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Contos-->Bem-vindo! -- 17/11/2006 - 11:26 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Bem-vindo!

Fernando Zocca

“Aos alunos da Faculdade de Sociologia da Universidade Federal de Tupinambicas das Linhas desejamos bom início de ano letivo. Sejam bem-vindos e tenham todos muita boa sorte”. (Frase grafada na lousa da sala de aula).


Van Grogue sentia-se esquisito pra caramba. Nunca estivera num ambiente semelhante àquele. Era tudo novo e diferente. O pessoal que estava ali divergia em tudo daquela gente com a qual ele estava acostumado a lidar no dia-a-dia.
De repente adentrou a sala um sujeito alto, já de meia idade; vestia terno preto, camisa branca, gravata azul e sapatos pretos reluzentes; parecia um estadista, presidente ou governador. Tinha os cabelos grisalhos e, quando depositou o livro sobre a mesa foi logo dizendo contra a bagunça: “Assim não dá, assim não pode! Vamos fazer silencio!”
Grogue percebeu que a turba acalmou-se e viu que aquele sujeito parecia ser o professor. Era o primeiro da noite e ministraria aulas de sociologia durante o primeiro semestre.
Van entäo ouviu: “Meu nome é Sérgio Serra, sou professor de sociologia e estaremos juntos durante os próximos seis meses. Nossa aula de hoje versará sobre um momento bastante marcante da história brasileira. Nós refletiremos alguns momentos sobre a escravidão fazendo uma leitura tênue de um livro básico sobre o assunto. Trata-se da obra de Gilberto Freire denominado Casa-Grande & Senzala. Vamos lá.
O mestre percebeu que os alunos todos se aquietaram nos assentos e, receptivos atentaram para a leitura.
Grogue pode então ouvir o que lia o doutor: “... Mas o grosso das crenças e práticas da magia sexual que se desenvolveram no Brasil foram coloridas pelo intenso misticismo do negro; algumas trazidas por ele da África, outras africanas apenas na técnica, senvindo-se de bichos e ervas indígenas. Nenhuma mais característica que a feitiçaria do sapo para apressar a realização de casamentos demorados. O sapo tornou-se também na magia sexual afro-brasileira o protetor da mulher infiel que, para enganar o marido, basta tomar uma agulha enfiada em retrós verde, fazer com ela uma cruz no rosto do individuo adormecido e coser depois os olhos do sapo. Por outro lado, para conservar o amante sob seu jugo precisa apenas a mulher de viver com um sapo debaixo da cama, dentro de uma panela. Neste caso, um sapo ainda vivo e alimentado a leite de vaca. Ainda se emprega no Brasil o sapo, na magia sexual ou no feitiço cosendo-se-lhe a boca depois de cheia de restos de comida deixada pela vítima. Outros animais ligados à magia sexual afro-brasileira são o morcego, a cobra, a coruja, a galinha, o pombo, o coelho, o cágado. Ervas, várias – umas indígenas, outras trazidas da África pelos negros. Algumas tão violentas diz Manoel Querino, que produzem tonturas, apenas trituradas com as mãos. Outras que se bebem, se mascam, ou se fumam, tragando como maconha. Até o caranguejo é instrumento de magia sexual: preparado com três ou sete pimentas-da-costa e atirado ao solo produz desarranjos no lar doméstico.”
“Não devemos esquecer o papel importante que chegou a representar o café na magia sexual afro-brasileira. Há mesmo no Brasil a expressão ‘café mandingueiro”. Trata-se de um café com mandinga dentro: muito açúcar e alguns coágulos de fluxo catamenial da própria enfeitiçante´. Antes filtro amoroso que mandinga. Mas um filtro amoroso como não se pode imaginar outro mais brasileiro: café bem forte, muito açúcar sangue de mulata. Há outra técnica: a de coar-se o café na fralda de uma camisa com que tenha dormido a mulher pelo menos duas noites consecutivas. Este café deve ser bebido pelo homem duas vezes, uma no almoço, outra no jantar. Aliás a fralda suja de camisa de mulher entra na composição de muita mandinga de amor; como entram outras cousas nojentas. Pêlos de sovaco ou das partes genitais. Suor. Lágrimas. Saliva. Sangue. Aparas de unhas. Esperma. Alfredo de Carvalho menciona ainda: o muco catamenial, excreto das glândulas de Bertholin e até mesmo dejeções. De posse de qualquer destas substâncias, o catimbozeiro, mandingueiro ou macumbeiro diz que abranda o coração das pessoas mais esquivas.”
Quando todos da classe mostravam-se enlevados e absortos com os ensinamentos soou o sinal.
Dizendo: “Muito bem, na semana que vem prosseguiremos” saiu da sala o professor que lembrava um lorde inglês, um presidente.
Logo depois da saída do mestre entrou na classe um bedel e foi logo avisando: “Ai pessoal! Vocês devem passar agora na tesouraria para pegar os carnes das mensalidades. Não podem atrasar o pagamento. Por hoje é só. Os demais professores não vieram Estão todos dispensados.”


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