Usina de Letras
Usina de Letras
152 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62220 )

Cartas ( 21334)

Contos (13263)

Cordel (10450)

Cronicas (22535)

Discursos (3238)

Ensaios - (10363)

Erótico (13569)

Frases (50616)

Humor (20031)

Infantil (5431)

Infanto Juvenil (4767)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140801)

Redação (3305)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6189)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Cronicas-->Beija-flor -- 14/08/2004 - 05:34 (GÉBER ROMANO ACCIOLY , o Autêntico) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Beija-Flor


Morava no "centro" da cidade e zoófilo como sou, tinha pendurado, na janela do apartamento onde morava, no segundo andar de um prédio, na rua do Sossego, na Boa Vista, Recife, um bebedouro para beija-flores.
Aos primeiros raios do Sol e a boquinha da noite beija-flores davam seu show e muitos moradores vizinhos e alguns transeuntes costumeiros paravam para contemplá-lo.
Além de beija-flores frequentavam o bebedouro "cibites" e até pardais.

Um dia qualquer chego à janela, em uma hora qualquer, e noto um beija-flor pousado em um raminho de um oitizeiro que ficava bem em frente a minha janela. Diferentemente dos outros que pousavam em raminhos aguardando a vez de dar sua bebidinha aquele estava encorujado, quetinho e com o biquinho entreaberto.

Chamando a minha mulher começamos a observá-lo e é bem provável que pelo meu pensamento devem ter passado hipóteses mil.
Preguiça? Doença? Idade avançada? Defeito congênito?
Descartei logo o defeito congênito, pois na Natureza somente os fortes sobrevivem.
Preguiça eu creio que não, pois nós, os humanos, temos este hábito salutar, mas as aves...
Idade avançada até que poderia ser mas...
Doença! Por certo somente poderia estar doente.
Pude notar que ele demonstrava estar enfraquecido, pois de vez em quanto fechava os olhinhos como quem cochila e a cabecinha pendia ora para frente, ora para trás.

Fui bem de mansinho me aproximando dele com o maior cuidado possível e quando já estava perto o suficiente qual serpente eu dei um bote e o agarrei com a mão direita. Debateu-se um pouco, mas logo se quedou aconchegado.
Examinando-o pude notar que algo impedia que ele fechasse o biquinho e olhando com mais cuidado vi uma abelha arapuá quase em sua garganta, já morta, mas firmemente presa.
Entrando em casa apanhei uma pinça e retirei, aos pedaços, a abelha. Depois da "cirurgia" com um conta-gotas dei para ele um pouco de água e fui até a janela para soltá-lo.
Fui abrindo a mão bem devagar e ele não fez o menor esforço para libertar-se. Com a mão totalmente aberta e o beija-flor no centro da palma, quetinho, passou-me a idéia que minha "boa ação" tinha sido em vão.
Aproximando a mão de meu rosto para observá-lo mais de perto, como um raiozinho, voou em direção do bebedouro, sorveu uns bons goles, e voando de volta pousou no raminho em que estivera, antes da captura, me ignorando por completo. Demorou alguns instantes e depois voou para longe.

A partir daquele dia sempre que um beija-flor pousava em aquele raminho eu achava que era ele e por incrível que pareça era o que estava ali pousado de quem mais me aproximava. Permaneci com esta impressão durante um certo tempo até que esqueci.

Agora, muitos anos se passaram, e somente agora, já anoso, é que vejo quão inusitado foi aquele "encontro" e se realmente o Budismo estiver correto, para o Inferno, eu não irei.



Comente este texto. CLIQUE AQUI
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui