos conceitos, é o velho repensando o novo.

Sua obra representa a necessidade que via em ser ouvido pelos adultos e ser compreendido em suas idéias inovadoras quanto ao modelo político da sociedade. Tia Nastacia representa o conhecimento empírico, o social, o medo da mudança. Narizinho e Pedrinho São as crianças do futuro a possibilidade de mudança, vivendo por meio de experiências, aprendendo pelo prazer de conhecer e não pela obrigação da formação. E assim o pó de pirlimpimpim continuará a possibilitar a todos um mundo sem fronteiras, sem limites, e sem idéias trancadas.

Para Monteiro Lobato sempre é tempo de refletir, gozar o prazer de viver, “tirar férias de lagarto”, pensar na vida, Filosofar o mundo, explorar as próprias idéias.

Sua literatura é inovadora, movido por um Nacionalismo, que de ufânico nada possuía, resgata a identidade cultural do Brasil. Inovadora pois o seu olhar revela um posicionamento sobre o futuro e direciona, na perspectiva da criança, a construção do conhecimento desse novo mundo de idéias. Não trata a criança como um ser desprovido de inteligência, e fala, a seu nível, sobre os conhecimentos da humanidade, é o encantamento da literatura lobatiana.

Sua obra voltada a criança é extensa, toda ela se passa no Sítio do Picapau Amarelo, onde tudo pode acontecer, e nesse mundo onde o real e o faz de conta se misturam, o conhecimento é o carro chefe. Monteiro Lobato vê a inteligência da criança, lhe concebe como ser histórico social, e construtor na interação com as coisas. A criança para Monteiro Lobato é a criança, potencial criativo, interativo.

Sua obra estimula o leitor a ver a realidade através de conceitos próprios. Apresenta uma interpretação da realidade nacional nos seus aspectos, social, político, econômico, cultural, mas deixa, sempre, espaço para a interlocução com o destinatário. LÍGIA CADERMATORI



Em uma das histórias da Obra Sítio do Picapau Amarelo, Geografia de Dona Benta pode ser percebido como a literatura e o conhecimento estão interligados, e também, como aprender pode ser mais vibrante e delicioso. Nessa história no episódio : O Universo Bailado das Estrelas no Espaço, o conhecimento é abordado de maneira a aproximar-se e não distanciar-se da criança . História onde, Dona Benta, inquirida por Pedrinho narra a história da Geografia. Num diálogo reflexivo com Pedrinho - o prazer de descobrir e a experiência – falam quanto a lei da gravidade: “A matéria atrai a matéria na razão direta das massas e na razão inversa do quadrado das distâncias”. Ouvindo essa afirmativa Pedrinho fica intrigado, inquietou-se e em sua ânsia de descoberta, põe-se a analisar com Dona Benta a questão.

A seguir reproduzo literalmente o interessante diálogo:





“A matéria atrai a matéria na razão direta das massas e na razão inversa do quadrado das distâncias”

- Fiquei na mesma! – gritou Pedrinho

- Pois não será difícil compreender, se formos por partes. Diz a lei que a matéria atrai a matéria. Matéria é tudo quanto ocupa lugar no espaço. Você ocupa lugar no espaço; logo você é matéria. Os astros ocupam lugar no espaço; logo os astros são matéria; logo Emília é matéria.

A boneca rebolou-se toda, orgulhosa de ocupar lugar no espaço.

- Mas o espaço é infinito – Continuou Dona Benta – isto é, não tem fim; de modo que os astros, por maiores que sejam, não passam de pontinhos ocupando lugarezinhos no espaço infinito. Esses pontinhos, a partículas de matéria, atraem-se ou puxam-se uns aos outros.

- Já sei – disse Pedrinho – Um puxa o outro como o imã puxa o ferro. O ímã que atraí o ferro é a matéria ímã atraindo a matéria ferro. Continue Vovô.

- Muito bem. A matéria atrai a matéria, mas de que modo? De dois modos. Primeiro, na razão direta das massas...

- Não entendo essa tal razão direta – disse a menina

- Muito simples. Quer dizer que quanto maior for um astro, tanto mais atrai outro. Se é pequeno, atrai pouco; se é grande, atrai muito. Se um astro é o dobro do outro, atrai o dobro do que atrairia se fosse do mesmo tamanho. Entendeu?

- Parece que sim – respondeu Narizinho – Continue.

Dona Benta Continuou:

- Segundo modo: na razão inversa do quadrado das distancias. Quer dizer que quanto mais longe um astro está de outro, menos o atrai.

- Sei. Como a distancia vai perdendo a força. Isso é lógico. Se o ferro está a um quilômetro do ímã, por Força que é menos atraído do que se estivesse a um metro. Mas esse quadrado ai no meio? Que é?

- Significa que se o ferro está a cinco quilômetros do ímã é atraído vinte e cindo vezes menos do que se estivesse a um quilômetro, porque o quadrado de cinco e vinte e cinco. Quadrado de um número que dizer esse número multiplicado por si mesmo.

