AS DUAS ÁRVORES
alice de toledo
Prestem bem atenção
Ao fato que vou narrar
Usaremos a razão
E vamos analisar
Á margem de longa estrada
Duas árvores se erguiam
Uma, de fronde cerrada
Outra, nem folhas se viam
Na terra fértil medravam
Respirando o mesmo ar
Sempre, sempre conversavam
E, uma quis desabafar:
-Nascemos no mesmo chão
E creio, da mesma essência
Sou eu a retratação
Do contraste da existência?
Vejo os pássaros chegando
Em seus galhos a pousar
Mas eu só fico escutando
O que eles vão cantar.
-Não, companheira, nós temos
Esse ar puro pra respirar
Livres, desde que nascemos
Úteis, a quem precisar.
Não culpe nossa existência
Porque será desatino,
Se analisarmos a essência.
-A culpa está no Destino.
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