Num país em que pessoas, muitas vezes normais e insignificantes, viram estrelas de um dia para o outro, talvez não seja novidade o fato de que a história de um famoso seqüestrador esteja sendo publicada em livro.
Para ficar por dentro do assunto abordado por mim neste artigo, confira um trecho da informação publicada pela Folha de São Paulo neste domingo (20 de outubro de 2002):
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Uma biografia lançada este mês retrata a vida de Fernando Dutra Pinto, o rapaz que planejou o sequestro de Patrícia Abravanel e surpreendeu a todos ao voltar à casa da vítima e fazer seu pai- o empresário e apresentador Silvio Santos- como refém por aproximadamente sete horas.
A história virou livro na "voz" do próprio Fernando.
Fascinado pela ousadia do criminoso, o jornalista Elias Awad conseguiu autorização para fazer a biografia e entrar no CDP (Centro de Detenção Provisória) do Belém, zona leste de São Paulo, para registrar as conversas com Fernando.
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Perceba que, na parte final, a reportagem diz que o jornalista Elias Awad ficou fascinado pela ousadia de Fernando Dutra Pinto. Essa admiração do repórter pelo criminoso não deve, em hipótese alguma, ser tomada como exemplo pela sociedade brasileira. Afinal, não se pode criar fantasias e fazer com que, numa história real, o bandido seja encarado como o mocinho. .
É preciso que o devido cuidado seja tomado pela mídia e pela população. Caso contrário, num futuro bem próximo, as crianças se espelharão neste tipo de personagem para driblar os problemas sociais do nosso país. Pensarão que se agirem como agiu o seqüestrador de Silvio Santos, serão grandes heróis, exaltados pela mídia, e com suas vidas narradas em livros publicados por todo o país. Podem até estarem certas nesse ponto, mas ainda assim não passarão de infelizes criminosos, que escolheram o caminho errado e acabaram mortos ou presos, vítimas de seus próprios erros e ações. Ou seja, não passarão de "Fernandos" Dutra Pinto.