(adaptação de texto, autor não identificado)
Há muitos e muitos anos existiu num país distante, talvez até num outro planeta, um sujeito que conseguiu viver amorosamente por todo o período de sua vida.
No dia em que morreu, o comentário geral era de que as portas do céu estariam abertas para um homem tão bondoso quanto ele.
Finalmente, ele iria para o tão decantado Paraíso.
Contudo, nem todos sabiam, que ir para o céu não era tão importante para aquele homem. Mas mesmo assim, foi exatamente lá que ele se viu, após a passagem pelo túnel da luz.
Contam, aliás, que justamente naquela época, o céu andava um tanto quanto desorganizado. Não havia ainda passado por um programa de qualidade total.
E como em qualquer lugar, tudo começa pela recepção... o que aconteceu em seguida foi muito diferente do que imaginara.
A moça que o recebeu, perdida em meio a tantos papéis e telefonemas, sequer olhou em seus olhos, sorriu e/ ou manifestou uma gota de boa vontade. De forma desatenta, deu uma olhada rápida nas fichas que rolavam por cima do balcão e, não identificando o seu nome na lista, orientou que ele seguisse em direção a rampa que o levaria ao Inferno.
E no Inferno, você sabe como é. Tudo é exageradamente fácil. Não existe lista, crachá ou outra coisa semelhante. Qualquer um que chega é logo convidado a entrar.
E foi dessa forma que o sujeito amoroso entrou no Inferno. E foi lá que ele foi ficando, ficando, sem nunca reclamar...
No entanto, passado alguns dias, que não foram tantos assim... Lúcifer chega furioso às portas do Paraíso para tomar satisfações com São Pedro:
- Isso não se faz! Nós temos um acordo que fizemos debaixo da macieira, no início dos tempos, quando os homens talvez não devessem ter saído da forma do barro. Mas uma vez que o SOPRO lhes deu vida...
O que eu quero dizer, é que depois de tanto tempo, não imaginei que um dia você pudesse ser capaz de uma atitude como essa. O que você está fazendo é puro terrorismo!
Surpreso, sem saber o motivo de tanta raiva, São Pedro perguntou-lhe do que se tratava.
Transtornado, fora de si pela raiva, Lúcifer desabafou:
- Você mandou aquele sujeito para o Inferno e ele está fazendo a maior bagunça por lá. Ele chegou sem exigir nada. E o que é mais estranho, olha nos olhos das pessoas quando fala e sempre de forma educada. Escuta todas as lamúrias e não se aborrece nunca. Conversa com todos sem distinção e parece estar sempre de bem com a vida, pois não deixa de sorrir . Parece estar atento a tudo e a todos, o tempo todo... Nada mais irritante!
E o que é pior: toca as pessoas e não as queima. Isso é um verdadeiro INFERNO, Pedro. Você tem que tirá-lo de lá agora. Traga-o imediatamente de volta para o CÉU!
MORAL DA HISTÓRIA
Em qualquer lugar, o COMO é que vai garantir a qualidade do que fazemos, porque fazemos e para quem fazemos.
* utilizado em reuniões de sensibilização (acolhimento e humanização) para profissionais da área da saúde, maio de 2006
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