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Cronicas-->Nunca adeus a Hiroshima e Nagasaki, nunca mesmo. -- 07/08/2004 - 00:06 (Martha Rocha) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
PENSEM NAS CRIANÇAS MUDAS TELEPÁTICAS...

Quando eu ouvi esta música pela primeira vez, tive a nítida sensação de estar totalmente errada em tudo, e eu era uma mocinha bobinha, que adorava Secos&Molhados e um cantor fantástico chamado Ney Matogrosso.
Pois veio junto a necessidade de saber mais sobre o Japão, a Grande(?) Segunda Guerra Mundial, onde meu pai foi pracinha, e esteve tão perto de tudo... O chamado TEATRO DE OPERAÇÕES DA ITÁLIA. E também nunca esqueci que neste lugar ele sofreu um congelamento nas extremidades que mais tarde prejudicou tanto sua saúde a ponto de afetar seu coração e o tirar de nós aos 46 anos.
Saber de Hiroshima e Nagasaki, entender quem fora Enola Gay, e porque aquilo tudo acontecera. Entender como um cientista brilhante ou um grupo como eles se autodenominavam, tinham tido coragem para criar um monstro que transformava tudo em feridas, que arrasava tudo por muitos e muitos anos, que radiativamente falando: empestava não só os corpos, mas as mentes, os ares, as águas, o solo. A VIDA TODA.
Teatro, para mim passou a ser sinónimo de mortes e perdas, e não era assim que funcionava a coisa. Teatro é vida, revivida, recriada, fantasiada ou ão, mas lugar de vida e beleza dos talentos que nele trabalham.
Mas eu também não sabia nada.
E ouvia histórias que meu pai não contava quando ainda estava entre nós, porque segundo o relato de minha mamãe, ele tinha tanto horror daquilo tudo que ao deitar para dormir deixava luzes acesas para enfrentar melhor a lembrança de horror da guerra que ele presenciara. Hoje sei que não foi só a guerra, foram os amigos mortos ou mutilados em combate pela DEMOCRACIA MUNDIAL.
Tanto faz ali na Europa, quanto o lá no Extremo Oriente, foi um divisor de águas no sentido de material bélico criado somente para destruição, experiências e testes de novos modos de aniquilação, só mudou o endereço, o resultado foi idêntico. Mortes, destruição, saques, desrespeito à dignidade humana em todas as suas formas mais vis.
Lembro de um tempo, em que não se falava em guerras com crianças, não era bom...Traumatizava-nos.
Trauma sofreu quem era criança em Hiroshima e Nagasaki, que viu com seus olhos inocentes uma pessoa ser carbonizada, restar cinzas e um vulto na parede, ou no solo queimado igualmente, sem chances de fecundidade.
E a gente aqui, deste lado do mundo, fora do alcance da radiação, nem sabíamos e poucos souberam que aqueles sobreviventes carregam ainda em seus DNAS, resquícios de mutações genéticas que nem são relatados, ou que foram relatados e tratados como era possível, ou nem puderam ser tratados tal a extensão do estrago.
Mulheres abortaram por causa da insanidade do homem em ter o poder maior, homens ficaram impotentes e cegos, mutilados, e crianças, bom, para falar a verdade, eu ainda choro quando lembro das fotos que pude ter acesso. Tanta dor em olhares perdidos, desamparados, e quase vazios de sanidade e esperança, fé ou seja lá o que as moveria naqueles instantes.
E eu pensava nas crianças mudas telepáticas, e tentava imaginar porque telepáticas, porque mudas?
Uma pergunta que me torturava, mas que teria a resposta um dia quando na faculdade de Educação Física, cruzei com uma obra sobre as bombas despejadas no Japão pelos norte-americanos, bem apoiados pelo resto da humanidade, que concordava com o "castigo" aos japoneses por terem atacado Pearl Harbor.
A minha resposta se fez na ciência: mudas pelo medo e no trauma subsequente de quem não sabia o que era aquilo tudo; telepáticas porque somente a força da mente poderia guardar tanto sofrimento e não gritar, apenas olhar, vagamente sem nenhum objetivo.
Hoje, me pergunto ainda: foi necessário? E respondo: NÃAO, não era necessário, nem seria necessário. A humanidade pagou um alto preço em vidas e em sua trajetória espiritual planetária. Todos nós, mesmo aqueles que nem eram nascidos na época, somos responsáveis pelo desfecho. Pois estamos vivendo aqui também, agora, e cruzamos nossos braços muitas vezes, não diante de uma nova Hiroshima e uma nova Nagasaki, mas vivenciamos e nos omitimos diante de todas as manobras que são feitas para se dizer que só um lado do planeta é certo, sabe tudo e tem capacidade pensante.
Eu hoje penso nas crianças mudas telepáticas que o poema descreve tão bem, porque elas sofreram a mais traumática experiência do ser humano: ver a morte, sentir a morte, cheirar a morte e... Sobreviver.
E não poder chorar, ou gritar por socorro, ou ter um colo para se proteger. E descobrir tardiamente que suas vidas seriam abreviadas exatamente por tudo isso.
Ainda me pergunto quando vejo reportagens e documentários sobre o assunto, que mostram os sinos sendo tocados e a contrição e tristeza que se molda nos rostos de quem sabe que aquilo foi o começo de algo bem maior, eu me pergunto sim, como um cara coloca o nome da própria mãe num avião que vai disseminar a morte? Isso eu nunca entendi, e acho que ENOLA GAY também não, porque mãe alguma gostaria de ter seu nome associado a isso. Ou teria? Não creio mesmo.
Hoje eu penso mais NAS FERIDAS COMO ROSAS CÁLIDAS, pois a figura de linguagem tão bem escolhida pelo poeta traduz exatamente o sentimento de impotência que nos absorve e condena muitas vezes. As rosas cálidas nunca fecharam, podem até ter cicatrizado, mas continuaram a roer internamente o pensamento daquelas crianças numa única questão: PORQUE NÓS? PORQUE NÓS?
Juro por DEUS, que eu amo e respeito acima de qualquer coisa, que ainda hoje não encontro respostas para tanta insanidade junta, e que reunida sob a pretensa bandeira da democracia (?), tenha gerado impunemente uma forma tão desastrosa de marcar sua passagem pelo Planeta Terra. ARRASANDO TUDO sem dó nem piedade.
O melhor mesmo é não esquecermos Hiroshima e Nagasaki, e não esquecermos nunca quem foram seus "HERÓS".
Peço a Deus que em todas as suas formas manifestadas em todas as religiões ou seitas, pelo mundo afora, consiga colocar nas cabeças dos dirigentes das nações deste planeta que o mais importante é a PAZ, a cura das doenças e a inexistência de fome e miséria.
Que assim seja, com amor e luz a todos nós.

PARA CADA UMA DAQUELAS PESSOAS QUE OLHARAM O CÉU LíMPIDO DAQUELAS MANHÃS JAPONESAS, QUERO QUE SAIBAM QUE EU TAMBÉM SOFRO TODA A VEZ QUE OUÇO O SINO DA PAZ TOCAR... CHORANDO A DOR DE TODOS VOCÊS. PERDOEM-NOS, COMO DISSE JESUS: ELES NÃO SABIAM O QUE ESTAVAM FAZENDO, COM CERTEZA.
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