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Contos-->PACIENTE 127 -- 11/11/2006 - 17:05 (Heleida Nobrega Metello) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Sua mãe refere-se a ele no passado. Como se tivesse deixado de existir. Sua avó, a olhos vistos, demonstra alívio. E ambas relatam que a vida foi-lhe subtraindo aos poucos suas prendas mais preciosas: seu jeito delicado de lidar com tudo e todos, sua identidade, suas amizades, sua própria família, seu tempo, seu espaço. E acrescentam o quão difícil era conviver com essa ‘outra pessoa’ dentro da mesma casa.

Eu não tinha esse sentimento. Para mim, continuava sendo o meu avô querido.

Os médicos afirmavam: “ele tirou os pés do chão” definitivamente. “Este não é mais o seu mundo. Não é mais a sua realidade.”

Lá está ele sentado sob a sombra da figueira. Eu costumo visitá–lo a cada quinze dias. Aos poucos... foi saindo de minha vida. E as indicações sinalizavam o ‘para sempre’.

Amava intensamente os momentos em sua companhia, quando caminhávamos sob o céu estrelado. Cada qual tinha a sua própria estrela e cada uma delas, a sua própria história. E cada uma cintilava diferente da outra. Ainda as vejo assim, com os olhos dele.

Agora, observando-o tão só, assalta-me, vez ou outra, uma vontade imensa de levá-lo de volta para casa.

Não me reconhece, não sabe mais meu nome, no entanto, após minha chegada e abraço afetuoso apreendo certo brilho em seu olhar. Fala pouco durante as visitas. Acena com freqüência de forma negativa. Talvez tenha seus motivos. Ninguém nunca demonstrou interesse em suas histórias. Não houve árvores e ouvidos disponíveis. Tampouco, sol.

Sua aparência, agora é tranqüila. Não se importa de não ter mais nome. Na clínica, ele é tão-somente, o paciente 127.
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