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Poesias-->A CHUVA E O DEPOIS -- 24/09/2007 - 19:31 (ALFREDO ROSSETTI) |
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Tomado de surpresa o raio
ilumina o susto da noite aguaceira.
Frutifica o isolamento e o amor pelo mundo lar,
que se efetiva como o casulo das noites
que não se argentinam
na ausência do suor ecoado
pelo dia em que se luta contra o vazio
da alma talhada para despejo
do corpo-cela e paixão.
Pela mundana troca de cores
a arregimentar desejos que brotam
a cada íntimo do ser sem trato.
Nasce abrupto, nasce valente,
nasce nascente de próximo
que explodirá mil próximos
e decretará a roda
e o pomar de todas as essências ocultas,
pedintes de vir ao sol bulir
com os raios da manhã em cio.
A formiga passa pela pedra.
O dia começa a passar pela espreita
do mundo sobre os homens.
Os olhos não passam. Assistem
transeuntes austeros a valorizar
cada pedaço de um dia igual
a cada pedaço de outro dia igual.
A formiga nem sabe dos olhos,
mas pela pedra escapa da angústia
e sem descanso, revitaliza seu caminho.
Meus passos tortos sem caminhos
relembram a chuva da memória,
espelho da vida que alterna
em lembranças e culpas e arrependimentos
e sortes e dados e cuidados.
O sonho oportuno é um domingo
cheio de nada, vazio de tentativas,
obliterado cantil, ócio de alma,
de pardais febris a ocupar os sóis
que devemos, de seres que somos,
nem respirar nem dar-lhe soberba,
visto que a sombra socorre
e varre tudo
que a calmaria possa transfigurar como amor,
sem tenção se elevar,
mas figuração apenas.
Ou ávido desejo do poeta.
Apenas ser, neste sonho, um vaso de flor.
Canto de vida até o soar de trombetas,
alucinando um despertar,
que há de se avizinhar
ao embate com a chuva
ou com a formiga.
17/03/2007
www.alfredorossetti.com.br |
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