ALMA CIGANA
Heleida Nobrega, 2005
Num campo distante da cidade grande, Carmem, cigana, sonhava como outra jovem qualquer. Infelizmente, sua aspiração derivava de costumes não apropriados aos que descendiam os seus.
A sensação de liberdade, a cada instante, transpassava seu olhar nas ruas movimentadas daquela metrópole. Um dia-a-dia que não podia ser seu!
Nômade e misterioso, o povo cigano aventura-se a manter as tradições do seu povo a qualquer custo, inclusive, a filha virgem somente terá voz dentro de casa, após casar-se. Ainda assim, tem a obrigação de submeter-se aos caprichos da sogra.
Doce liberdade, dizia ela para si mesma, enquanto circulava pelas ruas com sua mãe. Correntes e pulseiras de ouro pesavam-lhe sobre o corpo: uma pele a disfarçar o temperamento imperioso.
A música e a dança, estas, de fato, significavam seu melhor alimento e ao primeiro som, o calor costumava insurgir alforriado em meio a pulsação desse coração inquieto.
Nos passos sonoros da arte, seu espírito manifestava veementemente aos céus, a querença do alvedrio.
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