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SONHO PLANTADO NA TERRA
Apenas bobagens de Zeca, pensava a mãe quando o ouvia falar em largar a terra firme donde sempre viveu, pegar um barco e correr as águas desse mundo.
O que haveria de ter dentre tanto sal? Repetia ele, dia após dia.
Seus pais, nascidos daquele pó, lamuriavam.
No entanto, Zeca continuava com a obstinação.
Já era mania, desde menino, quando fazia desenhos de barcos no chão batido sob a sombra da paineira.
Chegou até a esculpir um no tronco derrubado pelo vendaval. Ficou bonito, o trabalho.
Um dia, partiu. Partiu assim, como quem se despede de alguém para rever amanhã.
Heleida Nobrega Metello |