- Compreendi. Continue, vovó.

- Já acabou. É isso só. Um astro atrai o outro conforme o tamanho e conforme a distância em que está do outro. Quanto maior for o astro, mais atrai, e quanto mais longe estiver, menos atrai. A Lei da Gravitação é isso.

- Ora, ora! – exclamou Pedrinho. – Tão claro e simples, e eu pensei que fosse um bicho de sete cabeças. Só, só, só isso?

- Só isso meu filho. Todas as coisas da ciência são simples quanto a entendemos.





Assim não significa que eles viveram felizes para sempre, e sim que estão vivendo, pois viver é construir novos horizontes. A maioria das histórias infantis, principalmente os contos de fadas, buscam idealizar a felicidade de todos no final da história, o que nas obras de Monteiro Lobato não se faz necessário, pois viver, seja os conflitos ou as realizações, e rechear-se de experiências, é muito mais contemplativo, do que a felicidade eterna, pois conhecer significa inquietude, sempre se está descobrindo, desbravando.

Construir na Educação é permitir a reflexão, pois a maneira com que colocamos as idéias e que pode distanciar ou aproximar-nos do conhecimento. Se o conteúdo for próximo da realidade ou interesse do Educando, mais ele ficará atraído por ele, e quanto maior for o prazer, o interesse em desvendar, de internalizar e descobri a vastidão do saber, melhor se dará essa relação atrativa, assim parodiando ISAAC NEWTON: A Educação atrai o Educando na razão direta do prazer e na razão inversa do quadrado das distancias.

Monteiro Lobato, atrai a criança, pois sua obra fala de encontro a sua curiosidade natural, e lhe auxilia na aproximação de seu conhecimento, fazendo conexões do percebido com o conhecimento cientifico, Pedrinho e Narizinho, em sua obra, representam das crianças do futuro, pois as crianças são as promissoras dessa nova sociedade que passa do campo para a cidade, e tantas outras mudanças presentes no momento de sua vida e obra. Um aspecto interessante, pois hoje vivemos no mundo do conhecimento, onde desmistifica-se a ciência, o grande lema e conhecer, assim na Obra Sítio do Picapau Amarelo que circunda o mundo do conhecimento, também nossa sociedade também pressupõe a interação com o conhecimento.

Mas para conhecer é preciso aproximar o objeto do sujeito. Se pretendemos que os educandos conheçam nossa história, aprender a matemática, que se comuniquem com o uso da Língua Portuguesa, utilizando a literatura infantil, se nossa proposta é alfabetizar contando histórias, não podemos nos alicerçar por qualquer história.

É preciso seduzir o leitor para que o mesmo deixe de ser regido pelo imperativo: Ler, simplesmente ler como ato punitivo, obrigatório, não permite a interação com o encantamento, a descoberta. Fanny Abramovich (Literatura Infantil – gostosuras e bobices) descreve essa necessidade, onde, é importante respeitar a necessidade, o ritmo, a querencia de cada criança-leitora. Portanto é importante termos a consciência critica frente a função que damos a leitura.

Ler é mais que um imperativo. Deve ser impulsionado pela vontade de descobrir, de conhecer, e esse caminho é percorrido, desde a capa até seu desfecho. Na mesma obra citada anteriormente, Fanny nos emociona ao narrar esse maravilhoso contato espontâneo do leitor com o livro:

É o objeto-livro ... há tanto o que perceber, o que comentar, o que olhar, o que opinar a respeito. (p 144,2001)



Nesse contato, onde vão se aguçando as percepções, inquietações, emoções do leitor, este vai se deparando com seu potencial crítico, reflexivo, interativo. Isto é aprender, é crescer, é filosofar, é se permitir criar. Assim o bom leitor não é aquele que lê, mas sim, aquele que consegue ir além do imperativo: Ler.

Quando o educador torna o ato de ler apenas um pré-texto, onde justifica seu uso pelo emprego da gramática, desejando que o educando apenas responda o questionário organizado pela editora do livro, quanto o educador assim age, o que ele está fazendo?

Estilhaça-se um história, não se aprofunda uma idéia ... Ao invés de trabalhar sempre com seu espirito critico, de faze-la pensar sobre o lido, se espantar com o maravilhoso ou se irritar com a bobice ... Com as emoções que ela provocou, com as sensações que ela mobilizou, com o alívio sentido, com a alegria ou tristeza que desencadeou, com os horizontes que abriu ou com as portas que fechou...

FANNY ABRAMOVICH, 2001, 142

Educadores, leitura não é um artifício. Literatura infantil, é um mar de idéias direcionadas as crianças. E se pretendemos utilizarmos as obras literárias voltadas ao publico infantil em nossa prática alfabetizadora temos que ter consciência de toda sua dimensão, e uma perspectiva de suas possibilidades



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